Capítulo 61

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- E você? Não pisou em mim também? – rebati, irritada com sua atitude mesquinha – Acha que pode me fazer de amante sem que eu sequer soubesse da existência de sua noiva desde o começo e simplesmente sair ileso, se fazendo de bom moço ainda por cima?

- Eu fiz isso porque te amo! Eu fui burro o bastante pra me apaixonar por você! – Poncho gritou, e agora as lágrimas rolavam por seu rosto enfurecido conforme ele voltava a se aproximar de mim – Eu já devia saber que você não vale porra nenhuma e não passa de uma vadiazinha que botaria um belo chifre na minha cabeça assim que tivesse a chance!

- Chega! – exclamei, e sem sequer conseguir pensar, atingi seu rosto com um tapa, usando toda a força que pude reunir – Eu não vim aqui pra te diminuir, e não admito que você faça isso comigo!

Poncho levou uma mão à parte atingida de seu rosto, pego de surpresa com minha agressão, e sem nem hesitar, devolveu o tapa com toda a sua força, fazendo-me cambalear para o lado, totalmente desnorteada e com muita dor. Levei minhas mãos à cabeça, fechando os olhos e sentindo tudo girar ao meu redor, e novamente o gosto de sangue surgiu em minha boca.

- Eu te diminuo sim – ele cuspiu, com a voz carregada de desdém, e aos poucos meus olhos foram se enchendo de lágrimas - Você não vale o chão que pisa, garota... Maldito foi o dia em que eu te deixei entrar na minha vida.

Respirei fundo, tentando organizar minha mente, mas minha cabeça doía tanto que eu mal conseguia abrir os olhos. Parecia que ele havia rachado meu crânio ou algo do tipo, pra ser bastante honesta. Mesmo assim, fiz um esforço, e por mais que minha voz tenha saído baixa, ele pôde me ouvir.

- Vá pro inferno.

- Eu vou... Pode ter certeza disso – ele murmurou, e sua respiração bateu em meu ouvido, mas por mais que eu sentisse medo, tudo estava girando demais ao meu redor para que eu pudesse me afastar – Mas vou arrastar vocês dois comigo.

- Me deixe em paz – pedi, apoiando-me no sofá ao meu lado ao sentir minha cabeça pulsar, e ele soltou um risinho debochado.

- Não posso fazer isso... Tenho uma promessa a cumprir – Poncho rosnou ao pé de meu ouvido, apertando meu braço com tanta força que seus dedos interromperam minha circulação e fazendo um gemido baixo escapar de minha garganta – Já se esqueceu dela?

Assim que ouvi suas palavras, foi como se eu tivesse sido arrancada dali. Eu não estava mais no apartamento de Poncho, minha cabeça não doía, nem sua mão machucava meu braço. Uma brisa suave brincava com meus cabelos, e um cheiro de mar adentrava minhas narinas, assim como um magnífico pôr-do-sol era tudo o que eu via diante de mim.

A promessa... Eu me lembrava bem dela. Tão bem que nem me assustei ao ouvir minha própria voz, junto com a dele, ecoar em minha mente.

- Se eu te pedir uma coisa... Promete que vai fazer?

- O que você quiser.

- Por favor, prometa que vai fazer.

- Prometo... Não confia em mim?

- Então me prometa só mais uma coisa... Se um dia eu te machucar... Prometa que vai fazer pior comigo.

- Como assim, Dul? Como você poderia me machucar?

- Eu só quero que você me dê a certeza de que vou me arrepender amargamente do dia em que te fizer sofrer... Quero que prometa que não vai me deixar em paz sem me punir por uma injustiça dessas.

Abri meus olhos, sentindo grossas lágrimas escaparem por eles, e o chão do apartamento de Poncho surgiu em minha visão. A brisa subitamente parou, e o cheiro do mar sumiu de imediato. Porém, as vozes em minha cabeça continuaram a reproduzir minha memória, como se alguém a estivesse sussurrando em meu ouvido.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora