42 - O retorno da inocente

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Mariana

Seis meses! Foram seis meses vivendo aqui na clínica, foram tempos difíceis de dores, sofrimentos, choros e o pior da abstinência terrível que tive graças a escassez total de drogas e bebidas. Tive muita ajuda, pensei muitas vezes em desistir, fugir e voltar ao vício mas com paciência e apoio dos excelentes profissionais daqui consegui permanecer firme com o objetivo de ficar longe dos vícios que me aprisionavam.

- Bom dia, Mariana, veio mais cedo para terapia, fico feliz por recebê-la, fique a vontade.

Marina é minha psicóloga, aqui tenho tratamento completo com atenção especial de psicóloga e de um médico, como também reuniões semanais para troca de experiências sobre os vícios que os internos adquiriram durante a vida, ouvi histórias triste de abuso, violência e perdas que outros tiveram por conta do vício mas como estão recuperando suas vidas como eu.

A música foi um ponto que me ajudou a reerguer depois de tudo que passei, aqui eles orientaram que deveria focar em algo que gosto muito portanto me dediquei a música, estudei mais e também voltei a tocar, aqui tem alguns instrumentos como piano, teclado e violão. A diretora percebeu minha habilidade de tocar todos os instrumentos e pediu para ensinar outros internos logo depois surgiu a proposta de lecionar como professora, foi tudo que precisava para permanecer aqui de vez.

Sou uma pessoa doente e terei que fazer acompanhamento pelo resto da vida, além disso, sei que o que houve entre mim, Nuno e Vinicius me transformou para sempre junto ao fato da perda do nosso filho e o vício, o melhor é ficar longe deles e de tudo que possa me desestabilizar emocionalmente, não consigo viver em sociedade pois sou a mesma de antes. Tudo que sinto por eles e os momentos terríveis que vivemos me mudaram totalmente.

- Hoje é o grande dia, Marina, vou levar os papéis do divórcio para Vinicius e rever minha família mas antes de ir queria conversar com você, estou ansiosa mas diferente das outras vezes não estou com vontade de beber ou usar drogas.

- Isso é ótimo, fico feliz de ouvir isso, quer dizer que o tratamento está surtindo o efeito desejável mas está pronta para rever seu ex marido depois de tantos meses?

Rever Vinícius e provavelmente Nuno não é fácil, hoje não me sinto culpada pelo que houve nem tampouco os culpo, meu vício veio em virtude do que passei com eles e por não procurar ajuda quando vi que estava fora de controle. Os abusos, violências e tudo que passei nesses últimos 16 anos mudaram minha vida drasticamente como também minha mente.

- Para ser sincera, vai ser difícil mas vou sobreviver, vai ser rápido, Marina, vou entregar os papéis assinados e ir embora para nunca mais vê-lo. Ele ainda causa um arrepio no corpo e sei que Nuno também tem o mesmo efeito. O melhor é ficar aqui onde estarei protegida deles e com o tempo melhore dessa síndrome terrível que desenvolve.

- Sua situação deve ser tratada sim, mas já percebi como fica quando falamos sobre a síndrome que desenvolveu, com o tempo e cuidados específicos, pode sim se curar! E os sonhos, continuam?

Infelizmente desenvolve uma síndrome conhecida como síndrome de Estocolmo, foi minha psicóloga que percebeu depois de várias sessões de terapia, esse problema é um estado psicológico em que a pessoa submetida a intimidação, medo, tensão e até mesmo agressões, passa a ter empatia e sentimento de amor e amizade por seu agressor. Quando entendi fiquei muito mal, como pude me apaixonar por Nuno e continuar amando Vinícius depois de tudo?

- Sim, cada vez mais sexuais e íntimos, acordo muito mal, me sentindo uma pervertida doente por sonhar com eles possuindo meu corpo e o pior é que gosto da sensação de estar com eles como se fosse bom. Marina, isso nunca vai parar?

Mariana Entre Dois Amores (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora