Temari ainda não conseguia acreditar no que tinha feito. Depois de tudo o que tinha ouvido no dia anterior sobre os talamaurs, Naruto e o que descobriu através do Bispo Hidan, ela ainda assim se preocupava mais por ter beijado Shikamaru. Como se o beijo não tivesse sido o suficiente para o seu peso na consciência, ela ainda o empurrou para longe quando deu por si do que havia feito. Não conseguia parar de imaginar o que ele estaria pensando dela agora, talvez a considerando infantil, ou até coisa pior. Uma conselheira, freira responsável, agindo daquele jeito era inaceitável em sua mente.
Estava há quase cinco minutos com a mão na maçaneta de sua porta, mas tinha tanto receio de vê-lo outra vez — coisa que sabia que não poderia evitar — que parecia que não conseguiria sair. Respirou fundo.
— Não seja idiota! Foi só um beijo. — Já havia dito essas palavra a si mesma inúmeras vezes desde que acordara. Tomou coragem e saiu do quarto.
Todos os moradores do Castelo Quatro Torres já se movimentavam freneticamente pelos corredores, a maioria já estava pronta para o memorial que seria feito ao falecido rei. Temari também tinha pensado em se vestir melhor para a ocasião, mas acabou desistindo e vestindo seu hábito. Não queria admitir, mas fez isso com a pretensão de se passar como despercebida, por conta de Shikamaru.
Entrou discretamente na sala de refeições. Todos estavam reunidos no Salão Maior, já que esperavam por visitas de nobres que moravam na cidade e o representante da Cidade Colossal, Gai. O conselheiro Jiraya não estava à mesa, tinha montado uma pequena equipe de busca para ver se conseguia encontrar Naruto, com a permissão do rei. Temari ficara a saber sobre isso através de uma das criadas do castelo, logo depois de ter acordado.
As notícias corriam facilmente pelo castelo e isso a fazia ter ainda mais receio do beijo que tinha dado em Shikamaru. Se sentou ao lado de Karin, suas bochechas estavam vermelhas, pois em sua mente todos estavam a encarando.
Seus olhos se encontraram com os de Shikamaru, que estava logo na outra ponta da mesa, e isso foi o suficiente para que ela não conseguisse comer nada além de uma fatia de melão e não trocar uma palavra sequer com suas amigas. Ao terminar, levantou-se em silêncio e saiu, ainda precisava ir na torre dos pombos para saber se tinha confirmação de todos que compareceriam ao memorial, para passar as informações a Kakashi.
Temari odiava ter que ir na torre oeste do castelo, era o lugar mais bagunçado de todos. Para chegar até lá ela tinha que atravessar uma curta plataforma, subir pela cozinha e então continuar subindo sem parar nunca, até que estivesse na parte mais alta do castelo. Era cansativo, mas não era por esse motivo que ela não gostava de ir até lá. Temari nunca chegou a conhecer sua mãe, que faleceu ao pegar uma pneumonia quando ela ainda era só um bebê. Até aonde a conselheira sabia, ela trabalhava na cozinha, fazia sobremesas deliciosas, e por isso seu pai adotivo a conhecia. Depois que descobriu isso, ter que ir na torre oeste se tornou uma tarefa não muito agradável, por isso ela sempre passava por lá quase correndo, como fazia agora, de cabeça baixa e passos largos.
Começou a subir a segunda escada, a mais alta, deixando o barulho de conversas, panelas e cacarejos de galinhas para trás, tentando lembrar de cor os nomes dos nobres que viriam para o memorial.
— Temari? — ofegante, Shikamaru a chamou. — Droga, odeio estas escadas! — Temari ficou congelada na parte mais alta. Por que ele tinha que ir atrás dela!? — Vai assim para o memorial? — questionou ele ao chegar no mesmo degrau que ela.
A garota estava vermelha.
— O que tem? Não me visto assim sempre?! — Tornou a andar pesadamente.
— Só estou perguntando — respondeu, desconcertado. — Por que saiu daquele jeito ontem?
Temari segurou firme no corrimão da terceira escada que começava a subir.
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A era dos Talamaurs
FanfictionOs vampiros são divididos em dois grupos e vivem em conflitos desde o início dos tempos. Eles vagueiam pela terra por séculos, sempre se esgueirando pelas sombras para conseguir seu alimento principal, mas eles também têm uma outra obstinação: desco...