A era dos Talamaurs

Luz no fim do túnel

Cortina de Ferro

Nuvens cinzas carregadas encobriam o céu da cidade dos homens. Pessoas paravam para observar os soldados que estavam alinhados na frente do Castelo Quatro torres, admirados e temerosos. Muitos ali tinham sido promovidos recentemente das tropas secundárias para as primárias e o rei já tinha providenciado reforço para a tropa de proteção da cidade, contratando mais quinhentos homens. Não era tanto quanto ele gostaria, mas já representava um começo.

Sete fileiras. Só tinha conseguido quinze mil homens e Orochimaru apenas disponibilizara a ele três mil soldados gigantes. Os números não eram bons, mas em compensação estava depositando todas as suas fichas nas armas de fogo que agora eram entregues aos soldados. Já sabiam como manejar pela pequena palestra que foi dada a eles no dia anterior, mas Sasuke queria ser cauteloso, preferindo que todas as armas fossem testadas e que os homens fossem treinados.

Duas grandes fazendas do Terceiro Círculo foram alugadas para poder fornecer os treinamentos e mais duas foram responsabilizadas com a alimentação dos homens. Ainda não tinha certeza de quando partiriam, mas queria estar pronto o quanto antes.

Sasuke se afastou da janela da sala do conselho. Dos ombros do rei, uma meia capa negra caía pesadamente, usava roupas simples, de couro fervido, estava sozinho e usava uma venda em um dos olhos, o que mais doía. Já estava começando a ficar preocupado com sua condição, mas Tsunade não conseguiu descobrir nenhuma causa provável para o que ele estava sentindo.

Inevitavelmente, acabou por se lembrar de Sakura. Ainda não conseguia compreender o motivo de ela não ter se dobrado. Tinha que ser irritante e cheia de si, pensando estar sempre acima de tudo e de todos, se tivesse sido mais humilde, se tivesse percebido como estava errada, ele poderia tê-la perdoado, mas ela era orgulhosa demais para se dizer errada.

Como se não bastasse toda a teimosia que aquela garota tinha, Sasuke não via outra alternativa a não ser a de ele acabar por ter que recorrer a ela. Não podia lutar com os olhos como estavam. Sakura tinha experiência com doenças diversas por ter vivido desde criança ao lado de avô e pais médicos e ajudado a tratar muitos doentes da cidade. Tinha pesquisado sobre a vida dela através de Jugo no dia que descobriu o que tinha acontecido com o conselheiro Kankuro na feira da cidade, e sabia sobre a reputação da família dela.

A bem da verdade, queria poder livrar logo todos os prisioneiros das mãos de Orochimaru, mas conquistar a confiança do gigante estava sendo mais complicado do que ele imaginava. Pensou que, quando a guerra fosse vencida pelos gigantes, Orochimaru faria um acordo com Itachi e tudo ficaria bem, como nunca fora antes, mas não conseguiu ver as verdadeiras ambições do híbrido gigante. E pensar em seu irmão era ainda mais difícil nessa situação toda, não conseguia imaginar como que o encararia outra vez. Chegara a tentar falar mais uma vez sobre isso com o agora intitulado "rei dos híbridos gigantes" sobre isso durante o jantar da noite passada.

— Ah, Sasukezinho, que isso? — ele questionara em tom de deboche, silvando como a cobra que era e bebericando um pouco de hidromel. — Já disse que seu irmão está bem. Não deveria, mas está. A verdade é que vocês, híbridos Uchiha, deveriam ter sido alvo do meu povo desde que o seu pai se levantou como rei. Na qualidade de híbridos, deveriam entender que somos seres vivos e inteligentes, assim como os humanos, mas nos deixaram...

— Eu sei, Orochimaru.

— Sabe? O que você acha que sabe? Escuta, Majestade, enquanto você estava vivendo como um príncipe aqui neste castelo enorme, meu povo e eu estávamos trabalhando para que você tivesse talheres decentes para comer. Estávamos no calor infernal da Cidade Colossal, trabalhando incansavelmente por um salário indigno. — Ele riu, afastando o prato que comia para longe. — Como dizia, seu irmão está sendo bem tratado. Se não tivesse mostrado seu interesse em nos ajudar, confesso que teria o matado e tomado Cortina de Ferro, mas não foi assim, não é? Você foi o primeiro a mostrar que nos via como seres tão humanos quantos os humanos de verdade e por consideração a isso mantive minha aliança com você e quem sabe um dia não liberto seu irmão em sinal de amizade.