Sentimentos

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Floresta Negra

A tempestade passara havia alguns dias, mas o clima ainda estava frio o suficiente para Hinata se cobrir com uma manta feita de pele de cordeiro. A caverna onde estava era úmida, o que fazia a temperatura parecer ainda mais gélida. Seus olhos se abriam e fechavam lentamente; sentia-se cansada demais da noite anterior de trabalho e ainda não queria ter de levantar.

Sasori encontrava-se sentado aos pés dela, segurando um caderno com a capa de madeira em uma das mãos, fazendo suas anotações. Ele sempre manteve um diário como esse por perto, e Hinata o admirava por ele sempre escrever suas ideias, assim como os líderes faziam. Acreditava que isso era uma demonstração de como ele era organizado. Ela esticou-se sobre a cama, e ele fechou seu diário e o enfiou na lateral da calça, oferecendo-a um sorriso cúmplice, mas Hinata permaneceu séria, olhando cada traço do rosto dele. Já estavam juntos havia quase cem anos, só que sentia como se ainda não o conhecesse. Não o suficiente.

— O que foi?

— Eu ainda não entendo o motivo de estar comigo — sussurrou, e o sorriso dele se fechou completamente. Sasori balançou a cabeça em negação, passando a mão em seu próprio rosto e bufando baixo.

— Por que você insiste nesse assunto? Já conversamos sobre isso.

— Eu só queria entender. Por que é tão bom assim comigo, Sasori?

Ele abriu um curto sorriso lateral, levantou-se minimamente da cama e se sentou ao lado dela, como um pastor paciente.

— Eu já disse que acredito em você e que não quero explicações. Não me importa o motivo do que fez. — Ele segurou sua nuca com uma das mãos, acariciando-a o queixo com o polegar. — Você sabe... Os Koori possuem essa predisposição genética... — Suspirou, abaixando a cabeça. — Eu que deveria agradecer por você continuar do meu lado.

Hinata se lançou em direção a ele, abraçando o pescoço de Sasori com força. Seu corpo estava tenso por conta do início daquela conversa e se arrepiou com o frio que a invadiu, já que o cobertor só cobria suas pernas agora, enquanto ela estava vestida apenas por uma blusa branca de mangas curtas do namorado.

Não conseguia entender como ele podia ser tão bom para ela, havia a perdoado tão facilmente, sem nem mesmo cobrar explicações, e ainda se colocou em perigo ao defendê-la de Hiashi. Ela não entendia com exatidão qual era o sentimento que tinha por Sasori depois de todas essas décadas, mas sentia que não poderia ficar longe dele nunca mais, não depois de tudo o que ele fez.

Talvez aquele amor que ela sempre sonhou encontrar não existisse, e o único amor verdadeiro e forte o bastante para suportar tantos séculos, dificuldades e sofrimentos, fosse o amor construído. Aquele em que ambas as partes se empenhavam para conseguir superar os obstáculos, respeitando e driblando o destino. Era isso. Estava fadada a amar por tentativa e se empenharia durante todos os dias de sua vida para vê-lo feliz e senti-lo afagando suas costas com ternura e carinho, como fazia naquele momento.

— Se sente melhor?

— Sim. Hoje as mulheres vão reproduzir as moedas.

Ele assentiu, soltou-a e começou a se levantar.

— Precisarão prestar muita atenção, os unios possuem muitos detalhes, principalmente por conta dos símbolos religiosos — ele disse, colocando sua blusa de frio com o símbolo Koori estampado em seu peito esquerdo. Um floco de neve.

— Eu sei.

Sasori era o único de seu clã que não era capaz de manipular a água ou o gelo, mas, ainda assim, era muito respeitado pelos Koori, não só porque seu pai foi o líder do clã, mas também porque conquistou o espaço dele, sendo um habilidoso e sábio guerreiro. Ele herdou os poderes de sua mãe, e por conta disso era considerado um trunfo pelos Hyuuga, já que manipulava marionetes, assim como os Otsutsuki.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora