Ilusão

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Floresta Negra

Duas semanas haviam se passado e os talamaurs ainda trabalhavam de forma árdua para construir logo a nova moradia deles. Com as moedas falsificadas pelas fêmeas, Hiashi enviou um grupo de oito talamaurs do clã Inuzuka para comprarem, na Cidade de Ferro, o que eles não poderiam produzir por conta própria, até mesmo para poderem poupar tempo.

Infelizmente, enquanto exploravam pedras para a construção do castelo, alguns talamaurs acabaram morrendo com suas cabeças e corpos esmagados por um terrível deslizamento. Alguns apenas se machucaram, mas, como estavam todos muito bem-alimentados, logo se curaram. Eles deixaram os corpos dos mortos ao relento, um ao lado do outro, envoltos em mantas brancas e finas. Na noite seguinte, não restava mais nada dos cadáveres, que foram consumidos pelo sol. O ocorrido acabou abalando muito os Hyuuga e seus aliados, até porque o tempo de vida prolongado que os talamaurs tinham fazia com que todos, de todos os clãs, conhecessem-se.

A comoção foi geral, tiraram uma noite de folga para poder lamentar a perda dos treze mortos. O pior, para Hinata, era ver as viúvas que viveram por tanto tempo ao lado de seus maridos agora terem que chorar por um fim tão terrível e inesperado. Para eles, era completamente incomum a morte fora de uma batalha, quase improvável de acontecer, principalmente para os mais velhos.

Nessa noite de luto, nenhuma tocha ou lamparina foi acesa. Estavam todos no campo de construção, conversando, recordando-se dos mortos e de seus feitos em vida. Os dias e as noites já não estavam mais frescos como dias atrás, o calor era intenso e o céu estava limpo durante o dia e ainda mais estrelado durante a noite. As árvores estavam com as folhas firmes, com coloração mais forte, e animais andavam pela mata que cercava o local. Era como se toda a natureza quisesse mostrar respeito ao acontecido da noite anterior.

Sasori e Hinata se afastaram dos outros em busca de um pouco de silêncio. Toda aquela conversa já ficava cansativa, era notório o sofrimento da família dos falecidos, já estava passando do momento em que eles deveriam ter um pouco mais de privacidade para lamentar suas perdas da forma que quisessem. Alguns outros talamaurs também já se dispersavam, procurando um pouco de descanso mental, pois sabiam que a vida, numa época tão diferente da que estavam acostumados, seria difícil.

Hinata encontrava-se sentada no chão, usando uma pedra como apoio para as costas, e Sasori estava deitado com a cabeça recostada no colo dela. O relacionamento deles parecia ter voltado aos primórdios; conversavam mais, brincando com coisas corriqueiras e bobas.

Hinata realmente se empenhava para que eles se aprofundassem e se entregassem um ao outro como não haviam tido coragem de fazer durante o século em que ficaram juntos. Sasori parecia estar se deixando levar, ele sempre foi muito atencioso com ela e isso contribuía para que os esforços da talamaur não fossem em vão.

Ele estava empolgado, falando sobre a construção e de como os talamaurs que trabalhavam com ele estavam se divertindo, apesar de tudo. Sasori sorria enquanto falava, e Hinata afagava os cabelos dele, divertindo-se com o tom de voz descontraído de seu namorado e agradecendo pela pitada de humor no meio de toda aquela tragédia. De momentos em momentos, os olhos dos dois se encontravam e ela se sentia energizada com o brilho das íris marrons dele.

Estavam leves, como se nada do que passaram de ruim para ainda estarem vivos importasse. Todos os traumas das guerras e lutas que viveram agora pareciam distantes, como um sonho ruim. Hinata se sentia preparada para seu destino, entendia com mais clareza que, para um casamento dar certo, o esforço deveria ser diário. Não tinham combinado nada ainda sobre quando se uniriam, juntando seus clãs através da união matrimonial, mas não tinham pressa, contavam o tempo com cautela.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora