Capítulo 13

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– Não achou o banheiro, Saviñón? – o Sr. Uckermann perguntou, irônico. Me virei depressa, cancelando a chamada, e logo seus olhos castanhos entraram em foco.

– Que é, tá me seguindo agora? – rosnei, sem a menor paciência, e fazendo um breve silêncio ocupar nossos ouvidos por alguns segundos.

– Se eu não soubesse dessa sua... Simpatia com professores de biologia, suas respostas atravessadas seriam desanimadoras – ele finalmente respondeu, com um cinismo impressionante no rosto, típico de alguém que sabia demais. Meus olhos se arregalaram um pouco sem que eu percebesse, minha garganta secou, meu coração acelerou, tudo ao mesmo tempo. Ele não sabia. Ele não podia saber.

– Do que você tá falando? – perguntei, usando toda a minha capacidade de mentir para controlar meus músculos faciais e não me entregar. O professor Uckermann deu uma risadinha irônica e cruzou os braços.

– Ah... Você não sabe do que eu tô falando? – ele repetiu, com os olhos cravados nos meus e dando um passo na minha direção – Então bastou uma briguinha pro Poncho ser carta fora do baralho? Rapidinha você, hein.

Senti uma raiva imensa subir pela minha garganta, por pouco me fazendo voar naquele desgraçado. Merda, ele sabia. Provavelmente Poncho tinha lhe contado tudo, enganado por sua pose de bom moço. Até da nossa briga de dois dias atrás ele já sabia! Respirei fundo, controlando a fúria engasgada em minha garganta, e com a voz firme, retruquei:

– Me deixa em paz.

– Parece que agora você sabe bem do que eu tô falando – o Sr. Uckermann sorriu, com um olhar no mínimo divertido – Podemos conversar de igual pra igual.

– Eu nunca vou ser igual a você – falei, quase esmagando meu celular em minha mão, que agora estava fechada num punho – Preferiria me matar a viver tendo nojo de mim mesma.

– Não venha se fazer de coitadinha, Saviñón, eu sei muito bem as besteiras que você tem falado sobre mim – ele disse, dando mais um passo na minha direção – O Herrera me conta tudo sobre vocês, cada detalhe, cada palavra de cada conversa, e eu não gostei nada de saber que você anda colocando as garrinhas de fora.

– Garrinhas de fora? Eu? Tem certeza de que essa fala não era pra ser minha? – eu reclamei, inconformada, com a testa franzida e a voz um pouco mais alta – Se alguém aqui anda aprontando alguma, esse alguém é você!

– Não sei se você sabe, mas é muito feio acusar alguém sem provas – ele falou, com a expressão carregada e um olhar irritado – Então eu acho melhor você ficar quietinha no seu canto se não quiser arcar com as consequências.

– E que consequências seriam essas? Por acaso você tem provas contra mim? – perguntei, erguendo as sobrancelhas num tom intimidador, e como ele não disse nada, deixei todo o ódio reprimido transbordar – Na primeira tentativa de aprontar qualquer coisa, Uckermann, eu simplesmente entro naquela porcaria de diretoria e conto tudo que você já me fez, e que se danem as provas. Acho que a diretora não vai gostar nada de saber das suas estripulias, e aí vai ser a palavra de uma aluna indefesa contra a de um professor com fama de pedófilo. Mesmo que não te expulsem daquela espelunca, sua imagem de bom moço não vai durar muito tempo.

Ucker ficou me encarando por alguns segundos, e eu senti em seu olhar ameaçador que tinha conseguido o que queria: deixá-lo furioso. Após longos segundos com o maxilar tenso, ele finalmente murmurou, cheio de raiva:

– Pode me ferrar, mas pode ter certeza de que eu levo seu querido Herrera comigo.

Engoli em seco. Não, ele não teria como incriminar Poncho, tomávamos todas as precauções possíveis e imagináveis. Definitivamente ele estava blefando.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora