A outra mão de Ucker envolveu firmemente o outro lado do meu rosto, me mantendo próxima dele e intensificando os movimentos determinados de nossas línguas. Parecíamos famintos um pelo outro, buscando desesperadamente fazer com que toda a distância entre nós sumisse por completo. Abracei-o pelo pescoço, tremendo da cabeça aos pés, e senti que ele se curvou de leve pra me abraçar pela cintura. Seus braços fortes me envolveram, e suas mãos destemidas subiram até a metade de minhas costas, me acariciando de um jeito estonteante.
Eu estava tão enlouquecida, tão fora de mim, que alguns minutos depois me vi agarrando seus cabelos da nuca, já totalmente ofegante como ele, enquanto sentia Ucker soltar pesadamente o ar durante o beijo.
Num impulso, permiti que ele me erguesse pela cintura rapidamente e me sentasse na bancada, se encaixando entre minhas pernas e derrubando sua pasta cheia de relatórios no chão. Sem nos darmos conta desse pequeno desastre, continuamos nos beijando enfurecidamente, até que toda a euforia daquele momento começou a se mostrar de sua cintura pra baixo. E que euforia.
Mesmo impedida de me afastar dele por uma força invisível e extremamente dominadora, minha consciência aos poucos foi voltando, e fui me dando conta do que eu estava permitindo acontecer. Várias imagens passaram pela minha mente, a maioria envolvendo Poncho e sua imensurável adoração por mim, e o sentimento de remorso foi se tornando ainda maior que o poder de toda aquela situação. Eu não podia fazer isso com ele. Eu não podia nem queria fazê-lo sofrer, mesmo sem saber, por um momento de impulso meu, do qual eu provavelmente me arrependeria no dia seguinte.
E foi pensando em Poncho, em tudo que tínhamos, em tudo que eu sentia por ele, que eu afastei Ucker pelo peito, partindo aquele beijo enlouquecido. Meu olhar tonto encontrou o dele, totalmente confuso, e eu não consegui nem começar a dizer tudo que se passava em minha mente embaralhada. Abri e fechei a boca várias vezes, arfante, mas tudo que realmente consegui fazer foi descer da bancada, com as pernas extremamente bambas, e deixar o laboratório, lançando a Ucker um último olhar hesitante.
Enquanto eu descia tremulamente as escadas, agradecendo por não estar sendo seguida por ele, um único pensamento dominava minha cabeça, prevalecendo sobre os demais. Naquele momento, eu tive a confirmação de algo que vinha crescendo sorrateira e traiçoeiramente dentro de mim, como uma doença que se alastra aos poucos, e que só se torna notável quando já é irreversível.
Eu estava completamente atraída por Christopher Uckermann.
- Ei, acorda!
Pulei de susto, abrindo os olhos devagar e me deparando com Anahí de pé à minha frente, me cutucando e rindo. Eu estava sentada no mesmo lugar onde costumávamos esperar o sinal tocar e o período de aulas começar, mas naquele dia eu milagrosamente tinha chegado mais cedo que ela.
- Oi – suspirei, toda encolhida e abraçada às minhas pernas, sentindo minha garganta arranhar e fazendo com que meu cumprimento não passasse de um sussurro esganiçado. Minha voz costumava ficar uma merda de manhã.
- Pelo visto, sua mãe tem sido cada vez mais pontual, conseguiu fazer você chegar antes de mim – ela comentou, parecendo bem humorada como sempre, mas logo franziu a testa, contagiada por minha expressão cansada - Que foi, não dormiu direito outra vez?
Estremeci de leve, ainda sonolenta, ao me lembrar da noite anterior. O dia anterior em si tinha sido horripilante. Todo aquele... Acidente no laboratório se repetia como um filme em minha cabeça, um disco arranhado. Não passou de um deslize, uma falha, coisa de momento, disso eu tinha certeza absoluta. E não aconteceria de novo. Jamais. Poncho não merecia aquilo, muito menos o safado do Ucker.
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Meu Amado Professor (VONDY)
FanfictionEla? Apenas uma aluna do ensino médio. Ele? Um professor de Biologia. Ela o odiava. Ele aparentemente também a odiava. Mas, foi comprovado, que realmente o amor e o ódio são vizinhos de porta. O livro está sendo repostado na plataforma Wattpad. ...