O amor de uma vida

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Ino teve que parar para poder esperar o tremor passar. Estava correndo devagar, mas às vezes apenas caminhava. Estava se cansando rápido demais por conta da falta de alimentação e já sentia seu respirar mais dificultoso, só que, antes de qualquer coisa, ela queria ir até Deidara.

Não conseguia mais esconder dele o que ela realmente era, teve coragem para contar seu segredo a desconhecidos, correndo risco e fazendo com que todos que conhecia também o corressem, mas, para quem amava, ela simplesmente não teve coragem de falar.

Entrou na cidade pelo buraco que havia no muro, o que Naruto a tinha mostrado. Acabou ralando o ombro no processo e não estava conseguindo se curar mais. Aquilo ardia, queimava, mas o que mais doía era imaginar que Deidara a poderia ver como um monstro. Ela tinha matado... tinha matado a mulher que o criou para poder se alimentar.

Ela não tinha como saber quem aquela senhora era naquela época, era só o que pensava para tentar justificar o que tinha feito, só que justificativa alguma parecia ser forte o suficiente para que ela pudesse acreditar que ele a perdoaria, que voltaria a querer vê-la outra vez. Talvez fosse melhor hibernar, acordar depois de cem anos e tentar esquecer tudo o que vivi nesses últimos seis meses. Era impossível, ela sabia. Teria que encarar a situação, por mais que isso lhe causasse ainda mais dor.

Começou a caminhar pela rua principal do comércio. Havia poucas pessoas circulando por lá e todos pareciam estranhos, cochichando sobre algo que acabou por lhe deixar curiosa. Parou em uma barraca de tecidos, olhou cotas de malha, roupas bordadas a mão, tecidos finos com detalhes em fio de ouro e artesanatos em madeira. Bonecos infantis vestidos com uma roupa miniatura que lembrava a dos soldados do rei, então parou em uma barraquinha de bebidas, não trazia consigo muito, mas tinha o suficiente para pedir alguma coisa. Uma senhora de cabelos brancos a atendeu, era simpática, e Ino se obrigou a dar-lhe um sorriso. Sentou-se em um banco bambo de madeira e avistou cavalheiros que passavam de barraca em barraca, entregando uma folha amarelada e rústica às pessoas.

— Tem algo errado acontecendo — disse a senhora, entregando o suco de tomate a Ino. — Quando cheguei para arrumar as coisas, bem cedinho, antes do tremor, vi híbridos gigantes indo em direção ao castelo — contou a mulher, limpando a boca com a barra do avental e se sentando perto de Ino.

— Híbridos gigantes?

— Sim, filha, os soldados estão convocando todos para a praça principal, parece que um pronunciamento será feito, acho que... amanhã — disse incerta.

Ino olhou para seu suco, pensativa.

— Não vieram prestar homenagem à morte do rei? — perguntou, sorvendo um gole do suco.

— Não. Aquele representante deles... como é o nome mesmo? Ah! Gai. Gai já está na cidade há alguns dias, não acredito que viriam mais deles. Além do mais, eles estavam estranhos, vi de longe, sabe, mas pareciam machucados, e tinha guardas para todos os lados. Até o Oficial General estava junto... O suco, ele está doce demais, menina? — a senhora fez menção em levantar, mas Ino fez que não com a cabeça, tomando mais um gole.

— O que pensa ser? Por que acha que os gigantes vieram então?

A senhora mostrou os dentes amarelos em um sorriso torto.

— Bom... não sei, mas com certeza é algum problema. Eles praticamente nunca vêm aqui. Tanto a prova, que os soldados estão estranhos — disse, apontando os cavalheiros que já se faziam próximos a elas. — Só espero que não seja algo que dificulte ainda mais nossa vida. — Suspirou profundamente. — Sei que pode parecer rude o que vou falar, mas estou grata que rei Fugaku morreu, espero que o filho dele seja melhor. Estamos todos passando por momentos difíceis, as vendas estão fracas, como pode ver — abriu os braços, indicando os bancos vazios com os olhos. — Nem podemos ir em reuniões das nossas religiões, porque temos medo. A violência está assombrando a todos... estamos todos sofrendo.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora