Histórias

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A tarde chegou rapidamente. Sakura se mexia a todo momento, sempre olhando de soslaio para Itachi. O funeral do rei Fugaku estava sendo simples e rápido, mas os nobres do castelo aparentavam real abalo. Nenhuma palavra fora dita.

O rei não possuía religião, por isso a única coisa que fizeram foi deixar que todos o contemplassem mais uma vez, prestando suas homenagens no silêncio antes de colocá-lo na tumba real. Ainda não estava ornamentada, porque o memorial só aconteceria dali a dois dias, o que era um pouco estranho para os costumes, já que o memorial costumava ser feito no mesmo dia do enterro e o velório sempre durava três dias. Mas, diante das circunstancias, Sakura entendeu que aquela tinha sido a melhor decisão.

Itachi seria coroado rei, o que muito ajudaria para com o que ela tinha a dizer. Todos já saíam do cemitério, Karin permanecia agarrada ao braço do herdeiro, este, por sua vez, estava imóvel olhando para onde seu pai jazia. Kakashi também havia ficado no local, o que Sakura julgou ser muito bom: ele também precisava saber da verdade.

A multidão se agitava do lado de fora do cemitério. Todos queriam ver com os próprios olhos a morte do híbrido humano que era rei, alguns queriam prestar homenagem, mas a maioria queria se regozijar com o acontecido, contudo eram todos impedidos pelos guardas. Não sabiam eles que agora o governo não mais importava. As coisas ficariam piores, e Sakura, por ter noção disso, percebia que seu trabalho como espiã do reino não significava absolutamente nada.

Depois de muito tempo, quando o sol já baixava e nuvens cinzas começavam a cobrir o céu, Sakura se viu em privacidade, agora que no imenso mausoléu real só restavam ela, Kakashi, Itachi e Karin. A garota de cabelos rosas se desencostou da parede onde estava e seguiu trêmula em direção ao futuro rei, que mesmo percebendo a aproximação da moça não desviou o olhar para ela.

— Olá, Vossa Alteza — foi só o que conseguiu dizer.

Ele a olhou, depois para Karin. Já tinha visto as duas juntas inúmeras vezes. Curioso com o que acontecia, Kakashi se aproximou.

— Por favor, ouça o que ela tem para dizer — Karin pediu, submissa demais, nem parecia ela mesma.

— Deve ser muito importante para me abordar no túmulo de meu pai.

— Muito mais importante do Vossa Alteza que imagina — respondeu Sakura.

— O que quer dizer com isso? — Kakashi perguntou.

— Vou explicar.

Um vento soturno entrou no local, fazendo tremeluzir as chamas das tochas que estavam fixadas nas paredes.

— Ontem — ela começou — Naruto e eu entramos em conflito direto com um padre. — Olhou para Karin, iria omitir algumas coisas, pois sabia que precisava preservar seus amigos o máximo possível. — Esse padre fugiu e Naruto o seguiu. Eu fiquei com medo porque...

— Que padre? — Itachi interrompeu.

— Kakuzu — Ele fez que entendeu com a cabeça, e ela continuou: — ...Fiquei com medo porque já se fazia noite, então fui atrás deles. Mas temo que saí tarde demais. — Mordeu o lábio inferior, tentando buscar forças para poder continuar.

A garota tremia muito, Itachi percebia, por isso, compreendendo a importância da conversa, foi buscar cadeiras para que todos pudessem se sentar, juntamente com Kakashi.

Sasuke não acompanhou o funeral. Aquele havia sido um golpe muito cruel para ele. Sempre estivera em pé de guerra com o pai, mas a verdade era que tudo o que fazia era para agradar o rei, mas agora ele estava morto e Sasuke se sentia a pior das criaturas. Ficou andando pelo cemitério, olhando as simples lápides que estavam fincadas no meio da grama maltratada. Quando viu que todos já cruzavam os limites dos portões do cemitério, resolveu entrar no mausoléu, mas, quando ele chegou na porta, ouviu vozes.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora