A era dos Talamaurs

Manancial da Guarda

O elmo de Hinata era encimado pelo antigo símbolo Yin e Yang volteado por runas retas que nem mesmo ela sabia ao certo o significado. Fora o adorno, ele era todo em um tom de azul, quase negro, e pela viseira avistou o Manancial da Guarda.

O local estava completamente diferente da última vez que estivera ali, agora o lugar parecia menos sombrio, porém mais ameaçador. Do outro lado do campo com mato, os inimigos eram miniaturas de soldados em branco. Iluminando a escuridão da noite fria daquele jeito, com suas roupas quase santas, pareciam até angelicais.

— Tem certeza disso, Hinata? — questionou Ino, enquanto via Naruto seguindo para a organização que era feita.

— Meu pai quer que eu lidere, então vai ter que suportar minhas decisões.

Hinata ainda ficara por um longo tempo observando Naruto dormir quando acordou naquela manhã. O calor do corpo dele fizera com que ela tivesse, pela primeira vez, medo de verdade. A batalha que se seguiria à noite seria cruel, e ela não poderia prever o que aconteceria. Sobretudo, tinha medo de não mais conseguir viver o que começara a experimentar na noite anterior.

Como se a preocupação das mortes que estariam para acontecer já não fosse o suficiente, algo ardera no interior de Hinata. O cordão de Naruto estava lá, pendurado, para lembrá-la de seus pecados. A aliança de ouro de compromisso dele com uma humana reluzira quando os raios de sol o alcançaram. Ela levantara em um pulo.

— Oi — dissera Naruto, acordando um pouco assustado com o movimento dela. — Aconteceu alguma coisa?

— Naruto... — Ela voltou a se deitar, passando a mão no peito nu dele, até alcançar o anel e o erguer até ele.

— Não se preocupe com isso.

— Como não?

— Hinata — ele disse carinhosamente, segurando o rosto dela com as mãos —, o relacionamento que eu tinha nunca se passou e uma mentira.

— Como assim? Naruto... vocês... vocês...

— Ela nunca gostou de mim. Eu era muito mais infantil do que imaginava que poderia. A Sakura é uma pessoa especial para mim, mesmo antes de termos nos encontrado para acertar o nosso noivado, já sabia disso. Mas acontece que ela nunca me enxergou como nada além de um migo. Eu tentava fugir disso, tentava fingir, dizendo para mim mesmo que ela gostava, sim, de mim. Mas eu sempre soube que as coisas não eram assim.

— Não estou entendendo. Não mesmo. Achava que gostava dela.

— Eu gostava. É isso que estou tentando explicar. Gostava muito, mas ela sempre gostou do meu melhor amigo... estava na cara, sempre esteve, mas acho que nem mesmo ela queria admitir isso para si mesma. A Sakura é difícil! Não quero que se preocupe com isso. Demorei muito para enxergar que estava me metendo em uma confusão por pensar que poderia competir com o Sasuke... Mas você apareceu na minha vida, e agora eu entendo que amar não é só um desejo. É muito mais. Não imagina como é bom estar perto de você.

Então, naquele momento, o coração de Hinata parou. Lembrou da ligação e teve medo de que todas as palavras ditas por ele fossem apenas por conta do laço de sangue que os unia. O laço que fazia com que ela tivesse influência sobre ele, sobre as decisões que ele tomava.

Ela se sentou, mais séria:

— Naruto, meu pai e os outros líderes partirão mais cedo. Eles precisam sair antes de nós para encontrar um lugar ideal para observar a batalha de longe. Como Ino já deve ter te explicado durante seu treinamento, os líderes são os pilares, então precisam estar longe de tudo isso. Sem um cabeça, nosso exército desmorona. E o Líder Supremo quer que você vá com eles.