Capítulo 56

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- O quê?

- É isso mesmo.

- O que exatamente eu perdi, alguém pode me explicar?

Starbucks, eu, Anahí, Derrick e uma verdade bombástica depois da aula de segunda-feira. Eu sabia que esse momento chegaria.

- É... Digamos que você esteve ausente durante algumas reviravoltas – respondi a Derrick, coçando a nuca meio sem jeito – Pensei que a Anahí já tinha te contado.

- Não, eu não estou sabendo de nada – ele negou, boquiaberto, e ambos olhamos para Anahí, cujo queixo sumia de vista sob a mesa e olhos me fitavam com infinito choque – Amor?

- Caralho, Dulce – ela xingou, após alguns segundos paralisada, e Derrick soltou um suspiro de alívio diante do sinal de vida dela – Puta que pariu!

- É, eu sei – respirei fundo, tomando um gole de meu cappuccino. Eu precisaria de muita cafeína para aguentar o tranco.

- Alguém pode me inteirar do assunto, por favor? – Derrick reclamou, totalmente confuso, e vendo que Anahí voltara a ficar imóvel, me manifestei.

- Como você já deve saber, eu e Poncho estamos namorando – comecei, vendo-o assentir – Acontece que há algum tempo, Ucker e eu acabamos nos envolvendo também, e as coisas aconteceram tão rápido entre nós que acabamos nos apaixonando. Eu sei que isso soa ridículo, mas não é, acredite. Pelo contrário, é a mais pura verdade. E... É tão verdadeiro que eu estou cogitando a possibilidade de terminar tudo com Poncho pra ficar com ele.

- O quê? – Anahí repetiu, um pouco mais alto que antes, e eu fiz uma careta medrosa, enquanto Derrick segurava sua mão e a olhava com preocupação.

- Meu Deus do céu – ele disse, olhando-me com extremo espanto – Você deixa essas coisas acontecerem na sua vida justo quando eu não estou? Vou levar isso como uma ofensa!

- Não fale como se as coisas não acontecessem na minha vida quando você estava por perto também – resmunguei, vendo-o erguer as sobrancelhas, concordando – Não se esqueça que meu primeiro beijo foi no armário do quarto da sua avó com um garoto que eu mal conhecia, e você estava do outro lado da porta ouvindo tudo.

- Eu nunca vou me esquecer do Eric dizendo Não precisa usar os dentes, Dulce, sua língua já é o suficiente naquele tom tão assustado – ele suspirou, como se aquela fosse uma belíssima lembrança – Até hoje eu te imagino querendo morder o pobre garoto feito uma barracuda. Coitadinho, ele era um bom rapaz.

- Cala a boca, garoto que peidou e espirrou no meio da encenação de Hamlet – mostrei a língua, prendendo o riso e vendo-o retribuir meu gesto de carinho – Ser ou não ser, eis a questão foi seu trauma durante anos, e você nunca sabia se explicava a versão verdadeira ou se simplesmente deixava as pessoas pensarem que você tinha dúvidas quanto a sua orientação sexual quando te perguntavam por que você odiava tanto Shakespeare. As duas hipóteses lhe pareciam igualmente constrangedoras.

- Caralho, Dulce – Anahí voltou a dizer, da mesma maneira de antes, e eu simplesmente a ignorei, assim como Derrick; éramos melhores amigos há eras, sabíamos muito bem que ela ainda repetiria as mesmas palavras por um tempo, até finalmente absorver a notícia – Puta que pariu!

- Você confia nele? – Derrick perguntou, voltando ao assunto e dando uma mordida em seu muffin de chocolate; eu assenti sem hesitar – Tem certeza de que ele te ama?

- Acho que nunca tive tanta certeza de alguma coisa quanto eu tenho disso – respondi, disfarçando um sorriso idiota – É tão nítido que chega a me assustar.

- Bom... Você sabe que eu também te amo – ele falou, após alguns segundos de reflexão, e eu deixei o sorriso idiota surgir – Não é novidade que eu vou achar defeitos em qualquer cara que se aproximar de você, e vou continuar sentindo ciúmes por ele ter conquistado a pessoa mais foda do universo... Mas enquanto você o achar digno o suficiente para merecer estar ao seu lado, eu vou dar a maior força.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora