Capítulo 41

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- E eu tô começando a me irritar com você! – rosnei, fazendo-a acordar de seus pensamentos e me olhar com uma pontada de medo – Se eu tô falando que não quero contar, tenha um pingo de educação e respeite minha decisão! Acha que consegue fazer isso pelo menos uma vez na vida?

Ela continuou me encarando, estranhando minha súbita agressividade, e eu apenas respirei fundo, fechando os olhos por alguns segundos e tentando fazer meu estresse diminuir. Eu simplesmente não funcionava bem sob pressão, e ultimamente parecia que tudo me pressionava de certa forma.

- Desculpa, Dul – Anahí murmurou, finalmente percebendo que estava exagerando um pouco – É que eu me preocupo demais com você, sabe que não consigo te ver com problemas e não querer ajudar. E quanto à curiosidade... Bem, é simplesmente mais forte do que eu.

Voltei a encará-la, me deparando com seus olhos arrependidos, e sorri de leve por suas palavras reconfortantes e ao mesmo tempo engraçadas.

- Eu sei, Any - suspirei, abraçando-a lateralmente e grudando nossas bochechas – Me desculpe por ter sido grossa com você, sei que se preocupa demais comigo. Por acaso eu já te agradeci por existir?

Anahí soltou uma gargalhada alta, retribuindo meu abraço desajeitado e tentando se equilibrar comigo pendurada em seu pescoço enquanto andávamos.

- Acho que não – ela respondeu, quando finalmente a soltei e voltamos a caminhar normalmente pelo shopping – Então antes que você se arrependa de ter dito isso, só quero que me responda uma coisa, e com sinceridade, pra que eu possa ficar tranquila: está mesmo tudo bem? Não há nada que eu precise saber sobre esse fim de semana?

Devolvi o olhar prestativo dela, e um suspiro escapou novamente por entre meus lábios. Um sorriso triste ameaçou surgir em meu rosto, mas não havia firmeza suficiente para que ele se alastrasse; apesar disso, não desisti de minha resposta decisiva:

- Não precisa mesmo se preocupar, Any. Já está tudo resolvido.

O resto da semana se arrastou com uma velocidade surpreendentemente rápida, apesar de torturante. Durante as aulas, por mais alto que os professores falassem e por mais interessante ou de fácil entendimento que fosse a matéria, tudo que meus ouvidos conseguiam captar era a voz de um certo ser loiro de olhos verdes que não parava de cochichar entusiasticamente com suas amigas sobre como seu vestido para o baile era lindo, maravilhoso, perfeito, caro...

E sobre como ele ficaria ainda melhor no chão do quarto do Uckermann depois da festa.

Não que eu estivesse ligando pra algum dos dois, pelo contrário, mas para um homem como Christopher, era humilhação demais se meter com uma retardada, ou melhor, meter numa retardada como Maria. Quer dizer, ele não sentia vergonha? Será que existia algum tipo de premiação secreta por pegar a aluna mais fútil de todo o colégio? Era algum tipo de aposta que ele havia perdido? Ou então um enigma como aquele requeria um intelecto superior ao meu? É, talvez essa fosse a opção mais próxima da realidade.

A única coisa que parecia cooperar comigo (se é que posso dizer dessa forma), surpreendentemente, era quem mais deveria estar me incomodando. Christopher mal apareceu durante os outros três dias de aula, a não ser quando foi forçado a ficar preso por 50 minutos no mesmo ambiente que eu: sua aula de biologia laboratório.

E mesmo assim, parecia distante, como um animal selvagem enjaulado, incomodado por não poder simplesmente sair correndo dali. Explicou breve, porém detalhadamente como a aula procederia, e se manteve sentado em sua mesa, com o olhar perdido nas dezenas de relatórios que corrigia. Vez ou outra, passava os dedos nervosamente por entre os cabelos, colocando-os para trás e deixando ainda mais visível seu comportamento subitamente claustrofóbico.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora