Capítulo 6

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– Nunca pensei que um dia eu estaria beijando você – repeti, frisando a última palavra – E te ouvindo dizer coisas assim pra mim.

– Eu tentei ignorar esse meu interesse por você, eu juro que tentei – Poncho falou, acariciando minha cintura enquanto eu brincava com a gola de seu suéter – Mas ontem eu não aguentei mais me segurar, não sei o que me deu... Tava tudo escuro, e você totalmente sozinha lá atrás... Eu detesto te ver sozinha na classe, já falei isso.

– Não liga pra essas coisas, eu não faço questão de ser amiga de ninguém daquela classe – sorri, ao ver que ele estava ficando meio bravo.

Poncho entortou a boca e me olhou, cedendo logo depois e sorrindo comigo.

– Falando em classe, acho que te roubei de alguma aula – ele lembrou, fazendo uma careta sapeca – Não é melhor você voltar?

– Infelizmente é – suspirei, triste – O Guto deve estar estranhando minha demora no banheiro.

– É só falar que comeu waffles no café da manhã – ele riu, e eu franzi a testa, sem entender – Ele sempre tem dor de barriga quando come waffles, vai se identificar com o seu sofrimento.

– Bom saber – gargalhei, e ele logo me calou com um beijo caloroso.

– Amanhã eu dou um jeito pra gente se ver – Poncho avisou, me abraçando pela cintura e me colocando no chão – Vai lá, pequena.

Dei um sorriso fofo pra ele, e sem conseguir resistir, puxei-o de novo pra outro beijo. Poncho não reclamou, pelo contrário, pareceu gostar da surpresa. Eu não queria me afastar dos braços daquele homem nunca mais. Era tudo muito lindo pra ser verdade e eu não queria acordar daquele sonho de jeito nenhum.

– Até amanhã então – murmurei, quando partimos o beijo, e saí da sala sorrateiramente, deixando-o com um sorriso de orelha a orelha em seu rosto. E no meu também, claro.

Quando voltei pra sala de aula, todo mundo já tinha acabado a prova, e se amontoava sobre a mesa do professor pra vê-lo corrigir as avaliações. Sem um pingo de interesse em minha nota naquele momento e feliz por conseguir entrar na sala sem ser notada, apenas me sentei em minha carteira, com o olhar perdido na lousa vazia. Eu ainda conseguia sentir o perfume dele ao meu redor, como se estivesse impregnado em mim. Seria difícil acalmar meu coração e não pensar naqueles olhos pretos, naqueles lábios maravilhosos, naquele corpo divino... Não tinha como não pensar nele.

O sinal logo tocou, anunciando o intervalo, e eu me esforcei pra não sorrir demais enquanto conversava com Anahí e descia as escadas rumo ao pátio. Não só pra não dar muita bandeira, mas também porque Poncho estava a poucos metros da gente, descendo lentamente as escadas e conversando animadamente com um inspetor.

Eu e Anahí acabamos encontrando uma brecha logo à frente, e aceleramos a descida, passando bem perto dele. Meu ombro acabou relando em seu braço sem querer (tá, nem tão sem querer assim), e ele se virou pra pedir desculpas pelo esbarrão. Assim que nossos olhares se encontraram, abri um sorriso tímido, enquanto ele apenas disfarçou, e continuamos andando cada um pro seu canto, como se fôssemos apenas professor e aluna.

– Hoje eu tenho aula com ele e você nã-ão! – Anahí murmurou, rindo assim que nos afastamos dele – Chupa essa manga, meu bem.

– Tudo bem, minha aula com ele ainda vai chegar – sorri, me controlando pra não desembuchar tudo - Pena que a aula do Uckermann venha logo depois da dele.

– Também te amo, Saviñón – ouvi uma voz masculina dizer bem atrás de mim, e logo vi meu querido professor de biologia laboratório passar ao meu lado, com um sorrisinho sedutor.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora