O destruidor e regenerador

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Os ruídos do complexo eram os únicos sons presentes, e o corpo de Belial estremeceu quando aquela criatura abriu um sorriso de lua para ele.

— Um talamaur, não é? Eu sei que é — disse ela, a voz como uma melodia maliciosa.

Belial olhou para os lados, procurando toda e qualquer saída aberta daquele lugar, além da porta atrás dele.

— Impossível. Como você poderia saber isso?

Belial Kurama andou em direção ao ser misterioso, esticou o braço e o abanou de um lado para o outro, atravessando a criatura, que ondulava enquanto era transpassada por ele.

— Então... o que realmente é você? E como sabe sobre mim? — perguntou, recuando o braço rapidamente. Ela soltou uma gargalhada gutural.

— Você é muito esperto — ela disse, caminhando lentamente por entre a sala operacional. As telas dos computadores desligaram. — Eu descobri sobre você, sua raça, há pouco tempo. Na verdade, nunca imaginei que algo assim seria possível. Como conseguiram se esconder por tanto tempo? Existem muitos de vocês?

— Ei, espera! — ele interrompeu, levantando as mãos em gesto de pare! — Como assim descobriu sobre nós há pouco tempo? E... nossa, eu estou muito confuso aqui. Dá para me dizer logo quem você é?! Porque o que você é eu já imagino, apesar de ainda estar um pouco... cético.

— Já imagina? — ela questionou, aproximando-se mais uma vez. — O que pensa que sou?

— Uma inteligência artificial.

— Muito bem. Quase isso, mas... como adivinhou só de me olhar?

— Já trabalhei aqui, e em outras instalações parecidas — e posso provocar alucinações tão fortes que poderiam se manifestar assim, como você, como um holograma, ele pensou consigo mesmo. — Como você se chama?

— Essa, sim, é uma boa pergunta! Bom, um dos meus criadores me chamava de Shiva. Nunca gostei muito desse nome, mas acabei aceitando. E o seu nome, qual é?

— Belial. O que tem feito aqui esse tempo todo? Quem te criou? E quando?

— Belial... o anjo caído! Bom... Muitas perguntas. Também tenho várias a te fazer.

— Ótimo. Me conta como sabe sobre minha raça, que te falo o que quiser... mas depois vai ter que me contar quem te criou, e o que você quer, Shiva.

— Parece justo — ela disse, desaparecendo e instantaneamente reaparecendo no monitor maior da plataforma de vidro. — Tenho um informante no meio dos humanos. Foi assim que descobri. Agora é a sua vez.

— Ok! O que quer saber?

— Tudo.

— Não tenho como te falar tudo, mulher do chifre, não dá. Vai ter que se contentar com o que me lembrar. Bom... Não foi difícil para nós nos escondermos dos humanos. Possuímos aparente proximidade biológica. Mas nós nos alimentamos de sangue humano; mais precisamente, não só do sangue humano, também precisamos da alma deles. Por isso, quando nos alimentamos, eles morrem em seguida, sem nenhuma outra chance... a não ser...

— A não ser? — ela questionou.

— Na história dos talamaurs existe um registro de um humano que sobreviveu à mordida de um de nós. Por causa disso, nossa conexão com a natureza aumentou... de alguma forma. Então passamos a poder andar no sol. Só que depois que ele morreu, tivemos que voltar a nos esconder nas sombras. Por incrível que pareça, milênios depois, nessa era, um humano também sobreviveu.

— Então você pode caminhar no sol agora?

— Sim. Eu e qualquer talamaur.

— Entendo... interessante. Você disse que possuem uma conexão com a natureza...?

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora