O mordido

56 6 6
                                    

Hinata e seus companheiros não sabiam mais o que fazer. Já tinham procurado por todos os lugares, prováveis e improváveis, mas nada encontravam.

A Hyuuga não conseguia dimensionar a capacidade e o poder que o mordido poderia ter, nem mesmo conseguia imaginar como o convenceria a segui-la. Diante das poucas informações que ela tinha sobre o único caso como o dele, não conseguia evitar de ficar se lamentando por terem se encontrado. Agora aquele homem, fosse quem fosse, perderia tudo o que tinha e que conhecia como vida mesmo ainda caminhando sobre a Terra. Não conseguia decidir se isso ou morrer era pior.

A noite já os havia alcançado, só que estava mais escuro do que nas últimas semanas, já que nuvens cobriam o céu, anunciando mais uma possível tempestade e tapando parcialmente as estrelas e o luar.

Hinata parou de correr ao avistar uma sombra a metros de distância à sua frente, os outros pararam ao seu lado e o corpo da Hyuuga se arrepiou com o uivo do vento gélido. Seu Byakugan estava acionado, mas ela nada via, tentava se focar, porém tudo estava borrado e embaçado.

Uma névoa se aproximava, erguendo-se do chão lentamente, como uma cortina de fumaça cinzenta que avançava em direção aos talamaurs, que estavam em total silêncio tentando localizar o oponente.

Sasori tirou sua bolsa das costas e a colocou no chão. Com um movimento de mãos feito por ele, sua marionete rasgou o couro que a prendia. Hinata não pôde deixar de olhar para os detalhes daquele títere e sentiu seu corpo tremulando só de ver a face do pai de Sasori esculpido com olhos tão vivos que pareciam reais como ela.

A vontade que a garota teve naquele momento foi de tocar a peça de madeira, deslizar os dedos pela superfície lustrada... mas sua vontade passou quando as lembranças de seu passado tomaram sua mente. Agora já não conseguia entender o motivo de Sasori ter escolhido logo o pai para esculpir, aquilo parecia álcool na ferida.

Voltou seus olhos para frente, assustando-se ao perceber que agora a névoa estava tão próxima que já quase a engolia. Olhou para o alto, mas era como se ela não tivesse fim. Engoliu em seco.

— São três — Syara disse, começando a arrancar sua blusa e saia do corpo, suas narinas se contraíam enquanto ela ainda farejava o inimigo, sempre atenta.

Era uma Inuzuka e, antes que seu corpo começasse a se convulsionar com a transformação de talamaur para lobo gigante, as marcas de suas bochechas já começavam a ser sugadas pela sua pele.

— Hinata, Boku e Dan, sigam em frente. Syara e eu podemos dar conta — disse Sasori.

— Tem certeza? — Dan questionou.

— Tenho. O Byakugan de Hinata não vai ser útil nessa nevoa. Vão com ela, encontrem o mordido. — A voz de Sasori era firme, e, antes de sair, Hinata olhou mais uma vez para aquela marionete. Ela a assustava.

A Hyuuga e os outros contornaram o local, entrando em uma mata fechada para conseguirem cortar caminho. Já estavam bem próximos à Cortina de Ferro, o grande problema seria tentar encontrar o mordido no meio da noite, sendo que eram apenas três agora, e a cidade, grande demais.

Correram o mais rápido que podiam, mas ainda de longe Hinata conseguia ver que havia algo de errado. Tinha ido até a cidade humana várias vezes com Ino, para que amiga pudesse visitar o namorado humano, entretanto nunca encontraram o portão do muro de Ferro fechado e era exatamente assim que ele se topava agora.

Pararam antes que a vegetação se tornasse escassa e Hinata começou a procurar por alguma maneira de adentrar a cidade. Através de seu poder, ela conseguia ver que havia muitos trabalhadores na parte interna do muro, com suas lamparinas penduradas por toda parte. Eles estavam fazendo armadilhas perto da grande muralha, cavando buracos, enfiando estacas de pau e ferro no chão, enquanto soldados tentavam espantar curiosos para longe.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora