Cap. 62 "Abraço coletivo - Part. 1"

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― Como eles estão?

Eu pergunto em português ao tio Lucas, assim que o encontro ao chegar no hospital. O homem de cabelos escuros e olhos azuis, levanta a cabeça me encarando. Percebo as olheiras e os olhos vermelhos, de quem andou chorando.

― Você veio direto do voo para cá? ― é tudo que me pergunta.

― Sim. Como eles estão? ― volto a perguntar, sentando ao seu lado na sala de espera do hospital. ― Por que não está lá dentro com um deles?

― Não estão permitindo visitas na UTI. E sua mãe está no CTI. ― responde com a voz afetada.

― Então, Kaya está no UTI. ― respiro um pouco mais aliviado, mas ainda preocupado com a situação dos dois ― Por que não permitem que o visite?

― Pelo visto é algum tipo de protocolo que precisam seguir nesse hospital. ― diz, então me encara seriamente ― Mas acredito que esteja acontecendo alguma coisa da qual ainda não fomos informados totalmente. Não com o Kay e sua mãe, mas no geral. Desde o começo da semana tem tido muitos casos de surtos de uma gripe forte e muito contagiosa. Os hospitais estão ficando lotados com casos desse tipo.

― Eu me recordo de ter ouvido falar de uma gripe viral também quando estava na Coreia. ― comento ― Dois rapazes da empresa onde trabalho pegaram um resfriado brabo e um deles foi parar no hospital. Ficou internado e tudo mais. Ouvi dizer que houve outros casos parecidos espalhados pela cidade. Mas já tem mais do que duas semanas isso.

― As pessoas estão relatando sobre tosse e falta de ar na maioria das vezes, algo assim. ― tio Lucas deu de ombro.

― Deve ser isso. ― eu concluo, e ele me encara ― O motivo de não deixarem a entrada de visitas na UTI.

― Creio que sim. ― assente.

Suspiro, me encostando no acento da sala de espera do hospital. O voo podia ter sido tranquilo, mas eu dormi muito pouco durante a viagem e estou exausto.

― Você deve estar cansado, Jimin. ― Lucas percebe meu estado de espírito rapidamente ― Venha. Vou levá-lo para casa para que possa descansar um pouco. Eles não vão nos deixar vê-los mesmo. De qualquer forma, mais tarde a gente volta.

Eu não tendo condições de recusar, simplesmente assinto, levantando da cadeira desconfortável de plástico e o acompanho até o lado de fora do hospital. No estacionamento praticamente lotado, assim como o hospital, entramos em seu carro e vamos para casa.

Depois de tomar um banho quente e relaxante no chuveiro maravilhoso do banheiro, descanso um pouco no meu antigo quarto e desfiz as malas. Decido descer para fazer companhia ao meu padrasto. O encontro na sala de estar assistindo ao noticiário da Globo, uma rede de TV.

― O que estão dizendo aí? ― pergunto, me acomodando no sofá.

― Estão falando o de sempre. Só tragédia. ― suspirou mudando de canal.

― Falaram algo sobre a gripe?

― Sim, mas não muita coisa apenas relataram mais casos de pessoas pegando essa gripe estranha.

― Entendi.

― Quer comer alguma coisa? ― pergunta, desligando a TV e colocando o controle sobre o rack. ― Posso esquentar uma lasanha para nós, se quiser.

― Perfeito! ― sorrio fraco.

Vamos até a cozinha. Tio Lucas abre o frize tirando uma caixa de lasanha bolonhesa congelada, ele tira da caixa colocando a lasanha dentro do microondas e põem os minutos certos antes de apertar o botão. Já eu, pego a jarra de suco no armário e água gelada na geladeira para fazer o suco. Tio Lucas passa para mim o saquinho de Tang de maracujá. Faço o suco em poucos segundos.

Logo a lasanha está pronta, sentamos no balcão da cozinha para comer em total silêncio. Não temos muito o que conversar nesse momento. Durante o caminho para casa falamos sobre tudo que precisava ser dito e mais um pouco. Ele me contou que a cirurgia do Kaya foi bem sucedida e não houve nenhuma complicação durante nem pós-operatório. Já não era o caso da Omma, ela precisou ser operada novamente. Mas agora está estável desde que retornou da cirurgia de emergência, no caso a segunda cirurgia desde que deu entrada no hospital.

Estou terminando de lavar a louça, quando a campainha toca. Tio Lucas atende, e logo eu ouço a voz de Juny e S/n. Meu coração se aquece assim que ouço a vozinha da minha irmã gritando meu nome e os passos dela correndo até mim quando seu pai diz que eu estou na cozinha. Eu enxugo minhas mãos e a pego no colo assim que ela chega correndo.

― Que saudades, Minie! ― ela me abraça forte com seus bracinhos finos e pequenos.

― Eu também morri de saudades, princesa. ― digo, a apertando de volta.

Coloco Juny no chão, só para poder abraçar S/n, que também veio ao meu encontro na cozinha. Seu tio, está parado na entrada nos olhando.

― Senti sua falta, boy. ― ela me mostra um sorriso ao se afastar.

― Eu também senti, amiga. ― fungo de leve.

― A para... Se você chorar, eu choro também, cara. ― sua voz fica abafada, ao que seus olhos enchem d'água.

― Sem chororó, por favor, gente. ― tio Lucas pede, vindo abraçar nós dois.

― Eu quero abraço também. ― Juny choramingo do chão. Damos risada.

Pego Juny no colo e volto para o abarço coletivo da minha família.

Ou pelo menos, metade dela.

Namorando por Mensagens 2 {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora