Capítulo 3

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Acho que nunca torci tanto pra ficar sozinha com o Sr. Herrera, e olha que superar todas as vezes em que desejei isso era muito. Agora que já estava lá dentro, era esperar pra ver quem me acompanharia até o térreo. E talvez agüentar alguns segundos a menos de um metro de distância de um certo professor idiota durante o trajeto. O elevador subiu, e quando as portas se abriram no sétimo andar, quase me agarrei no braço dele quando o Sr. Herrera deu um passo em direção à porta. E só pra melhorar, não havia ninguém esperando pra entrar e me salvar daquele martírio.

– O que o senhor vai fazer aqui, professor? – perguntei, tentando disfarçar meu nervosismo.

– Eu marquei uma reunião com a professora Juju sobre um projeto interdisciplinar pro segundo ano – ele sorriu, parecendo bastante empolgado e me deixando mais brava ainda – Até mais, Saviñón. E não esquece de me trazer aquele documentário amanhã, Uckermann.

– Pode deixar, Herrera – ouvi o professor Uckermann dizer, sem emoção na voz, e logo depois a porta se fechou, me deixando sozinha com ele. Pensei em apertar um botão qualquer e parar em algum andar pra fugir daquele ambiente perigoso, mas assim que minha mão avançou na direção do painel, ele segurou meu braço com força e me puxou num movimento brusco.

– O que é isso? – quase gritei, quando ele segurou meu outro pulso e me prensou na parede – Me larga!

– Cala a boca – ele murmurou, e sem aviso, me beijou.

Tentei me desvencilhar dele e não o deixar aprofundar o beijo, mas a pressão que ele fazia contra meus lábios era tão forte a ponto de fazer minha boca latejar. Mesmo me esforçando ao máximo pra não deixar que aquilo passasse de um selinho indesejado, senti meus músculos cederem à pressão que ele exercia e abrirem passagem pra sua língua. Eu me debatia desesperadamente, tentando dar uma joelhada em suas partes ou então mordendo seu lábio, mas ele estava tão colado em mim que eu mal conseguia mexer qualquer músculo. Tentei gritar, mas abrir a boca pra emitir algum som só piorou minha situação. Olhei pro painel do elevador e vi que ainda estávamos no quarto andar. Sem nenhuma chance de defesa, o único jeito seria continuar me debatendo até machucá-lo de alguma forma ou fazê-lo desistir.

Lentamente, ele foi escorregando suas mãos, trazendo meus pulsos junto, até colar meus braços ao lado do meu corpo. Continuou me segurando firme, e me beijando intensamente. Seus músculos evidenciados pela blusa justa que ele usava se contraíam, muito próximos do meu tronco, e por pior que a situação fosse, era inegável concluir que ele estava em excelente forma física. Quando olhei para o painel e vi que estávamos no segundo andar, ele abriu os olhos e encarou os meus, ainda me beijando. Uma sensação esquisita percorreu meu corpo quando nossos olhares tão próximos se encontraram, o que só me deixou mais trêmula. Ele partiu o beijo, puxando meu lábio inferior devagar, e se afastou, ainda com aquele olhar intenso fixo no meu.

A porta do elevador se abriu, chegando ao térreo lotado de gente, e sem dizer uma palavra, ele enxugou a boca com as costas de uma mão e saiu andando, como se nada tivesse acontecido. Incapaz de me mexer por algum motivo desconhecido, fiquei encostada na parede do elevador, tremendo da cabeça aos pés e com o coração acelerado. De susto e indignação, é claro, afinal não é todo dia que o professor que você mais odeia te beija no elevador.

– Dulce? – ouvi a voz de Anahí me chamar, não sei quanto tempo depois, e quando olhei na direção da porta, a vi parada com um olhar preocupado – Você tá pálida, o que houve?

– N-nada, s-só uma tontura – gaguejei, com a voz falha, e torcendo pra que minhas pernas bambas me agüentassem, saí do elevador – Vamos, minha mãe já deve estar me esperando.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora