Capítulo 7

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– Ah, merece, é? – repeti, segurando o riso enquanto ele assentia – Vou pensar no caso dele.

É, não deu tempo de pensar, porque quando vi já estava beijando-o daquele jeito que fazia meu sangue formigar dentro das veias. Pode me chamar de frouxa, eu não dou a mínima. Eu adorava ser frouxa quando os braços de Alfonso Herrera (Poncho) estavam ao redor da minha cintura.

***

– O que é, Dulce? Pra que essa afobação toda?

– Para de gordice e vem logo!

Anahí tinha ido almoçar em casa naquele dia porque a mãe dela tinha um compromisso e não poderia ir buscá-la na escola. E pelo visto, ela parecia ter adorado a torta de limão que mamãe fez, porque não queria sair da mesa até mandar o último farelo pro estômago.

Eu já estava no meu quarto, chamando-a da porta, e precisei gritar seu nome umas vinte vezes pra finalmente ser atendida.

– Não vem me chamar de gorda porque todas as suas roupas servem em mim, tá? – ela reclamou, quando finalmente entrou no meu quarto e eu fechei a porta.

– Então somos duas gordas – brinquei, sem muito tempo pra rir. Afinal, eu tinha um compromisso importante hoje.

– Que agonia é essa, hein, Dulce? – Anahí perguntou, franzindo a testa enquanto sentávamos na cama – Tá toda agitada, parece que sentou no formigueiro.

– Eu já falei que o seu senso de humor me deprime? – eu disse, fazendo-a revirar os olhos – É, eu tô agoniada, sim. Preciso te contar uma coisa.

– Tá esperando o que? – ela falou, curiosa – Desembucha logo!

É essa a hora em que vocês me batem por não ter contado nada a ela sobre Poncho até agora? É, acho que sim. Eu sei que prometi pra mim mesma que iria contar assim que as coisas se firmassem um pouco mais, mas eu tive muito medo de que ela me recriminasse. Por mais que eu soubesse que a reação típica de Anahí seria entrar em estado de choque e depois dizer algo como 'E aí, como é pegar o professor mais gato da escola?' com um sorriso de orelha a orelha, eu acabei adiando aquela conversa até onde pude. E hoje seria o dia em que eu não podia mais esconder esse segredo dela.

– Presta atenção – suspirei, tensa – Você promete que não vai contar pra absolutamente ninguém o que eu tenho pra te falar?

– Eu sei guardar segredos, e você sabe disso – ela concordou, intrigada com a minha seriedade – Você tá me assustando... O que aconteceu?

Suspirei novamente, apavorada, e decidi dizer tudo de uma vez, sem delongas. Coisas assim tinham que ser feitas de uma vez, como se fosse pra arrancar a cera da pele na depilação.

– Eu e o professor Herrera estamos ficando. Fiquei encarando-a, morrendo de medo da sua reação, mas tudo que Anahí fez foi me encarar de volta, sem expressão por um bom tempo. Não falei que ela ia ficar em estado de choque?

– Anahí? – chamei, com cuidado, quando já estava começando a ficar preocupada.

Ela piscou umas duas vezes, sem mover nenhum outro músculo, até que do nada, ela acordou do transe com um berro que fez os tímpanos dos surdos do Polo Sul doerem.

– COMO É QUE É?! Pulei de susto, com os olhos fechados, e assim que os abri, me deparei com dois olhos esbugalhados me encarando ansiosamente.

– É isso mesmo que você ouviu – confirmei, com mais medo dela que de qualquer filme de terror que já tinha visto.

Anahí levou mais alguns segundos absorvendo aquela informação, e voltou a gritar:

– DESDE QUANDO ISSO?!

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora