Capítulo 11

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Um mês e meio se passou desde a primeira vez em que dormi na casa de Poncho. E a cada vez que eu voltava aquele apartamento, as coisas melhoravam, o que eu achava ser impossível. Nunca pensei que pudesse me sentir tão feliz e completa com alguém como eu me sentia com ele, e eu sorria até nas aulas do Uckermann, que agora me ignorava total e completamente. Só me dirigia a palavra quando era estritamente necessário falar comigo, e me tratava com indiferença, o que por mim, podia continuar assim pelo resto dos meus dias.

– Antes do fim da aula, eu quero lhes informar que houve uma pequena mudança quanto a excursão à reserva ambiental de depois de amanhã – Poncho disse, durante os últimos minutos da aula de biologia, sendo fixamente observado por mim, claro – Como vocês já sabem, a reserva fica a algumas horas daqui, então pode ser que a excursão só acabe pouco antes do anoitecer, e como de costume aqui na escola, vocês serão acompanhados por dois professores.

Como o final do bimestre estava próximo, os professores que já tinham dado todo o conteúdo previsto para aquele espaço de tempo costumavam marcar excursões com as classes, e pedir relatórios ou trabalhos sobre o que aprendíamos no passeio. Eu já estava sabendo dessa excursão, portanto nem me alarmei muito, só não sabia que pequena mudança era essa. E se eu soubesse que a resposta pra esse mistério me renderia maus momentos, preferia continuar não sabendo.

– Eu e a professora Keaton estávamos escalados para acompanhar a classe de vocês – Poncho prosseguiu, me lançando um breve olhar conformado, que eu devolvi com um pouco de tensão – Mas a diretora resolveu fazer uma pequena alteração. De acordo com a nova escala, eu e a Srta. Juju acompanharemos o primeiro ano na excursão deles, que será amanhã, e quem irá acompanhá-los na excursão de vocês serão os professores Hammings e Uckermann.

Acho que é agora que eu rodo a baiana, não é? Que papo é esse de 'vou com as menininhas putinhas do primeiro ano amanhã enquanto vocês sofrem na mão do pedófilo nojento e sem escrúpulos do Uckermann'? Se ele achava que eu ia deixar isso passar em branco, estava muitíssimo enganado.

– Podem ir para o laboratório, até semana que vem e boa excursão – Poncho encerrou, enquanto todos se levantavam com as mochilas nas costas rumo à aula do Uckermann. Eu arrumava lentamente meu material, de cara fechada, esperando até o último aluno sair e me deixar sozinha com Poncho. Assim que todos haviam saído, ele fechou a porta da sala e já começou a falar:

– Eu sei que você não gostou da notícia, mas...

– Mas o quê, Poncho? - cortei, inconformada, sem nem me mexer na cadeira enquanto ele se aproximava – Por que você não me contou antes?

– Eu não pude evitar, só fiquei sabendo disso hoje! – ele explicou, agachando-se à minha frente – Você acha que eu fiquei feliz de não poder mais ir com a sua classe?

Soltei um suspiro chateado e fechei os olhos. Ele realmente não tinha culpa, dava pra ver que ele estava sendo sincero. Voltei a encará-lo, me imaginando naquela reserva ambiental tendo que respirar o mesmo ar de Christopher Uckermann por mais de uma hora. O pior pesadelo que alguém poderia ter.

– Me desculpa, acho que eu surtei um pouquinho – murmurei, sorrindo sem graça e colocando as mãos em seus ombros – Mas é que ia ser simplesmente ótimo passar o dia todo com você, e além do mais, você sabe que eu odeio o professor Uckermann.

– É, eu já notei essa birra que você tem com ele – Poncho riu, erguendo as sobrancelhas.

– Essa birra que eu tenho com ele? – repeti, apontando pro meu próprio peito, um tanto incrédula – Ele é que tem birra comigo e não é capaz de me dar uma nota justa pelos meus relatórios, você sabe bem disso!

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora