Capítulo 35

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Mais meia hora de insônia se passou, e eu comemorei sarcasticamente a chegada das três da madrugada, com quase todas as minhas unhas roídas até não poder mais. A ansiedade que havia tomado conta de mim insistia em se intensificar a cada segundo, e por mais que eu me perguntasse o motivo dela, nada me vinha à cabeça. Bom... Pelo menos nada que eu considerasse agradável. E só para me ajudar ainda mais, após minha estranha visão, meus pensamentos não conseguiam se desviar de Ucker, provavelmente por causa da lembrança que os faróis ilusórios ressuscitaram.

E como minha cabeça sempre conseguia tomar os piores caminhos, não se contentou em focalizar suas energias apenas em Ucker, por pior que aquilo já fosse. Como se eu já não estivesse frustrada o bastante por estar pensando nele, uma pergunta subitamente surgiu do emaranhado de pensamentos que se formava dentro dela, alarmando ainda mais meu coração e fazendo com que o estranho suor frio que brotava de minha testa se intensificasse.

Será que ele realmente viria essa noite?

Enquanto meu cérebro processava a complexidade daquela pergunta, eu comecei a piscar mais que o normal, e meus dedos não conseguiam sair do meio de meus cabelos, enterrados entre suas mechas em sinal de desespero. Por que raios eu tinha de ser tão fraca? Por que eu não podia simplesmente me manter calada e guardar minhas fraquezas para mim mesma?

Por que eu tinha que ter perguntado se ele voltaria? Tudo o que fiz foi criar falsas esperanças para ele, de que eu talvez estivesse interessada em repetir a dose da noite anterior! E isso era, definitivamente, tudo que eu não queria!

Ou pelo menos, tudo o que eu fingia desesperadamente não querer.

Naquele momento, eu me dei conta do quão ridícula e imatura eu estava sendo diante daquela situação. Meu corpo e minha mente davam sinais claros de que não pensar em Ucker estava se tornando cada vez mais impossível, mas uma parte de mim, a parte racional, ainda se recusava a dar o braço a torcer, tentando lutar inutilmente contra meus impulsos. Não adiantaria nada continuar repetindo para mim mesma que eu estava bem e que aquilo era apenas uma insônia sem motivo, sendo que eu sabia exatamente a razão de minha ansiedade.

Infelizmente, eu precisava aceitar que ainda não tinha forças suficientes para afastar a sombra de Ucker de meus pensamentos, por mais intensas que fossem as minhas tentativas de abafar o estranho poder que ele tinha sobre mim. Era nítido que ele tinha algo que me desarmava completamente, dopando minha consciência e aflorando meus piores instintos.

Soltei todo o ar tensamente preso em meus pulmões, fechando os olhos e deitando minha cabeça no encosto do sofá. Um sorriso sem humor algum se formou em meu rosto, externando minha frustração comigo mesma. Eu estava destinada a ser fraca, pro resto da minha vida. Era como se eu jamais fosse ser capaz de vencer algum obstáculo que surgisse na minha frente, apenas fosse me curvar diante dele e deixá-lo modificar minha vida, fosse para melhor ou para pior.

A fraqueza era meu fardo. E Ucker era a prova viva disso. Ele sabia muito bem que esse era meu ponto fraco, que eu era uma presa fácil comparada ao seu poder de ataque invencível, e como se isso já não fosse suficiente, ainda utilizava todos os seus artifícios para me manter hipnotizada. Abduzida.

Encarei o teto, totalmente inerte, e ao invés do cinza sem graça, o discreto sorriso de Ucker ao ir embora na noite anterior surgiu em meu campo de visão. Teria aquilo sido mesmo uma resposta, ou apenas mais uma de minhas ilusões?

Não... Ele não podia fazer isso comigo. Ele não seria capaz. Eu sabia que ele viria.

Ele não teria coragem de me deixar esperando.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora