Alimentação

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Hinata respirava com dificuldade em meio a golfadas de sangue. Seu corpo tremulava em espasmos, tão frio quanto gelo, mas ainda assim suava. Os olhos marrons e sem vida de Sasori a encaravam com uma serenidade estranha. Tentara amá-lo por tanto tempo, acreditara com todas as forças que tinha em seu ser de que ele realmente se importava com ela, mas agora percebia que tudo o que vivera, todas as agonias que sofrera por ele foram em vão.

Escutou vozes, mas não conseguiu discernir o que se passava, os sons pareciam estar distantes demais. Suas pálpebras tremiam, mas ela se esforçava para tentar permanecer acordada. Seu coração fora torcido, quase arrancado do peito e agora temia que a pessoa responsável por a livrar da morte fosse um inimigo. Não suportou, desfaleceu.

Ino conseguira roupas novas. Agora estava com uma calça marrom que mal lhe cabia de apertada, uma jaqueta masculina e cabelos ensopados de suor por conta da força que seu corpo fraco usara para se curar. Ela ainda não tinha certeza sobre Belial, mas ele a salvara. Por mais que tentasse pensar do modo mais racional possível, não conseguia julgar ninguém pelo passado. Acreditava que uma boa ação poderia realmente significar que o Kurama possuía boas intenções, o grande problema é que ela também conhecia seu Líder Supremo o suficiente para saber que Belial não seria recebido de braços abertos, isso se ao menos conseguisse entrar no castelo. Mas ela disse que tentaria e iria fazer isso.

Ao chegarem no sul de Cortina de Ferro, eles tiveram que seguir pela parte mais afastada, para não correrem o risco de serem avistados por humanos enquanto corriam em alta velocidade.

Ino arregalou seus olhos quando avistou o corpo de Boku, começou a correr ainda mais rápido, avistando Dan e, na porta de uma casa, conseguiu distinguir Sasori caído pelas roupas que usava. Seu coração se apertou e um nó formou-se em sua garganta. Pulou o corpo de Sasori, quase pisando em sua cabeça sem querer, sendo seguida por Belial.

Um homem de cabelos pretos e uma estranha garota de cabelos rosas seguravam Hinata, um pelas pernas, a outra, pelos braços.

— O que estão fazendo? — gritou. Belial colocou a mão em seu ombro.

— Ela ainda está viva? — o Kurama perguntou, olhando para uma ruiva mal-encarada que estava sentada em uma cadeira de madeira, voltando-se depois para um loiro.

— Eu não sei. Acho que sim — a garota de cabelos rosas respondeu.

Acha? — questionou Ino. Soltou-se de Belial, pegou Hinata no colo como se não pesasse mais que dez quilos, carregando-a casa adentro.

Ino aproximou seu rosto de Hinata, sentindo a fraca respiração da amiga em sua bochecha. Tranquilizou-se. Colocou a Hyuuga de bruços em cima de uma cama de solteiro bagunçada. Respirou fundo. Hinata tinha costas estreitas, o buraco era muito grande, tomava quase tudo, e Ino conseguia ver o músculo do coração de Hinata se contrair vagarosamente. Ela quase morreu.

Belial continuou na sala, encarando os estranhos à sua frente.

— O que vamos fazer com ele? — a ruiva perguntou, apontando para um senhor corcunda que estava no chão.

A garota com cabelos rosas se aproximou, examinando o homem superficialmente.

— Não tem nada que possamos fazer.

— Mas... — disse o loiro.

— Sinto muito — a ruiva deu de ombros.

— Posso acabar com o sofrimento dele. Misericórdia... — disse Belial.

— Não! — o loiro protestou, ajeitando o senhor no chão em uma posição mais confortável. Belial não viu utilidade para aquele esforço e seguiu para onde Ino havia ido.

A era dos TalamaursOnde histórias criam vida. Descubra agora