A era dos Talamaurs

De volta à Floresta Negra

Já era madrugada quando Hinata e seus companheiros deixaram o abrigo onde estavam. Apesar de saberem que poderiam ter seguido caminho o quanto antes, ainda era estranho para eles a noção de que poderiam caminhar livremente durante o dia. Na verdade, ainda encontravam certa dificuldade de adaptação. Naruto, ao contrário, estava o tempo todo a bocejar.

Estavam caminhando lentamente, porque ainda não sabiam como o mordido estava com relação à suas habilidades, nem mesmo entendiam quais habilidades ele deveria ter. Hinata, apesar de tentar disfarçar sua curiosidade, não conseguia ficar um minuto sequer sem olhar para o mais novo convertido. Já começava a ficar incomodada com ela mesma.

— Vem cá, temos mesmo que ir tão devagar? — questionou Belial.

— Naruto, como se sente? — perguntou Hinata.

— Não sei. Bem. Quero dizer; não sinto mais dor alguma e também não sinto mais frio, a febre deve ter passado.

— Você sentiu dor?

— Demais. Só não chamava pela morte, porque não conseguia falar nada. Só fui melhorar um pouco hoje pela manhã.

Hinata assentiu, não imaginava que era assim uma transformação, não imaginava nada sobre esse assunto na verdade.

— Acha que consegue correr? — Ino perguntou.

— Ah, consigo!

— Mas ela não está falando sobre correr como os humanos, garoto — disse Belial, escorando-se no ombro de Ino.

— Como vocês fazem então? Tipo cachorro?

Hinata não aguentou e começou a rir. Não fazia barulho nenhum, mas seus olhos chegaram a lacrimejar, contagiando Ino e Belial. Naruto ficou com a bochecha vermelha.

— Desculpa — pediu Hinata ao notar como ele estava. — É porque... é tão diferente ter que explicar essas coisas. É tudo tão natural para nós, que chega a ser difícil e engraçado — falou, mordendo o lábio inferior e olhando o mordido com compaixão. — Podemos tentar. O que você acha?

— Certo, mas o que devo fazer?

— Correr — disse Belial. — Corra o mais rápido que puder.

— Só isso?

— Não sei — disse Ino. — Quando eu corro como os humanos correm, tenho que me conter um pouco e tentar prestar atenção no movimento das coisas ao meu redor, senão acabo passando dos limites, mas quando corro livremente e quando preciso correr muito, já tenho que fazer um pouco mais de esforço. Então talvez você só precise se esforçar o quanto puder.

— Você também tem que tomar cuidado, focar bem sua visão, caso contrário poderá tropeçar ou bater em alguma coisa. E em alta velocidade qualquer coisinha já será o suficiente para te derrubar e te machucar um bocado — explicou Hinata.

— Verdade, garoto. Não vá querer cair. Não mesmo — falou Belial.

— Certo! — ele disse empolgado. — Quero tentar então.

Todos concordaram, e Hinata estava se sentindo como se estivesse ainda mais empolgada do que o convertido. Quanto tempo não se divertia? Quanto tempo não ria de forma tão espontânea? Não conseguia se lembrar. Chegou a pensar que nunca. Nunca tinha se divertido. Sua vida sempre foi focada em estudar e treinar para poder poupar sua irmã do fardo da liderança e, de alguma forma que ainda não sabia, acabar com a guerra que existia entre o clã dela e dos Otsutsuki.

Todos pararam, Naruto estava nervoso, mas com a adrenalina alta. Era como se estivesse descobrindo um mundo completamente novo e sabia que era apenas um pequeno começo para o que aquilo tudo realmente era.