Capítulo 2

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CAPÍTULO 2

- Droga, droga, droga – Stéfani resmungava enquanto esmurrava o volante do carro – Merda de trânsito.

- Té, calma – Raissa dizia ao telefone – Você ta dirigindo. Vai dar tempo relaxa.

- Eu vou acabar me atrasando amiga – falou respirando fundo – Vou acabar perdendo esse papel.

- O papel já é seu, não tem outra melhor pra participar desse clipe – a outra falou tentando acalmar a amiga.

- Pontualidade é tudo né Raissa, e se você visse o trânsito que ta aqui – Stéfani falava – E o papel ainda não é meu, esqueceu que tem uma seleção?

- Ai Stéfani, para de ser pessimista carai – Raissa disse bufando no outro lado da linha – Vai dar tudo certo, eu vou desligar ta? Mais tarde nos falamos.

- Ta bom amiga, se cuida – falou e em seguida a chamada foi encerrada.

Stéfani participaria da seleção para atuar como dançarina em um clipe de funk. O problema é que a seleção começaria as 08hs, e já era 07:45 e ela ainda estava a 20 minutos do local, presa em um engarrafamento.

São Paulo é uma cidade ótima para viver, assim como também era ótima para te fazer lembrar de sair de casa com antecedência se não quiser chegar atrasada. Stéfani era assim, sempre saia de casa minutos antes do horário combinado e sempre se atrasava por causa dos engarrafamentos em que enfrentava.

Stéfani aos 25 anos era uma mulher que lutava pra se sustentar, sempre dava o seu melhor para poder trazer comida pra dentro de casa. Amadureceu cedo, não teve a presença de um em sua vida, e se espelhando na mulher guerreira que sua mãe é, cedo ela começou a trabalhar para ajudar no sustento de casa e na educação do seu irmão mais novo.

Hoje tenta a vida de influencer, faz umas publis aqui, outras ali, o suficiente pra se manter, mas ainda não é pouco perto do que ela sonha alcançar.  Ainda que seus seguidores nas redes sociais venha aumentado, ainda é público pequeno. Circo, esse é o nome que deu ao seu fandom, por que além de ser palhaça, é a dona dele.

Stéfani tem uma energia contagiante, não tem quem fique triste ao lado dela, por que o que ela tem de zangada, tem de palhaça também, e sempre que os amigos precisam, ela faz de tudo para ver eles sorrindo.

Já era 08:00 em ponto, e agora que que ela tinha conseguido se livrar da fileira de carro que tinha a sua frente. Intensificou o pé no acelerador e o mais rápido possível seguiu caminho para o local onde seria a seleção.

Ia resmungando estressada, cantando e tentando decorar a letra da musica, a mesma que ela teria que improvisar uma coreografia na hora e se Deus quisesse, ela seria uma das escolhidas para esse clipe. Isso ia trazer uma visibilidade maior, se tratando que a cantora era famosa, ela poderia ter um alcance maior de pessoas e patrocinadores.

Quase perto do seu destino, seu celular toca, era seu irmão caçula. Por pensar que poderia ser algo serio, diminuiu a velocidade e atendeu a ligação. Suspirou aliviada quando seu irmão disse que só ligou por que estava com saudades, e pra pedir que ela fosse vê-lo hoje.

Foi em frações de segundos, tudo muito rápido, quando seu pé do acelerador foi direito para o freio parando bruscamente o carro e gritando assustada e consequentemente assustando seu irmão que ainda estava na linha. Stéfani tinha acabado de atropelar alguém e seu coração faltava sair pela boca. Seu irmão que perguntava o que tinha acontecido ficou sem resposta quando Bays apenas lhe mandou um beijo e desligou o celular saindo apressadamente do carro.

- Meu deus – assustada, se aproximou da mulher jogada ao chão – Me desculpe moça, pelo amor de Deus, eu não tinha lhe visto.
- Você precisa de um óculos? – a mulher que tentava se levantar falou zangada – Porra, olha o que você fez.

A mulher de aproximadamente 1,55m tentava se levantar, mas sentia dor no seu pé que aparentemente tinha torcido. Stéfani logo se propôs a ajudar ela a levantar, mesmo contra a vontade da outra, a pegou no colo, sim no colo, e a colocou sentada no banco de motorista do seu carro.

- Você ta sentido dor aonde? – perguntou se abaixando na frente da outra que já tinha cara de choro – Deixa eu ver seu pé.

- Não precisa, eu só quero ir ora casa agora – A mulher disse chorosa, o que partiu o coração de Stéfani.

- Nada disso – Stéfani disse pegando com cautela o pé da outra e colocando sobre sua coxa. Retirou o salto, e logo percebeu o inchaço no pé direito – Eu vou levar você no hospital.

- Não – a mulher baixa disse apressada – Eu só quero ir pra casa agora.

- Seu pé ta inchado moça, aparentemente você torceu – Stéfani disse se levantado – Vou levar você pra ser acompanhada pelo médico. Não sabemos se foi só uma torção.

- Culpa sua - a mulher disparou – Tudo culpa sua. Sabia que eu tinha compromisso?

- Sabia que eu também tinha? – Stéfani falou se irritando – Eu não planejei atropelar você não, infelizmente aconteceu. Agora vem – pegou novamente a mulher no colo e levou ao banco do passageiro. Olhou para o local a sua frente, era lá dentro que era pra ela está e não aqui fora – Vou levar você ao hospital.

Foram caladas o caminho todo, Stéfani vez ou outra olhava e pergunta se a outra sentia dor, mas sempre recebia a mesma resposta. Ouviu a mulher fazer uma ligação e desmarcar o tal compromisso que mais cedo dizia ter. Seu telefone logo tocou também, mas dessa vez ela não atendeu, não queria correr o risco de atropelar outra pessoa.


(...)
- Você pode me deixar aqui – a mulher disse na entrada do seu prédio depois que voltaram do hospital. Stéfani fez questão de deixá-la em casa.

- E você vai subir como com essa bota? – perguntou encarando a mulher mais baixa – Você não pode fazer esforço esqueceu? Repouso, são recomendações do médico.

- Que saco, viu? – a mulher disse emburrada fazendo bico e arrancando um riso da Stéfani – Ou, ta rindo de quê?

- De nada – respondeu segurando o riso da cena fofa a sua frente – Vem, se apoia em mim.

Stéfani sentiu sua cintura ser abraçada e instintivamente sentiu um arrepio em seu corpo, tentou disfarçar, e seguiu caminhando meio sem jeito com a outra ao seu lado até o elevador. Não demoraram ao chegar no andar do apartamento da outra, então logo saíram da caixa de metal e se encaminharam a porta do apartamento da mais baixa.

- É aqui? – perguntou parada em frente a uma porta. A outra confirmou tirando as chaves do bolso do short em que estava vestida.

Entraram e logo se sentaram no sofá, Stéfani percebeu que não tinha intimidade pra ter se jogado nele e rapidamente levantou pedindo desculpas.

- Está entregue – falou – Quer alguma coisa pra beber? – perguntou e a mulher negou – Pra comer? – a mulher negou novamente -Quer ligar ora alguém?

- Já liguei – Respondeu olhando fixamente para o meu rosto, como se tentasse se lembrar de algo. E a sensação que eu tenho é que eu realmente conheço ela de algum lugar – Eu conheço você?

- Não sei... conhece? – perguntei com os olhos semicerrados – Bom, caso ajude, eu me chamo Stéfani, Stéfani Bays. E você?

- Mirella – disse depois de soltar uma risada, a qual eu não entendi o por que – Você perguntou por educação ou realmente não me conhecia?

- Eu deveria conhecer? – perguntei e ela negou. Ficamos em silêncio por um tempo, até ela soltar uma risada de novo – Então... eu já vou indo – olhei para a mesa de centro e avistei uma agenda, a peguei e anotei meu número de celular – Se precisar de algo me liga, eu venho te ajudar já que você fez questão de frisar que a culpa é toda minha.

- E não é? – revirei os olhos e ouvi um riso vindo dela – Eu ligo se precisar.

- Ok – respondi – Tchau Mirella.

- Tchau Stéfani – falou – E nada de usar celular enquanto dirige.

- Sim senhora Madame – bati continência e sorri pra ela ganhando um sorriso de volta. E puta que pariu, que sorriso lindo.




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Helloooou, aqui estamos de novo. Demorei por questão de saúde ta gente, mas vou tentar att o mais rápido possível.

When everything startedOnde histórias criam vida. Descubra agora