Capítulo 4

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Ele olhou na mesma direção que eu, e colocou sua mão por baixo da minha, com a palma pra cima, entrelaçando nossos dedos.

– Obrigada, professor – eu gaguejei, com a voz quase inaudível, e ergui meu olhar pra ele – Eu também acho o senhor um homem incrível.

Sua mão era quase o dobro da minha em tamanho, macia e quentinha. Talvez a mão mais gostosa de segurar no mundo. Com um sorrisinho adolescente, o Sr. Herrera voltou a me encarar, com seus olhos pretos brilhando muito em meio à escuridão, e eu percebi que seu rosto se aproximava do meu devagar. Fiquei séria, com medo de alguém olhar pra trás e nos ver, mas ele colocou uma mão em meu rosto, como se me impedisse de virar e checar essa possibilidade.

– Eu já tomei esse cuidado, pode ficar tranquila – ele sorriu, acariciando minha bochecha com seu polegar.

Sorri também, com o coração acelerado. Milhares de coisas passavam pela minha cabeça. Eu estava prestes a ser beijada pelo professor que eu mais admirava nesse mundo. O cara mais perfeito que eu já tinha conhecido, que nunca mostrou um defeito sequer durante os três anos em que me deu aula. E que era treze anos mais velho que eu. Mesmo com tantos conflitos, apenas fechei os olhos e deixei as preocupações de lado.

Nossos lábios se tocaram e eu logo permiti que ele aprofundasse o beijo, brincando calma e intensamente com a minha língua. Deslizei minha mão pelo ombro dele na direção da nuca, quase prensada entre o encosto da cadeira e seu rosto, e embrenhei meus dedos naqueles cabelos macios.

Poncho (acho que agora tenho intimidade suficiente pra chamá-lo pelo nome, certo?) apertou com mais força a minha mão, me fazendo sorrir. Logo ele partiu o beijo, deixando seu rosto próximo do meu e me encarando de um jeito bonitinho.

– Acho melhor te emprestar esse documentário pra você ver em casa – ele riu baixinho, e eu assenti, ainda assimilando tudo que tinha acontecido.

Durante o filme todo, nós ficamos de mãos dadas disfarçadamente, até que o documentário acabou e ele se levantou para acender as luzes. Várias pessoas, incluindo Carla, acordaram assustadas com a claridade repentina.

– Até mais, professor – sorri, tentando não dar bandeira do que tinha acontecido quando ia passar pela porta, mas ele logo fez uma cara meio brava e disse:

– Espera, Saviñón, eu preciso conversar sobre um assunto sério com você.

Engoli em seco, nervosa, e esperei até que o anfiteatro estivesse vazio.

– O que foi? – perguntei, confusa, enquanto ele nos fechava lá dentro, e recebi um beijo como resposta.

Poncho me abraçou pela cintura, me puxando pra bem perto dele com vontade, e eu passei meus braços por seu pescoço, ainda surpresa com aquela atitude inesperada. Ele me levantou do chão, sorrindo durante o beijo, e eu segurei firme em seus ombros deliciosos. Eu só podia estar sonhando, não era realmente possível eu estar beijando Alfonso Herrera, o homem mais perfeito da face da Terra. Ele desacelerou o beijo após alguns maravilhosos minutos, transformando-o em vários selinhos, até que parou de me beijar e ficou me olhando, ainda sem me deixar tocar o chão.

– Desculpa, eu vou fazer você se atrasar pra próxima aula – ele disse, alarmado, acordando do transe e parando de me segurar como se estivesse fazendo algo proibido (e se formos pensar bem, estava mesmo).

– Tudo bem, eu não me importo – sorri, ainda abraçando-o pelo pescoço – Não acho que vá conseguir prestar atenção em alguma coisa hoje depois disso tudo.

– Pelo menos você tem a opção de não prestar atenção – ele riu, com seus braços firmes ao redor da minha cintura – E eu, que tenho que estar sempre concentrado no que vou explicar? Tô ferrado hoje!

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora