Capítulo 30

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- Essa é a sua última chance de me deixar menos ansiosa e me contar pra onde estamos indo – suspirei educadamente, após alguns metros percorridos em silêncio.

Ele ergueu uma sobrancelha, sem me olhar, e um sorrisinho começou a brincar em seus lábios. Parecia que meu poder de persuasão não adiantaria nada.

- Tudo bem – voltei a falar, quando vi que ele não responderia – Essa viagem poderia ser muito mais... Divertida, mas já que é assim... Você que sabe.

Poncho alargou seu sorriso de canto, balançando negativamente a cabeça num falso tom de desaprovação.

- Então é assim que você acha que vai me convencer? – ele perguntou, finalmente me olhando de um jeito esperto – Acha que eu não vim preparado pra resistir às suas chantagens?

Confesso que aquele olhar dele me deixou um pouco fora dos eixos. Ele já tinha olhado pra mim várias vezes daquele jeito convencido. Mas em nenhuma das outras vezes, os olhos que eu vi nele pareciam pertencer a outra pessoa como naquele momento. Senti meu corpo se arrepiar por inteiro, apesar de minha relutância.

- Te odeio – revirei os olhos o mais naturalmente que pude, me encolhendo no banco do carona e fazendo Poncho rir. Ele sempre ria de tudo que eu fazia, fator que eu sempre usava como vantagem em momentos nos quais eu precisava disfarçar alguma coisa.

Continuamos nossa viagem, conversando de vez em quando, cantarolando as músicas que tocavam na rádio e fazendo coisas agradáveis que se podem fazer num carro (nada das coisas que você deve estar pensando). Eu sabia que estávamos saindo de Londres, mas como eu desconhecia os caminhos para outras cidades, até mesmo as mais próximas, nem tentei me localizar. Pelo contrário, após uma hora rindo feito louca das besteiras que Poncho falava, acabei ficando meio grogue e caí no sono. Só acordei por volta de uma hora depois, quando o sol já começava a baixar ao leste.

Me ajeitei no banco do carona, piscando algumas vezes pra por minha visão em foco. Olhei em volta, tentando descobrir onde estávamos, mas nada me parecia familiar. Definitivamente, eu nunca tinha pisado naquele lugar antes.

- Bom dia, bela adormecida – Poncho brincou, colocando uma mão sobre a minha coxa e fazendo carinho de leve – Eu e você sozinhos dentro de um carro e tudo que você faz é dormir? Que decepção.

- Você escolheu assim, não se esqueça disso – lembrei, me virando pra ele sem conseguir conter um risinho, e ele retribuiu rapidamente meu olhar com um sorriso danado.

- Já estamos quase lá, só mais alguns minutos – ele disse, passando as costas dos dedos em minha bochecha e voltando a se concentrar no trânsito.

Aproveitei o vento favorável que vinha da janela e o retrovisor do carro pra arrumar meu cabelo e dar um jeito na minha cara amassada, sem conseguir não sorrir quando ele insistia que eu era linda de qualquer jeito. Eu nunca me acostumaria ao cavalheirismo de Poncho.

Minha ansiedade aumentava a cada curva, até que ele virou numa rua deserta e estacionou seu carro na frente de uma bela casa de praia. Poncho desligou o carro, suspirando satisfeito e virando-se pra mim com a expressão ansiosa. Eu mal conseguia ter controle sobre meus músculos faciais, de tão impressionada com toda aquela beleza arquitetônica bem diante dos meus olhos.

- Então... – ouvi Poncho perguntar, estudando minha reação - O que acha?

- C-chegamos? – perguntei, atônita, e ele apenas sorriu significativamente. Olhei pra ele, boquiaberta, e logo um sorriso de orelha a orelha se abriu em meu rosto. Aquele lugar era lindo, e agora que o motor do carro não fazia barulho, era possível ouvir as ondas do mar quebrando em algum lugar perto dali.

Meu Amado Professor (VONDY)Onde histórias criam vida. Descubra agora