— Corram o mais rápido possível — gritou Kakashi aos sobreviventes, de cima do cavalo, segurando Karin que permanecia desmaiada. — Só carreguem o necessário. Rock Lee, arranje um cavalo para Sakura, pegue sua irmã e Zabuza e protejam as carroças. Certifiquem-se de que os feridos cheguem vivos.
O gigante verde se certificou de encontrar um cavalo para Sakura, mas foi um pouco difícil conseguir chamar sua irmã adotiva e o outro gigante, que estavam bem mais à frente. Karin começou a acordar, resmungando palavras sem sentido enquanto despertava aos poucos.
— Itachi? — ela chamou, mas os olhos da ruiva se transformaram em um lago de tristeza ao ver que era o oficial general que a levava. — Ele está vivo?
— Até onde sei, sim. E acho que vai permanecer vivo. Sasuke é o rei por direito agora. Com ele as coisas serão bem diferentes... e Orochimaru vai querer se sentir seguro.
Karin levou a mão até as costas, percebendo que seu arco não estava mais junto a si. A arma tinha sido dada de presente a ela por Itachi, logo quando firmaram compromisso, e agora tinha ficado para trás... bem como ele.
Tinha temido que algo pudesse acontecer com o rei nessa guerra, mas jamais imaginaria que seria tão doloroso. Ele tinha razão. Disse que não me queria ao seu lado por medo de que algo desse errado e que tinha deixado tudo preparado para mim caso isso acontecesse, pensou entristecida. Devia ter insistido para ficar com ele, ter feito mais. Qualquer coisa.
O barulho da multidão de cavalos que seguia desembestada o caminho de volta parecia, estranhamente, como um balsamo para a alma de Karin. Naquele momento, vendo pessoas se ajudando enquanto fugiam derrotadas da terra dos gigantes, a médica percebeu que tinha deixado de lado muitas coisas para poder seguir seus próprios sentimentos. Ele é o meu noivo e esse é o meu povo, deveria ter servido mais. Deveria mesmo. Agarrou-se à crina do cavalo enquanto via Sakura, coberta de sangue, seguindo pouco mais à sua frente.
Pouco menos da metade dos soldados que tinham ido à guerra, agora retornava para casa. Muitos estavam com ferimentos graves, outros tão cansados que chegavam a desmaiar nas celas dos cavalos.
Depois de horas de cavalgada, no primeiro dia de fuga, Karin disse a Kakashi que precisava fazer xixi, mas quando desmontou o cavalo e se abaixou em uma moita, a única coisa que fez foi chorar. Quando retornou, com a cara sardenta vermelha como um tomate, ajudou Sakura a trocar algumas ataduras de uns soldados que eram carregados nas carroças e depois montou em um cavalo que o oficial general lhe arrumara.
Ela não disse palavra alguma, ninguém dizia nada além do necessário. Quem estava com sede pedia água, quem estava ferido gemia pelas dores, que eram intensificadas com a movimentação das carroças, quem perdia o cavalo para o cansaço pedia para montar com outra pessoa e quem tinha perdido alguém se corroía em silêncio, ouvindo os gritos dos outros.
Pouca comida tinha restado da viagem de ida, pouca água também. Kakashi organizou turnos de caçadores e mandou que batedores trouxessem água do rio que corria no meio da floresta, mas a caça não dava para todos, e quando a água chegou não saciou nem metade dos sobreviventes.
Karin não fez questão de comer nem beber, seus lábios estavam rachados, mas o luto pelo noivo vivo a fazia perder vontade de tudo. Kakashi tem razão; Sasuke será o rei agora, e como rei ele vai ser tão inflexível como sempre foi. Vai exigir o irmão de volta, ela pensou. Nem que outra guerra seja travada, Itachi será devolvido. Podemos fazer uma estratégia diferente... usar de armadilhas. Orochimaru vai se arrepender por ter tocado no rei.
— Precisa comer alguma coisa — Sakura disse.
Já era o terceiro dia e estavam bem próximos ao Muro de Ferro. Mais da metade dos feridos tinham morrido durante a viagem e sido jogados no meio do caminho. Alguns foram enterrados por conhecidos, mas depois que os conhecidos desses morreram não sobrou mais ninguém que quisesse enterrar alguém.
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A era dos Talamaurs
FanfictionOs vampiros são divididos em dois grupos e vivem em conflitos desde o início dos tempos. Eles vagueiam pela terra por séculos, sempre se esgueirando pelas sombras para conseguir seu alimento principal, mas eles também têm uma outra obstinação: desco...