Capítulo 45

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- Chega você de resistir – ele sussurrou, aproximando seu rosto de meu ouvido para dizer o resto – Não adianta nadar contra a correnteza... Acha que nunca tentei? Acha que estaria aqui se tivesse funcionado?

Seja forte!, uma voz pedia em minha mente, estrangulada. Resista!

- Não acredito em você – arfei, com a voz um pouco mais alta que um sopro, ainda recusando-me a encará-lo – Pare de gastar seu tempo comigo e vá embora.

- A questão é que eu simplesmente adoro gastar meu tempo com você – Christopher murmurou com a voz sinuosa, sem mover um músculo, e a maneira como suas palavras foram pronunciadas me permitiu visualizar com precisão o sorriso malicioso que provavelmente adornava seu rosto – Poderia passar a vida toda te provocando, te atiçando, só pra ver o até onde vai seu autocontrole.

- Idiota! – grunhi, sentindo a irritação crescer dentro de mim – Eu não sou um simples brinquedinho com o qual você pode fazer o que quiser!

Senti Christopher paralisar por alguns segundos, e manteve-se calado por tempo suficiente para que eu tivesse que encará-lo, por mais arriscado que isso fosse. Sua expressão era levemente séria, e seus olhos não hesitaram em olhar fundo nos meus de um jeito quase frio.

- Eu nunca pensei isso de você, Dulce – sua voz murmurou, agora grave, demonstrando o triplo de seriedade que seu olhar transmitia.

- Desculpe, o que você disse? Acho que entendi errado, aliás, só posso ter entendido errado! - falei, com a voz um pouco mais alta que o aconselhável pelo ultraje de suas palavras, e um sorriso sarcástico, inconformado diante de tamanha mentira, surgiu em meu rosto – Faça-me o favor, Christopher! Suas mentiras costumavam ser um pouco mais convincentes!

- Eu não estou mentindo – ele negou, sem se deixar alterar por meu comportamento – Você me entendeu errado sim, e não foi só hoje.

- Ah, é? – quase gritei, extremamente sarcástica, sentindo minha raiva aumentar cada vez mais diante de suas negativas ridículas – Então já que estou entendendo errado, me explique, professor! Como posso entender direito?

- Eu jamais te compararia a um brinquedo ou a um mero objeto, por mais valioso e único que ele fosse... Você me entendeu errado, ou talvez minha comparação tenha sido ruim o suficiente pra que você tirasse conclusões erradas – Christopher disse, mantendo-se impassível, e a enorme carga de determinação em sua voz me fez estremecer involuntariamente - Eu não queria dizer nada do que você concluiu. Quando usei a palavra brinquedo, não foi pra te definir, eu juro. Foi uma tentativa mais do que frustrada de tentar explicar o que você... Causa em mim. Mas eu percebi que isso é impossível. Não existem exemplos adequados para definir o que eu sinto.

Fiquei encarando seus olhos faiscantes por alguns segundos, incapaz de tirar alguma conclusão. Minhas pernas tremiam mais que bambu em ventania, meu coração queimava em meu peito, o ar parecia se recusar a entrar em meus pulmões. Por que ele tinha que me falar todas aquelas merdas? E o pior de tudo, por que eu tinha que gostar tanto delas? Levei alguns segundos para conseguir voltar a falar, e quando o fiz, quase toda a raiva havia se transformado em hesitação.

- Eu... – comecei, pigarreando logo que percebi a confusão explícita em minha voz, e sem saber bem como prosseguir, suspirei, tentando encontrar as palavras certas – Não acredito em você, Uckermann. Vá embora.

Ele respirou fundo, sem mudar de expressão, e após alguns segundos sustentando meu olhar, assentiu devagar.

- Tudo bem – ele disse, com a voz conformada – Se é o que você quer de verdade, eu vou.

Totalmente surpresa com aquela atitude, busquei algum vestígio de raiva ou irritação em seus olhos, em vão. Tentei entender o que estava acontecendo, mas suas íris estavam vazias, ilegíveis. Ele estava... Cedendo?

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora