Trunfo

9 1 0
                                    

A última sessão do dia se prolongava de forma exaustiva.

— Não, Vossa Graça. Meu filho morreu ainda pequenininho. Eu mesmo que fui ajudar na guerra, minha mulher foi comigo. O problema é que quando cheguei em casa, descobri que tinha gente lá dentro — disse um humilde camponês ajoelhado, mal erguia os olhos para olhar para o rei, e quando o fazia, rapidamente abaixava a cabeça, temeroso.

— Conhece os invasores?

— Não, Vossa Majestade.

— Ouvimos falar que eram do Terceiro Círculo. Algum filho de um agricultor que se juntou com uns ladrõezinhos — a mulher do camponês respondeu, encolhendo-se ainda mais ao lado do marido.

Sasuke suspirou, cansado.

— Suigetsu, junte mais alguns guardas e acompanhe-os. Prenda os invasores e avalie os danos causados. — O soldado foi para o lado dos camponeses, mostrando seu típico sorriso de deboche, com a mão apoiada no botão da espada. — Agradeço por terem ajudado na guerra. O que faziam lá, forneciam comida e água?

— Não, Majestade. Carregamos corpos — disse o camponês.

— Entendo. Vamos providenciar comida para vocês até que se estabeleçam.

O casal abandonou a sala do trono em meio a inúmeros acenos de cabeça e vênias tortuosas. Sasuke tirou a pesada coroa da cabeça, levantando-se do trono e seguindo para a mesa dos conselheiros ao lado.

— Jiraya, Orochimaru já respondeu a carta que enviamos ontem?

— Sim, Vossa Graça — o homem respondeu sem olhar para o rei. — Disse que a produção das armas de fogo está indo conforme o combinado e perguntou se realmente acredita que essa tal nova raça que existe é realmente um perigo para nós.

— Estou com a carta — disse Kankuro, estendendo-a para o rei.

Sasuke soltou um tsc, devolvendo a carta para o conselheiro:

— Diga para ele que sim. Também confirme com ele a vinda a Cortina de Ferro com o carregamento o quanto antes e que já venha preparado. Podem se retirar. Menos você, Gaara.

Sasuke foi para uma das grandes janelas da sala, ficou observando por um tempo as pessoas que passavam nas ruas. Mulheres carregavam baldes, soldados patrulhavam e cavalheiros circulavam, deixando um rastro de bosta de cavalo por onde passavam. Gaara se aproximou.

— Aconteceu alguma coisa?

— Coisas acontecem o tempo todo, ruins, principalmente. — O rei tinha voz limpa e calma, apesar da rigidez com que se virou para olhar o conselheiro, reparando nas olheiras acentuadas pelos cabelos ruivos deste. — Não sei mais o que faço, Gaara. Olha só. Olha esse povo. Armei uma feira livre para eles, aumentei a segurança, estou reformando as casas e construindo novas para os moradores de rua. Estou fazendo o que rei nenhum tinha feito até hoje, mas eles ainda estão com medo de mim. Até vocês, conselheiros, estão.

— Existem motivos para isso, Majestade — Gaara disse sem se mostrar intimidado. — Mandou matar os fanáticos e deixou os corpos deles apodrecerem na frente das igrejas que frequentavam.

— Eram fanáticos. O povo vivia reclamando sobre eles, diziam ter medo e tudo o mais. Deveriam estar agradecidos.

— Talvez estivessem mais agradecidos se os tivesse prendido. Eles ficaram assustados. Muitos tinham acabado de retornar da guerra, a maioria, como Vossa Graça mesmo viu, encontrou a casa invadida ou revirada e roubada quando chegou. É o segundo rei que assume depois da morte do rei Fugaku, em um espaço de tempo extremamente curto. É muita coisa para eles e ainda é cedo para que vejam que está tentando ajudar.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora