Toda semana era o mesmo sofrimento. Ainda bem que só tínhamos uma aula de biologia laboratório por semana, o que já era muito pra mim. Aturar o desprezível do Uckermann tirando sarro da minha cara pelos motivos mais idiotas e o pior, fazer todos rirem disso, era extremamente irritante. Só sendo quase santa pra ignorar aquele retardado e conseguir terminar meus relatórios.
Na verdade, eu nem sei por que insistia tanto em fazer alguma coisa naquela aula idiota. A dura realidade era: por mais que eu me concentrasse ao máximo e fizesse o relatório perfeito, ele sempre me dava, no máximo, um terço da nota. Um terço da nota, você sabe o quanto isso representa? Quase nada! E aquele puto nunca me dava mais que C nos relatórios! Dá pra acreditar que uma pessoa que tira A+ em biologia teoria tira C em biologia laboratório? Meio esquisito, não concorda? Pois é, a diretora não. Aliás, discordava tanto que vivia chamando minha mãe na escola porque eu não conseguia tirar uma nota igualmente boa em laboratório durante o ano todo e sugeria que minha mãe me ajudasse e me encorajasse a estudar mais. Eu vou encorajar essa diretora a tomar no cu, isso sim.
Enfim, logo a aula acabou, a tortura semanal tinha chegado ao fim, e eu alegremente (por dentro, porque externamente eu continuava com minha cara de repugnância) entreguei mais um dos meus relatórios perfeitos. Enquanto guardava minhas canetas no estojo, percebi uma movimentação estranha atrás de mim e pulei de susto quando ouvi alguém falar comigo de tão perto.
– Vê se aprende a só fazer as coisas quando te mandam fazer, Dulce – o Sr. Uckermann sussurrou, por trás de mim, com sua habitual voz de maníaco. Recuperada do susto, olhei pra ele com cara de nojo e respondi, com a voz mal educada:
– Primeiro, nem o senhor nem ninguém me diz o que fazer. E segundo, eu não te dei a liberdade de me chamar pelo nome, e nem pretendo dá-la ao senhor algum dia.
Voltei minha atenção pro zíper do meu estojo que tinha emperrado bem naquele momento agradável, e só então percebi que o laboratório estava vazio a não ser por nós dois. Fiquei mais alerta do que já estava, preparada pra enfiar o compasso no olho dele caso me sentisse ameaçada ou coisa do tipo, mas tudo que ele disse, com um risinho pervertido enquanto me olhava de cima a baixo, foi:
- Um dia você ainda vai me dar muito mais que a liberdade de te chamar pelo nome... Dulce.
Paralisei quando o ouvi dizer aquela frase, ainda mais pronunciando meu nome daquele jeito sujo. Sem conseguir conter meu impulso, dei um tapa forte na cara dele. Pego nem tão de surpresa assim, já que ele devia estar acostumado a apanhar de algumas alunas mais resistentes, ele colocou uma das mãos sobre o lado atingido do rosto e voltou a me olhar, com um risinho de deboche no rosto.
- Sabia que você era do tipo agressiva, Saviñón. – ele sorriu, me deixando com mais raiva ainda – Vai ser mais gostoso ainda quando você vier fazer a recuperação depois do almoço. Sozinha, como sempre, já que só você consegue a façanha de ficar de recuperação em laboratório.
Quase voei no pescoço daquele pedófilo safado nojento idiota. Recuperação de novo? Pelo amor de Deus, por que ele simplesmente não conseguia me dar uma nota justa? Só porque eu não queria dar pra ele? Que droga, é tão difícil entender que ele consegue me deixar cada dia mais furiosa pelo simples facto de existir?
- Por que o senhor não procura uma namorada, hein? – perguntei, no tom mais educadamente irritado que consegui – Sei lá, quem sabe essa sua obsessão por aluninhas não seja falta de mulheres da sua idade que te suportem sem receber uma recompensa por isso.
Dei uma boa olhada na cara de bosta que ele fez e saí do laboratório, com um sorrisinho triunfante no rosto. Ele pode até ser cheiroso e ter olhos bonitos, mas não é nem nunca será nem metade do homem perfeito que o professor Herrera é. Falando nele, olha só que bonitinho ele saindo da sala do primeiro ano, todo rodeado de alunas com shorts mínimos e maquiagem pesada. Aspirantes a Maria? Isso mesmo.
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Meu Amado Professor (VONDY)
FanfictionEla? Apenas uma aluna do ensino médio. Ele? Um professor de Biologia. Ela o odiava. Ele aparentemente também a odiava. Mas, foi comprovado, que realmente o amor e o ódio são vizinhos de porta. O livro está sendo repostado na plataforma Wattpad. ...