Capítulo 64

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- Tem razão – assenti, olhando para mamãe e vendo-a sorrir calmamente – Obrigada por estar me apoiando... Mesmo que eu não esteja exatamente merecendo isso dessa vez.

- O que foi que eu te disse ontem? – ela perguntou, me abraçando e logo depois apertando meu nariz, o que fez com que Christopher risse de minha careta involuntária – Desde que você não queira fugir para um trailer no Colorado, te dou meu apoio.

- Não era no Texas? – corrigi, sorrindo, e ela parou por um momento, pensando no caso.

- Os dois, na verdade – ela riu, e eu fiz o mesmo – Por acaso, você não tem um trailer, certo, Christopher?

- Não, fique tranquila – ele respondeu, e eu me lembrei de outra dúvida que surgira em minha cabeça dentro da diretoria.

- Aliás... Quando vocês dois se conheceram? – cochichei, temendo ser ouvida por pessoas desagradáveis enquanto atravessávamos o pátio rumo à saída da escola – Foi um tanto chocante ver os dois se cumprimentando como se fossem amigos lá dentro.

- Hm... Na verdade, nós não nos conhecemos – mamãe explicou, olhando para Christopher e sorrindo de um jeito simpático – Mas eu deduzi quem ele era assim que cheguei, porque o outro estava com aquela garota pendurada no ombro. Logo, o que sobrou só podia ser o tal Christopher Uckermann. Foi aí que eu quis quebrar as pernas de todo mundo e cumprimentá-lo como se já nos conhecêssemos. Graças a Deus ele entendeu e entrou na encenação e a diretora ficou de queixo caído com a nossa suposta familiaridade. Foi arriscado, mas funcionou, e a propósito, obrigada!

- De nada – Christopher riu, me deixando ainda mais impressionada com o esquema habilmente improvisado ao meu redor sem que eu sequer me desse conta dele – Foi uma ideia brilhante, sra. Saviñón.

- Mães se tornam gênios quando precisam defender os filhos – ela riu, e subitamente começou a revirar sua bolsa, como se seu celular estivesse tocando; e de fato, estava – Com licença, é do trabalho, preciso atender.

Mamãe se afastou um pouco, parando na calçada a alguns metros de nós, e assim que não era mais capaz de nos ouvir, Christopher sussurrou ao pé de meu ouvido:

– Você está bem?

Suspirei, virando-me de frente para ele, e só quando meus olhos focalizaram os seus me dei conta do quanto aquela manhã havia sido tensa.

- Eu não sei – respondi, sendo bastante honesta – Tudo está se atropelando dentro da minha cabeça.

- É compreensível, foram emoções demais em pouco tempo – ele murmurou, acariciando meus ombros discretamente.

- Principalmente surpresas – ressaltei, arregalando um pouco os olhos ao me recordar de todas as barbaridades e choques pelos quais havia passado – Mal dá pra enxergar o antigo Poncho no de agora... Desde as atitudes até a fisionomia, tudo está diferente. Isso me assusta.

- Não precisa ficar assustada, não temos de que ter medo – ele murmurou, dando-me uma injeção de positivismo através de seu olhar e tom de voz – Olhe só a quantidade de evidências que apresentamos, contra apenas o suposto testemunho de Maria! Além do mais, não temos nada a perder. Você se forma daqui a praticamente um mês, já tem notas boas o bastante para ser aprovada... E eu não faço mais questão de trabalhar aqui mesmo.

- Vou ser bem sincera ao dizer que me sinto culpada pela sua demissão, e de certa forma eu sou mesmo – confessei, vendo-o fazer cara de tédio – Mas nós já sabíamos que isso aconteceria caso a diretora tomasse conhecimento da verdade.

- Dulce, ia ser bem bacana se você sorrisse e dissesse Parabéns, você está desempregado!, só pra variar – ele revirou os olhos, encurvando os ombros em desânimo e me fazendo rir baixo – Faz uma cara melhor, não são nem oito e meia da manhã e você já parece exausta!

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora