A era dos Talamaurs

Levantes

Cidade Colossal

Tenten estava preocupada. Várias espadas foram encomendadas a ela e, nesses cinquenta anos como ferreira, nunca tinha recebido tantos pedidos. O problema não vinha exclusivamente dos números, até porque todos os anos eram feitas levas diferentes de espadas para a cidade de Ferro, o que a incomodava era o fato de que os pedidos vinham de híbridos gigantes. Dos que eram aliados à causa de Orochimaru, mais precisamente.

Ela foi até o escritório de Maito Gai, tentou conversar com ele sobre o que estava acontecendo, mas ele não a levou a sério. Considerou várias hipóteses absurdas, inclusive a de os gigantes terem se sentido estimulados ao vê-la lutando com Sakura e Karin, no entanto ela sabia muito bem que não era disso que a situação se tratava.

Gai era um híbrido extremamente gentil, sempre acreditando que todos à sua volta eram seus amigos, mas Tenten não conseguia entender por que ele rejeitava enxergar o perigo que Orochimaru estava se tornando naquela cidade, que parecia ficar menor a cada dia por conta das inúmeras reclamações e greves que eram constantemente feitas pelos trabalhadores. Eles reclamavam não apenas das condições precárias de trabalho, em que recebiam pouco para trabalharem 12 árduas horas por dia, em meio ao calor incessante que fazia na cidade, mas também pelo tratamento preconceituoso que lhes era conferido pelos humanos.

Orochimaru colocava na cabeça deles que o governo humano estava errado, eles estavam sendo comandados por híbridos, como eles, mas estavam sendo tratados como escória, só por serem gigantes. Tenten entendia bem o que eles sentiam, porém sabia que o objetivo de Orochimaru não era apenas a mudança da carga horária da jornada de trabalho nem mesmo o salário que eles recebiam ou a integração dos gigantes na sociedade humana, ele queria que a Cidade Colossal fosse independente, e não era preciso muito para entender que isso só aconteceria em meio a uma guerra. Os homens não abririam mão de uma cidade tão lucrativa para eles como a Cidade Colossal.

Rock Lee, apesar de sempre seguir as orientações e decisões de Gai, mesmo quando sabia que ele estava errado, dessa vez acabou concordando com sua irmã de criação, aceitando o pedido dela para que eles começassem a procurar por indícios de traição ao governo de Gai. Eles tinham certeza de que encontrariam alguma coisa, mas todos sabiam quem eles eram, o que tornava o trabalho de espionagem dos dois mais difícil.

Apenas três dias se passaram desde que as mais novas amigas de Tenten tinham ido embora. Ela havia contado para as garotas o que achava estar acontecendo, ficaram de manter contato por cartas, através das aves que faziam o serviço de correio. O problema era que Tenten gostaria de poder usar essas mensagens para desabafar com as garotas, contudo sabia que isso era correr risco demais. Se uma carta falando sobre uma possível revolta dos híbridos gigantes fosse interceptada por alguém, mesmo sem querer, isso poderia trazer muitos problemas para as duas cidades.

Estava noite, ela e Lee tinham combinado de sair no dia seguinte para tentarem coletar alguma informação. Tenten batia seus pés descalços no piso lustroso de seu quarto, sentada em sua imensa escrivaninha que fora feita especialmente para ela, já que cada híbrido possuía um tamanho e porte físico diferente. A vela de seu candelabro estava acesa, e o fogo espalhava-se conforme o vento adentrava a janela que havia em cima da mesa.

Ela já tinha escrito uma carta para as garotas, mas, ao perceber que as informações dela eram muito diretas, amassou o papel e começou a escrever outra. Queria contar tudo, dizer que estava temendo pelo seu pai de criação, pelos híbridos que apenas desejavam viver em paz, que temia por Lee, já que o gigante era muito impulsivo. Queria dizer que tinha certeza de que Orochimaru estava começando a agir, mas sabia que não podia e isso a desgraçava.

Acabou por se lembrar de algo dito por Karin, quando confidenciou seus temores às duas humanas; "Agora, com esse problema, você terá uma jornada dupla de trabalho". Retomou sua escrita, usando a frase dita por uma de suas novas amigas como base para um código, não sabia se Sakura entenderia, já que com ela tudo tinha de ser direto, mas Karin certamente decifraria seus dizeres.