[✓]𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐂𝐚𝐨𝐬 𝐞 𝐒𝐨𝐦𝐛𝐫𝐚𝐬| ᵃᶻʳᶦᵉˡ

Capítulo 47

NARRADOR

— Eu fui vendida ao herdeiro de Hybern após a morte da minha mãe, ele se chama Kieran — Serena falou sem enrolação — Eu não sabia nada sobre minha magia, mas ele sabia, sempre soube de tudo o que sou capaz de fazer e foi por isso que ele foi atrás de mim. Fiquei presa por mais de um década em seu castelo, ele me torturava para me deixar fraca e não poder usar minha magia contra ele — Ela apertou o braço da cadeira e cruzou as pernas arrumando a postura — Kieran descobriu um jeito de me controla, mas isso só seria possível se ele se casasse comigo.

Serena deu de ombros e estalou a língua.

— Eu fugi no dia do casamento e enquanto corria pela floresta, Azriel me encontrou e me levou para a Corte Noturna — Continuou sentindo o olhar dele queimar sobre si — Nesses dois meses, eu descobri tudo o que precisava saber sobre minha magia e também que a guerra acontecerá em cinco meses, que agora se tornaram três.

— Por que deveríamos acreditar em você? — Eris perguntou e Serena bufou já cansada daquela mesma pergunta.

— Deveriam acreditar em mim desde o momento em que comecei a falar sobre os planos de Kieran — Respondeu impaciente — Vocês tem que entender que se eu quisesse acabar com vocês, teria feito isso assim que descobri sobre minha magia, depois eu acabaria com Kieran e governaria Prythian — Ela os olhou como se aquilo fosse óbvio — Mas veja só, eu não fiz isso! Eu estou aqui disposta a lutar ao lado de vocês, disposta a acabar com o herdeiro de Hybern para que todos possam viver em paz. Se acham que o que aconteceu quando estavam no domínio de Amarantha traumatizou muitos... Não sabem o que vem por aí. Kieran é tão sádico quanto o pai, ele gosta do poder, gosta de ver o caos. Ele quer Prythian para ele, depois vai prender vocês igual Amarantha fez, irá escravizá-los e talvez matá-los após tomar suas Cortes e claro que as Terras Mortais não ficaram de fora... — Ela observou seus rostos — Então, se querem ficar sentados e observar Kieran massacrar seu povo, podem ter certeza de que quando isso acontecer, eu estarei aqui olhando nos olhos de cada um de vocês para dizer: “Eu avisei.”

— Entretanto, nada nos prova que essa suposta guerra esteja sendo causada por sua fuga — Tamlin falou cruzando os braços, Serena já estava perdendo a paciência.

— Essa guerra aconteceria com ou sem a minha fuga — Ela inclinou a cabeça em sua direção — Se eu não estivesse aqui, eu estaria sendo controlada por Kieran e vocês me veriam matar cada pessoa de Prythian e acabar com seus lares — Fez uma pausa — Vocês podem ignorar isso e ficarem sentados como se nada fosse acontecer ou... Lutar. Lutar para evitar o desastre que acontecerá logo após que Kieran estiver no controle. Lutar para salvar suas vidas.

— Entendo que nesse momento, confiança não é algo para ser doada livremente — Rhys falou e se mexeu desconfortável — Mas Prythian, está novamente diante de um inimigo, e se não quisermos esperar e sermos novamente massacrados, sugiro que deixemos as diferenças de lado por um momento e nos unirmos para enfrentar essa nova ameaça.

— Da qual, provavelmente, foi trazida por ela — Eris falou acusatório.

— Senhores, se não acreditam no que eu disse, permita-me mostrar — Serena falou e Eris soltou uma risada debochada.

— E como irá fazer isso? — Serena sorriu e seu olhos brilharam em um vermelho sangue, ela ouviu ouviu eles ofegarem de surpresa quando entrou na cabeça de todos que estavam sentados naquela mesa e permitiu que eles vissem. Vissem o que ela viu e ouviu enquanto estava no domínio de Kieran.

