A investida

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Hulda

Completaram-se exatos cinco meses e duas semanas desde que o despertar aconteceu. Belial estava se preparando para sua investida, ainda incerto sobre o real lado escolhido por sua amante, Fuuka, e seus subordinados se encontravam cientes do perigo e preparados para qualquer eventualidade.

Como o clã Otsutsuki não fazia questão de escolha de dias para se alimentarem, todo o clã Kurama estava forte o suficiente para o ataque, e Belial contava com a ajuda de Fuuka para que tudo desse certo. Caso contrário, teriam que fugir. Tentariam ao menos.

Belial ainda era muito inferior em força ao líder dos líderes, tinha apenas 8 séculos, o que lhe dava uma grande desvantagem de poder contra Toneri, que tinha quase seis séculos de vida a mais. Por isso temia tanto uma traição. A única coisa que poderia garantir sua vitória era Fuuka cumprir a parte dela no plano.

Do lado de fora do castelo — já com sua construção terminada —, um rapaz de olhos levemente puxados se encolhia em meio a um arbusto. O cheiro da mata invadia seu nariz bem afeiçoado e o vento que ia e vinha em intervalos pequenos de tempo sacudiam seus cabelos pretos. O murmurinho da natureza, que mais se parecia com uma música ensaiada pelos animais, ajudava a amenizar a tensão da eminente batalha. O dia começava a se apresentar, os raios de sol já se estendiam na parte traseira do castelo, e ele tinha que agir o quanto antes para não acabar sendo incinerado pelo calor que sua espécie não suportava.

Ele estendeu sua mão, quase tocando o chão, a palma virada para cima, e em seus pulsos grossas veias saltavam de sua pele extremamente pálida quando ele movia os dedos, chamando por seus pequenos bichinhos, que criou a partir de tinta e um pedaço de papel.

A habilidade de Sai era admirada por muitos, principalmente por ser uma técnica que, agora, apenas ele dominava. O talamaur não sabia quase nada sobre si mesmo, até seu nome foi dado por Toneri, quando o encontrou vagando em uma noite, com perda de memória. Ele foi entregue aos cuidados de Belial, a quem ele obedecia cegamente.

Vários camundongos pretos, que pareciam ter saído de desenhos animados antigos, começaram a subir pela mão de Sai. Eles seguiam pelo seu braço, causando uma pequena sensação de cócegas, e estacionavam por alguns segundos no ouvido do talamaur, depois deslizavam pelo outro lado até estarem no chão e, quando isso acontecia, eles simplesmente se desmanchavam, tornando-se borrões de tinta na terra marrom.

Quando todos os camundongos haviam se desfeito, Sai puxou da bermuda um pedaço de papel, caneta e tinta. Desenhou, com uma agilidade impressionante, um tigre e vários pássaros. Ao terminar, ele se levantou e se afastou, então sua habilidade se manifestou. Do papel que estava aberto no chão, a tinta parecia querer pular, como se estivesse rejeitando estar presa a uma folha. Primeiro uma unha surgiu, depois uma pata, então um joelho. O tigre se contorcia enquanto saía do plano representativo para se materializar no existencial. Acontecia o mesmo com os pássaros, uma asa de cada vez, até que todos os desenhos estivessem parados na frente de Sai, esperando pela ordem.

Ele balançou a cabeça positivamente, e os pássaros saíram em disparada, batendo suas asas com rapidez, indo avisar aos companheiros de Sai — de acordo com o que os camundongos tinham dito — que todos do castelo estavam distraídos, e que Toneri dormia. Ao tigre não foi preciso sinal. Sai começou a correr, o tigre o seguia de princípio, mas logo estava à sua frente.

Entraram no castelo, e o talamaur que servia de guarda para a porta principal foi pisoteado pelo animal que há pouco ganhara vida. Este foi de encontro a outro guarda antes que ele fizesse barulho e alarmasse a todos enquanto Sai usava uma das suas duas espadas que carregava nas costas para cortar a cabeça do primeiro guarda. Seguiram, abrindo caminho para uma possível fuga.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora