A caverna

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Naruto já ouvira falar daquela floresta que era habitada pelos Hyuuga, inclusive sobre o Manancial da Guarda. Era assim que aquele lugar era conhecido pelos humanos. Quando criança, Naruto sempre ouvia histórias sobre o lugar, ele sempre gostara das mais assustadoras, mesmo sabendo que não conseguia dormir após ouvi-las.

Pedia para que seu padrinho as contasse, só que ele sempre se recusava, então acabava por ouvir às escondidas em portas de tabernas e através de um velho e cego mercador. Os mais velhos diziam que há muito tempo, quando o Castelo Quatro Torres ainda estava no início de sua construção, houve um desentendimento entre o rei e os híbridos Uchiha, o que fez com que os Olhos Vermelhos se dividissem.

Alguns foram embora da cidade, enquanto outros permaneceram a apoiar o primeiro rei, Hashirama. O pouco que se sabia sobre isso era que os Uchiha que evadiram Cortina de Ferro foram parar justamente naquele local, no Manancial da Guarda. Diziam que eles se aproveitavam do matagal para se esconder e caçar com maior propriedade.

O problema é que o lugar, segundo as histórias, era habitado por animais ferozes que desconheciam o medo de qualquer outro ser vivente, e ainda assim os Uchiha não acreditavam nisso e resolveram que ali mesmo habitariam. Com o tempo boatos se espalharam pela cidade, que diziam que o Manancial estava se tornando uma zona interminável de focos de incêndio.

O rei de Cortina de Ferro enviara, então, cavaleiros armados para promover a paz entre os Uchiha que haviam desertado, mas nenhum dos cavaleiros voltou ao castelo. Depois de algum tempo e por insistência dos Uchiha que haviam ficado como aliados do rei, Hashirama resolvera que ele mesmo deveria ir em busca dos que tinham ido embora. Juntou uma quantidade significativa de soldados e foi com eles até Manancial da Guarda... mas o lugar só ficara conhecido assim porque todos os guardas que foram junto ao rei nessa busca acabaram morrendo.

Segundo o que se segredava pelos velhos moradores de Cortina de Ferro, um dos Uchiha que havia desertado estava descontrolado, e que de seus olhos saíam fogo. Tudo o que o rei poderia tentar, ele tentara naquele dia, mas apenas conseguiu ele mesmo fugir, e todos os outros pereceram no fogo que queimava e nunca parava.

Nunca mais ninguém se atreveu a ir até aquele lugar, mas cantores e gracejadores viviam a escrever sobre Manancial da Guarda, dizendo que ali o fogo para sempre reinaria e queimaria até o dia que consumiria todo o mundo, tornando-se rei sobre todos e inferno perpétuo.

Ele sabia que não devia ter ido até lá, fora advertido contra isso, mas a curiosidade que o atingiu ao ver aquela névoa que se erguia no local o fez desviar do que havia dito não fazer. Começava a pensar que aquela história poderia, de alguma forma, ser verdade.

Naruto caminhava a passos largos, com suas mãos estendidas tateando o nada em busca de qualquer obstáculo. Por mais que apertasse seus olhos, não conseguia ver nada em meio à densidade daquela nuvem que o engolia a cada movimento.

Seus dedos bateram contra algo rijo, ele foi apalpando e se aproximando, sentindo o cheiro de madeira recém cortada impregnando seu nariz. O cheiro forte, em contraste com o cheiro da relva, o fez soltar um alto espirro, que ele até tentara conter, mas não conseguiu, sua cabeça pendeu para frente, batendo contra o objeto que ele tocava, fazendo com que a madeira balançasse para frente e para trás. Naruto se agarrou àquilo, tentando o conter, e ao olhar para cima levou um enorme susto ao perceber o contorno de um rosto.

— O que faz aqui? — era a voz de Hinata, mas ele não a via.

— Queria ver — ele disse, soltando-se do que quer que fosse aquela coisa. — O que é isso?

— Uma marionete — ela sussurrou, aproximando-se tanto que chegou a se encostar nele. — Onde estão os outros?

— Vim sozinho.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora