Capítulo 63

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Me sentei em minha carteira, abrindo meu caderno e tirando o estojo da mochila. Por uma razão que tinha nome, sobrenome e sede de vingança, eu estava alerta, apesar da noite mal dormida devido à tensão e ansiedade que ainda me atormentavam.

Anahí, já a par de todos os acontecimentos da noite anterior (ligações noturnas são um certo costume entre nós, ainda mais em situações como aquela), me pedia calma. Tudo vai dar certo, nós estamos do seu lado, ela dizia.

Ok. Pode até ser.

Mas ainda assim, meu estômago insistia em contorcer-se a cada dez segundos, lembrando-me do mau pressentimento que apitava como uma bomba-relógio no fundinho de minha mente há dois dias.

Onde foi parar aquela dose de segurança que estava bem aqui ontem?

Um grupo de garotas rindo um tanto escandalosamente entrou na classe, parcialmente vazia devido ao constante atraso da maioria dos alunos, e em alguns dias, dos próprios professores, que costumavam enrolar um pouco antes de finalmente iniciarem seu dia de trabalho. Fingi anotar algo em meu caderno, mas pude sentir os olhares delas ardendo sobre mim, cheios de maldade. Me concentrei em minha respiração, tentando me manter calma, mas bastou uma espiada de canto de olho para que um nó se formasse em minha garganta.

Maria Smithers não havia entrado na sala junto com suas melhores amigas, como ela fazia todos os dias... Sem exceção.

Não poderia haver nenhum tipo de irregularidade nisso, sendo que eu a havia visto no pátio antes de subir, certo? Talvez ela estivesse se amassando com algum parrudão do time de futebol e pretendendo matar a primeira aula... Pela primeira vez em toda a sua vida escolar.

É. Isso. Certo. Sem pânico. Não há o que temer.

- Dulce Saviñón? – o inspetor perguntou, colocando a cabeça para dentro da sala de aula, e eu pulei na cadeira, assustada ao ouvir meu nome.

- E-eu – respondi, erguendo discretamente a mão, e ele me encarou com a expressão indiferente.

- A diretora me pediu pra te chamar – ele disse, e imediatamente todas as amigas de Maria fincaram seus olhares em mim – Ela quer conversar com você na sala dela.

Prendi involuntariamente a respiração por alguns segundos, encarando o inspetor que começava a estranhar minha demora, e tudo que consegui fazer foi assentir, levantando-me e indo até a porta com a mente em branco. Talvez eu tivesse atingido um nível tão alto de tensão que boa parte de meus neurônios tivessem morrido fritos.

- Boa sorte, vadia – uma das garotas do grupinho maldoso murmurou quando passei por ela, me encarando como se eu fosse uma serial killer a caminho da injeção letal – Você vai precisar.

Franzi a testa, sem saber como reagir, e apenas continuei andando até o corredor, descendo as escadas rumo à diretoria. Minhas pernas tremiam e meu rosto estava congelado numa expressão vazia, mas meus músculos continuavam me levando até a sala na qual a diretora me esperava por algum motivo. Eu não era exatamente o tipo de pessoa masoquista, por mais que isso seja duvidoso de vez em quando, mas inexplicavelmente, eu sentia que meu corpo agora me guiava na direção do olho do furacão.

Parei à porta da diretoria, ainda num estado de hipnose. Encarei a maçaneta, sem coragem de tocá-la, mas algo fez com que minha mão fosse mecanicamente até ela e a girasse, abrindo a porta e revelando quatro pessoas dentro dela.

- Olá, senhorita Saviñón – a diretora Maggie Scott disse, indicando a única cadeira vazia em sua pequena sala com um gesto de cabeça – Sente-se, por favor. Receio que tenhamos alguns assuntos a esclarecer... E pelo que eu estou vendo, isso vai nos tomar um bom tempo.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora