O Vale dos Híbridos Gigantes

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Karin teve sua chance de se despedir antes da partida para a guerra. Já era alta madrugada quando ela e Sakura foram dispensadas por Tsunade. A velha mestra sempre fora cuidadosa e rigorosa com os ensinamentos e, desta vez, não fizera nada de diferente; todos os medicamentos, poções e materiais básicos de pronto atendimento foram verificados todos por ela mesma... e Sakura e Karin tiveram que ajudar.

— Essa é a nossa verdadeira espada — dissera-lhes. — As lâminas de aço servem para nos proteger apenas, mas estas coisas... elas protegerão os soldados, tantos quanto possível.

Curandeiras de fraco estabelecimento também participariam da guerra, mas Sakura e Karin eram as únicas com experiência suficiente para tratar feridos mais graves e, por isto, ficariam no meio da batalha.

Antes de entrar na sala do trono, depois de ter cruzado os corredores atarracados de donzelas, que misteriosamente mais se pareciam com prostitutas naquela noite, Karin suspirou. Se tivesse um outro jeito, gostaria que o rei não tivesse que ir à batalha, mas ele não poderia simplesmente ficar, ela sabia, e conhecia ele suficientemente bem para entender isso.

Assim que ela entrou pelas enormes portas duplas, Kakashi e Gaara fizeram um rápido cumprimento ao rei e os deixaram a sós. Itachi não parecia nem um pouco abalado com a partida que seguiria pela manhã. Até achou que os negros cabelos dele estavam mais brilhantes do que de costume, bem escovados, caindo sobre seu ombro revestido com a capa vermelha.

Karin ia se ajoelhar, quando o rei lhe tomou pelo cotovelo:

— Você não devia ir. Tinha que ficar aqui, no reino, junto com sua mestra — ele disse, soltando-a delicadamente em seguida.

— Que diferença faz? — ela disse, ofertando-o com um meio sorriso travesso em seguida. — O senhor meu rei vai para guerra, se eu ficar... — Suspirou. — Até sua mãe vai.

— Minha mãe é teimosa, não teria como impedi-la. Se a prendesse em seus aposentos, ela ainda assim daria um jeito de ir. Mas você, Karin... Por que está fazendo isso?

— Nós dois sabemos o motivo — ela jogou os curtos cabelos ruivos para o lado e apertou os olhos. — Estamos juramentados, Vossa Majestade, não se lembra? — ela brincou, fazendo uma falsa e desajeitada reverência.

— Estou falando sério. Tinha que ficar aqui e ajudar meu irmão a...

— ...destruir o reino?! — ela completou. — Sabe muito bem que se eu ficar é bem capaz que ele mande me prender só para ter certeza de que eu não vá o atormentar. Além do mais, só Sakura e eu somos médicas... de verdade. Tsunade precisa ficar no castelo. Ninguém tem dúvidas sobre a bravura dela, mas está velha. Não faça disso um motivo para chateação. Eu vou, eu preciso ir, e você precisa de mim. E se acontecer alguma coisa com você?

— Nada vai acontecer — ele disse em um ranger de dentes, subindo os degraus do trono e se sentando, Karin também subiu, mas se sentou no chão, aos pés dele, e apoiou a cabeça em seu colo. — Se acontecer, você vai ter que se proteger... Sasuke é meu irmão, mas vê a diplomacia como conversa fiada. Para ele é muito mais fácil resolver os problemas na ponta da faca. Por isso, já deixei tudo arranjado.

— Mas que conversa esquisita — ela disse nervosa, levantando a cabeça para olhá-lo. — Nada vai acontecer com você. Os soldados não vão deixar que te toquem e se chegar a acontecer... estarei lá para te ajudar.

Ele abriu um largo sorriso para ela, mas Karin continuava com uma careta amarga na face. Odiava quando ele ficava calculando probabilidades de erro, essa era uma tarefa para ela... e já tinha feito todos os cálculos em sua mente.

— Talvez você tenha razão... futura esposa — ele disse brincando... brincando demais para o gosto dela. Levantou-se do trono e fez com que ela ficasse de pé também. — Acho que não ficou tão contente quando Sakura se ajoelhou. — Ele Sabe, ela pensou. — Ela é uma garota boa, apesar de parecer não pensar muito em todos os ângulos das coisas... como meu irmão. Ainda bem que ela tem você por perto.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora