Capítulo 42

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MIRELLA

- Senti, ao segurar sua mão, ao olhar em seus olhos e sorrir com os meus, que a maior parte da minha dor era saudade. Saudade de você e até do seu mal humor. Meu deus, como eu consegui te afastar por causa de uma confusão minha? - suspirei ao dizer e parei com o cafuné em seus cabelos. Ela dormia tão doce e serena em meus braços.

Depois de ficarmos mais algum tempo na praia, em silêncio, viemos para sua casa.

Nada foi dito, eu não conseguia formular algo que fosse à altura da declaração que ela me fez. Óbvio que aquilo foi uma declaração, a mais verdadeira que alguém já tinha feito a mim. A mais linda e sincera que eu já recebi.

Chegamos e ficamos jogando conversa fora, mas eu apenas me atentava à sua risada quando me contava algo engraçado. Eu senti tanta falta de ouvi-la. Depois ela levantou dizendo que ia trocar de roupa e me chamou para deitar.

Ficamos nos olhando, frente a frente, enquanto deitadas na cama. Sem dizer nada, apenas com nossos olhares conectados. Percebi que agora ela tinha algumas olheiras, parecia mais cansada, realmente. Mas ainda continuava linda, como sempre.

Ela sorriu, lindamente, antes de fazer um carinho em meu rosto e depositar um beijo demorado em minha testa. Me disse um eu te amo e me abraçou dizendo que ia dormir. E dormiu realmente, fiquei chocada.

Não que eu esperasse outra coisa, mas enfim.

Fiquei fazendo carinho em seus cabelos enquanto chegava a conclusão que não estava preparada para me despedir, e eu acho que nunca vou estar. Eu nem sei por que pedi um tempo, depois quando a ficha caísse, eu ia chorar igual uma vagabunda.

Eu ia deixar minha insegurança falar por mim mais uma vez.

E eu nem sei por que, ela já tinha me dado tantas provas de que estaria comigo até nos meus piores momentos. Mas tudo me pegou e me atingiu de um jeito que eu nem imaginava. Mais tudo caiu por terra com o que ela me disse mais cedo.

Foi tão lindo, eu senti cada palavra e toda emoção que ela também sentia. Ela estava triste, e apesar de tudo, depois fiquei me perguntando o que eu estava fazendo à ela, até por que toda a situação também a deixava mal.

- Está sem sono? - me assustei ao ouvir sua voz rouca e a olhei de relance.

- Um pouco - respondi baixinho.

- Algo específico? - perguntou soltando minha cintura. Me virei e a olhei negando com a cabeça. Fiquei olhando-a com a carinha inchada e sorri automaticamente. Era fofo.

- Me desculpe por desconfiar de você? - pedi - Me desculpe também por não deixar você ficar por perto, mas nem eu me entendia ali. Eu chorei tanto pensando que tinha me traído, real Té.

- Eu nunca faria isso - ela respondeu baixo, me olhando nos olhos.

- Eu sei que não - me apressei a responder - Eu sei que me amas e não, eu não estou sendo convencida. Você ja me demonstrou de várias formas, obrigada por isso, obrigada por realmente estar aqui e querer ficar. Eu tenho saudades das nossas tardes de domingo, dos nossos chamego, das nossas conversas sem nexo que nos tiram boas risadas - sorri junto à ela - Me desculpe por tirar esses momentos da gente.

- Não fale como se houvesse me perdido - ela respondeu enquanto levou sua mão ao meu rosto para fazer um carinho - Ainda sou sua, completamente.

- Mas quase perdi - falei chorosa e ela riu se inclinando para selar nossas bocas rapidamente. Inclusive era nosso primeiro contato desde que tudo aconteceu.

- Pare se ser boba - disse ela - Vai precisar muito mais que uma confusão interna sua e um mal entendido pra separar a gente.

- Tem certeza? - perguntei, as vezes eu penso que tá tudo tão bom, que a qualquer hora tudo vai desmoronar de uma vez.

- Absoluta - respondeu apenas.

Sorri e apertei suas bochechas com meus dedos, fazendo formar um bico em seus lábios tão fofo que eu tive que beijar. Um roçar de lábios, calmo porém gostoso e o suficiente para me fazer sentir o frio na barriga e um sorriso surgir em meus lábios.

- Para de sorrir durante o beijo, sabe que eu me apaixono mais - ela sussurrou com nossas bocas próximas ainda. Sorri mais abertamente e a abracei - Que horas é hein?

- Deve tá amanhecendo - respondi ainda abraçada à ela. E é tão bom se sentir protegida e em casa de novo.

- Não tem trabalho mais tarde? - perguntou beijando meu pescoço e levantando a cabeça para me encarar. Neguei e rir.

- Não quero levantar dessa cama e você sabe que eu não vou deixar você fazer isso também - disse deixando um selinho em seus lábios.

- Eu acho que posso encaixar você na minha agenda - falou convencida e eu rir.

- Eu vou amar - respondi sorrindo. Lhe encarei e puxei seu rosto para mim, queria beija-la tanto, estava com saudades disso - Obrigada por ficar - disse mais uma vez, olhando-a nossos olhos.

- Obrigada por me querer aqui - respondeu sorrindo.

- Eu sempre quis - respondi lhe dando mais um selinho.

- Então pronto, temos um acordo - respondeu - Você me quer, eu te quero, não tem por que ficarmos longe.

- Tem certeza que quer ficar?

- Você não quer que eu fique? - perguntou confusa e eu sorri.

- Eu só acho tão incrível, mas ao mesmo tempo tão...  Sei lá, é tão bom ter alguém louca por mim que parece sonho - disse vendo-a sorrir doce.

- Eu espero ser o seu melhor sonho - respondeu risonha - Mas não me ache tão louca, você também se torna uma por me querer.

- Te querer foi a melhor loucura que eu ja cometi - sorri.

- Espero que continue assim - disse ela me olhando com um sorriso carinhoso nos lábios.

- Vai ser amor, vai ser - falei me aproximando para beija-la, mas ela virou o rosto me fazendo choramingar manhosa.

Ela riu e me abraçou, puxando mais meu corpo para perto do seu. Me deu um selinho rápido e me encarou como se vagasse em seus próprios pensamentos ou tentasse adivinhar os meus. Depois sorriu novamente e me beijou, do jeitinho que só ela sabe.

- Vamos fugir? - perguntou depois do beijo.

- Com você? - perguntei brincalhona e ela assentiu - Pra onde você quiser.





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When everything startedOnde histórias criam vida. Descubra agora