Capítulo 5

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– Você tem razão – Anahí disse, e eu mais que depressa parei de secar o Sr. Herrera para olhá-la. Fiz cara de pastel de vento e ela completou a frase – Ele é lindo demais.

Não deu pra não rir daquele comentário, ainda mais com os recentes acontecimentos.

– Pois é, minha cara – suspirei, assentindo devagar – Ele é simplesmente perfeito.

Anahí também suspirou e começou a observar a rua vagamente. Sem vergonha, logo voltei a encarar o Sr. Herrera, que havia parado em frente à sala dos professores pra conversar com uma coisa loura, alta e magra que atendia pelo nome de Juju . Eu ainda acertava minhas contas com aquela lambisgoia oxigenada um dia, pode apostar.

– Segura a emoção aí, Dulce – ouvi Anahí rir disfarçadamente, abaixando seu olhar pra disfarçar ainda mais o riso – Sua alma gêmea tá chegando.

Franzi a testa, sem entender, e me virei na direção da saída do colégio. Dei de cara com o professor Uckermann chegando, com a maior cara de sono e os cabelos despenteados de um jeito proposital. E atraente, pro meu desgosto.

– Não sei por que eu fui olhar, eu já devia saber que era ele – resmunguei, revirando os olhos e olhando rapidamente pra porta da sala dos professores, agora sem ninguém ao seu redor.

Beleza, o Sr. Herrera e a Srta. Juju já deviam estar no banheiro mais próximo dando sua rapidinha matinal. E eu ali, perdendo meu tempo observando o contorno dos ombros do Sr.Uckermann, realçados pela blusa pólo azul marinho que ele usava.

Espera aí. Credo, que nojo! Por que eu agora estava com a péssima mania de ficar observando os detalhes daquele verme? Tudo bem que eu adoro ombros masculinos (não só ombros, mas isso não vem ao caso), mas ficar olhando os do Uckermann já era desespero demais! Nota mental: evitar encarar qualquer parte do corpo daquele homem.

– Nem bom dia ele dá. – Anahí comentou, medindo-o de cima a baixo quando ele já tinha passado por nós – Dá pra entender totalmente por que você o odeia tanto.

– Eu odiá-lo tanto tá beleza, agora ele me odiar também é péssimo pra minha nota – bufei, fazendo uma careta – Mas eu não ligo, prefiro ir mal a ter qualquer tipo de simpatia com esse crápula.

– Fala, Ucker – ouvi uma voz conhecida dizer, e vi o Sr. Herrera surgir do nada com a Srta. Juju.

– Oi, Poncho – o Sr. Uckermann resmungou, parecendo indisposto.

Provavelmente tinha comido alguma aluna do primeiro ano e como ela não devia saber nem beijar, não foi bom e ele ficou de mau humor. Idiota, quem ele pensava que era pra chamá-lo de Poncho? Ele não merecia aquela intimidade toda!

– Não esqueceu o futebol com o terceiro ano depois da aula, né? – Poncho (se o Uckermann podia, eu também podia) perguntou, como se já previsse a careta que o amigo fez.

– Totalmente – ele respondeu, batendo com a palma da mão na própria testa – Se bem que eu não ia jogar de qualquer jeito, não dormi nada essa noite.

Os dois entraram na sala dos professores rindo, e não deu pra ouvir mais nada. O sinal tocou, e logo eu e Anahí subimos, ainda comentando sobre o belo físico do professor Herrera. Bem que eu quis contar tudo pra ela, mas fiquei com medo e achei melhor as coisas se firmarem um pouco mais. Por mim, eu casava com ele sem pensar duas vezes, mas eu acho que uma proposta de casamento seria um pouco assustadora pra ele.

As duas primeiras aulas se arrastaram lentamente, sem muitas novidades. Dei graças a Deus quando a professora de física saiu da classe. Aulas duplas me entediavam demais, fato. Nosso professor de história logo chegou e como era dia de prova, já foi entregando as avaliações para os alunos. Beleza, só questões de múltipla escolha, ia ser fácil. O legal do Sr. Guto era que ele facilitava as coisas no primeiro bimestre e ia dificultando conforme o tempo passava, nos dando a oportunidade de já passarmos de ano sem precisarmos estudar muito a parte mais difícil da matéria. Afinal, quem em sã consciência leva os estudos a sério no quarto bimestre se já fechou no terceiro? É, até que o Sr. Guto era legalzinho, se não usasse tantas palavras difíceis e transpirasse menos.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora