O assentamento

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Já estavam na metade da madrugada quando Hinata entrou em seus aposentos com uma muda de roupa limpa nas mãos. Toda a agitação dos últimos dias a estava deixando sem sono, o que, agora, não era de nada ruim, já que precisavam aproveitar a escuridão que ainda fazia para procurarem pelo abrigo dos vigias de Toneri — apesar de poderem andar ao sol, o escuro fornecia abrigo incontestável para operações como aquela.

Belial estava dentro do banheiro aguardando por ela, enquanto os demais talamaurs que seguiriam junto a eles estavam sentados ao chão, traçando rotas com as informações que Kiba tinha sobre o lugar mais ao leste que ele havia ido naquela noite. Hinata deu três fortes batidas na porta enquanto observava de soslaio a conversa que os outros tinham.

— Ah... que bom. Já não aguentava mais aquelas roupas... aquele cheiro! — disse Belial ao abrir a porta.

— Sinto muito por aquilo. Eu realmente não esperava...

— Que isso, princesa, não precisa se desculpar. Parece que não se acostumou com os modos que o tempo carregou junto a nós. Somos talamaurs, assim que fazemos as coisas. Por mais que vocês, Hyuuga, se digam melhores, na verdade não são muito diferentes de nenhum outro clã. Assassinam tanto quanto nó...

— Eu já entendi — ela o interrompeu, sem graça. — Sei que nossos costumes não mudaram muito com o tempo, mas eu ainda espero que um dia as coisas sejam diferentes. Agora, por favor, anda logo. Precisamos sair o mais depressa possível.

Hinata foi para perto da janela, fazendo um discreto aceno para que Ino fosse até ela. Todos que estavam ali reunidos em seu quarto já foram parceiros de Hinata em alguma situação e todos já tinham estudado juntos. O tempo fora cruel com todos eles, afastando-os de um jeito que Hinata não conseguia compreender. Eram parte de uma grande aliança, estavam sempre por perto, mas quase nunca tinham tempo para falar um com os outros.

A Hyuuga acabou por se lamentar ao saber que nenhum Koori poderia participar da missão. Sabia que agora eles estavam sendo severamente investigados, mas também tinha certeza de que nem todos os talamaurs desse clã poderiam ser responsabilizados pela falha dos líderes que tiveram.

Ino se aproximou, escorando-se no parapeito da janela estreita.

— Achei que fosse sair para se alimentar junto aos Akimichi — disse Hinata.

— Não se preocupe, ainda estou bem. Tenho mais uma semana para me alimentar e vou ficar com vocês como um reforço. — Suspirou. — Estou feliz que você esteja de volta ao conselho, mas...

— O que foi? — questionou Hinata, vendo aflição nos olhos da amiga.

— Você não pertence à mesma geração dos demais conselheiros, precisa entender isso.

— Do que está falando?

— Você será a próxima líder suprema se tudo der certo, e eu sei que vai. Sendo assim, precisa aprender a impor o que você pensa também, sua visão das coisas. Hina... não pode abaixar a cabeça para tudo, senão eles vão pisar em você. Sabe que sim.

— É... acontece que não sei bem como mudar. Você sabe, desde pequenas somos ensinadas a respeitar e respeitar... depois de crescer ouvindo que tentar contrariar um superior é algo terrível, se torna bem complicado tentar mudar.

— Eu sei, mas você precisa tentar. Os tempos são outros, as coisas estão completamente diferentes agora e quase ninguém mais concorda com esses conflitos que temos contra os Otsutsuki. Se alguém não se impor e mostrar isso para os demais líderes, nossa casa vai acabar se tornando um antro de traição.

Hinata já sabia daquilo, mas ainda não conseguia se ver batendo de frente com seu pai, ou com qualquer outro líder. Fazer e falar alguma coisa quando estava nervosa por algum motivo era fácil, mas se impor de cabeça fria era muito mais complicado.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora