Tormenta

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    A madrugada se arrastou. Os barulhos incessantes de pedras, serragem e metal eram torturantes para Ino. Os talamaurs conversavam, empolgados com a nova moradia que estavam construindo, enquanto ela só conseguia pensar em Deidara. Parecia uma doença.

Hinata sempre a avisou, dizendo que ela deveria prestar mais atenção nos objetivos que queria conquistar em vez de ficar analisando o comportamento dos que estavam à sua volta. Ela tentava, mas ver aquele homem tão lindo e tão triste quebrou seu coração. Já sabia como isso terminaria e entendia que não existia futuro nenhum em uma amizade com ele, mas o coração dela era teimoso e a estava corroendo aos poucos. Precisava vê-lo.

Evitou a todo custo não ir ao encontro dele nesses últimos dias, mas seu peito estava apertado e ela já não mais aguentava a inquietude de seus pensamentos, que sempre a levavam de volta para o sorriso dele. Talvez estivesse assim por ter ficado dormindo por tanto tempo, longe de tudo o que conhecia. E agora, com o mundo do jeito que estava, seu senso de compaixão provavelmente explodiu em seu peito, revelando sua verdadeira identidade. Não tem outra explicação, pensou.

Ino já não aguentava mais olhar para aquelas moedas. O trabalho não era difícil, mas exigia muita atenção, coisa que estava sendo complicada no momento, com tantos pensamentos rondando-a. Quando a madrugada chegou ao seu fim, sentiu-se aliviada, pois ao menos dormiria em paz.

Depois de um banho, entrou na caverna onde ela, seu pai e mais alguns integrantes do clã Yamanaka estavam ficando. Deitou, e o silêncio seria total não fosse uma goteira próximo ao local onde estava. Se virou de um lado para o outro, já se sentindo desanimada, estava com sono, cansada, mas não conseguia dormir. Deidara atormentava seus pensamentos como um fantasma, sussurrando as palavras ditas anteriormente nos ouvidos dela, deixando-a cada vez mais desconfortável.

Quando enfim conseguiu adormecer, já estava no meio da tarde, então logo teve de se levantar. Suas costas doíam, seus olhos ardiam e seu corpo estava mole, queria poder dormir um pouco mais, só que sabia que não conseguiria depois de ter acordado. Seu corpo colava de suor, o clima ainda estava fresco, mas sentia-se quente por causa de sua agitação. Foi até um lago ali perto, tomou um banho, arrependendo-se assim que entrou na água gelada, trocou sua roupa e logo foi de encontro aos demais talamaurs para realizar seu trabalho.

Hinata encontrava-se sentada de costas para a mesma árvore em que trabalharam na noite anterior. Ino cumprimentou a todos, foi muito bem recebida, mas resolveu ignorar o convite para entrar em uma conversa que acontecia.

O temporal foi forte, ele era sozinho, deficiente, sensível... Ele devia estar morto, afinal, morava em uma casa de pau-a-pique.

— Está triste outra vez? — Hinata sussurrou, sem tirar os olhos da moeda que raspava.

— Estou bem — mentiu, sentando-se ao lado dela.

— Ino! — Hinata protestou, olhando-a com ternura. — Se tem alguma coisa te incomodando, pode me falar. E se não quiser, por que não tenta resolver de algum jeito? Eu te cubro. — Ino abriu um pequeno sorriso. Ela queria resolver, fosse lá o que aquele sentimento em seu peito fosse.

— Eu vou demorar — ela sussurrou, olhando para os lados para ver se não eram observadas. Não sabia dizer se estava empolgada ou com medo.

— É algo sério?

— Não sei ao certo. Só me sinto... estranha.

— Entendo. Ino, precisamos dar um jeito em nossas vidas — Hinata disse sem graça.

— Sim. Precisamos.

Ino sentiu seu coração acelerar em seu peito, não sabia se estava fazendo o certo ao deixar seu trabalho para ir ver como um homem estava. Sabia que ele poderia recebê-la mal, já que ela simplesmente fugiu da casa dele, mas também tinha esperanças... Não compreendia quais esperanças tinha, na verdade. Era tudo muito mais complicado do que parecia.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora