Capítulo 52

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Mirella

- Eu vou surtar sim, e vocês vão ter que me aguentar -  me joguei no sofá, logo trazendo uma almofada ao meu rosto para abafar um grito que soltei - Que ódio.

- Alem dos palcos, faz shows em casa também? - Kadu perguntou e revidei jogando a almofada nele - Calma pocoyo.

- É Mi, você tá surtando a toa - Carol disse me fazendo revirar os olhos para ela - Menti?

- Estão falando isso por que não são vocês que vão casar - respondi bufando. Não que o casamento era um problema, por deus eu vou casar com a mulher da minha vida. O problema é que a sala estava cheia de papéis amassados espalhados pelo chão - Gente, eu não estou conseguindo escrever meus votos, o casamento tá bem aí e eu não consigo escrever nada.

- It's our party we can say what we want - Dudu cantou bem devagar, dando ênfase ao final. Não era assim, eu não ia dizer qualquer coisa. Ultimamente ela tem sido tão romântica comigo, tá ultrapassando os níveis de gadice e tá quase miando quando me ver.

Não que eu seja indiferente, por que é tudo recíproco.

Nunca foi tão difícil falar sobre meus sentimentos por ela, mas ao mesmo tempo é tão óbvio, como se estivesse estampado em minha cara tudo o que eu sinto por e o tanto de amor que há entre a gente. Quero escrever algo bacana, algo romântico, clichê, que faça ela chorar ao me ouvir dizer cada palavra.

- Canta pra ela - Carol falou e automaticamente fiz uma careta. Isso nem é uma possibilidade.

- Você compõe, por que não escreve algo pensando nela? - Dudu disse - Talvez seja mais fácil, não precisa ser um textao, sabe?

- Gays, eu não estou conseguindo escrever - me sentei no sofá os encarando - Nada, absolutamente nada. Nem com ou sem melodia. E tem mais, compôr funk é algo "fácil" - fiz aspas com os dedos - Falar de amor é mais difícil, saca?

- Olha, eu preciso trabalhar - Carol disse vindo até mim depositar um beijo em minha testa - Amiga, é a Stéfani, a mulher que te ama, a mulher que você ama, a sua Teté, lembra? Deixa de surto e ouve o que o seu coraçãozinho tem pra falar.

- Eu já disse isso, mas ela não me ouve - Dudu disse e eu revirei os olhos. Sorri e dei tchauzinho com a mão para Carol quando a vi se despedir de Kadu antes de ir embora.

- Bora terminar de assistir dickinson? - perguntei a ele que logo se sentou ao meu lado empolgado e com o controle na mão.

- Vamos distrair essa sua cabecinha, quem sabe Emily e suas poesias não te inspiram? - me disse sorrindo de lado. Eu nem prestei atenção na série por que logo no início meu celular notificou novas mensagens, e pelo toque diferenciado era a minha gatinha.

Sim gente, ela tem notificações personalizadas. É o som de uma gatinha miando.

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