Quando Serena saiu de suas mentes, ela os encarou e um sorriso vulpino apareceu em seus lábios.

— Eu não vim aqui implorar pela ajuda dos senhores e entendo que não confiam uns nos outros desde os acontecimentos de Amarantha até a guerra contra o Rei Hybern, mas... — Ela fez uma pausa — Kieran irá atacá-los por estarem despreparados. Me escutem, tudo o que ele fizer será pior do que qualquer atrocidade que já tenham passado. O senhores precisam...

— Isso não é algo que possa ser respondido tão... Rapidamente — Helion a interrompeu e Serena trincou os dentes — Proponho que em dois dias todos tenham suas respostas, isso é tempo o suficiente para analisar mais as informações.

— Aceito — Disseram em uníssono e Serena abaixou a cabeça soltando uma risada fraca antes de erguer a cabeça e encarar Rhysand.

— É agora que vocês devem se preocupar sobre não terem tempo — Ela vociferou e se levantou antes mesmo que ele pudesse responder.

🌪️

Serena se sentou em um banco de mármore enquanto segurava uma rosa branca que havia encontrado no caminho. Ela estava se sentindo angustiada, a decisão que os grão-senhores tomaram foi imprudente, mesmo depois de ter mostrado, de ter dito o que Kieran iria fazer; eles continuaram com seu orgulho. Serena sentia uma sensação estranha, ela sentia que algo ruim aconteceria.

Um leve arrepio passou por sua espinha quando ela sentiu algo tocar sua mão, ela encarou a sombra se enroscar em seus dedos e seu coração acelerou ao perceber a presença de Azriel ali, sentado ao seu lado.

— Desde o momento que encontrei você e a levei para a Corte Noturna... Eu iria me aproximar — Ele começou a falar e Serena ergueu o olhar para encará-lo, mas Azriel olhava para frente — Rhysand estava receoso, estava... Com medo por nós, então ele me deu essa ordem, mas tudo o que houve entre a gente foi real, eu nunca tive a intenção de machucá-la — Serena não disse nada, então ele continuou — Aquele dia, depois do jantar, eu iria contar a você sobre isso, sobre nossa parceria e sobre eu estar apaixonado por você, mas nem tudo sai como planejamos e você descobriu por outro alguém, o que é bem pior.

— Azriel...

— Eu só queria saber por que... Por que dormir com ele? — Azriel a interrompeu e franziu o cenho — Você parece bem, parece estar feliz e... Eu tenho certeza de que isso é por causa dele! — Serena abriu a boca para dizer, mas ele continuou falando — Eu pensei que seria comigo... Eu achei que você queria que fosse comigo, então por que?

— Porque você me magoou! — Falou e seu lábio inferior tremeu — Eu não estou jogando isso na sua cara, Azriel, mas eu nunca tive pessoas verdadeiras ao meu lado, eu nunca tive ninguém ao meu lado e o que você fez me machucou e eu acho que machucou você também. Eu entendo que agora você esteja chateado por eu ter dormido com Lucien e talvez não me queira aqui já que meu cheiro deve estar sendo insuportável para você, mas eu não podia me isolar de tudo. O que aconteceu com Lucien foi algo... — Serena fez uma pausa e respirou fundo — Foi apenas uma experiência que eu nunca tive, nós não sentimos nada um pelo outro e isso não irá se repetir de novo... Eu desde o começo pensei que iria ter minha vez com você e tenho certeza que teria sido incrível, só que você errou e eu também, nós dois iremos aprender com nossos erros, mas... Eu só quero que você saiba que eu gosto de você, ainda sinto meu coração acelerar quando estou perto de você, é como se ele fosse sair do meu peito a qualquer momento e eu sei que eu irei te amar tanto que vai chegar a doer. O que eu disse aquele dia sobre você não me merecer é verdade, você precisa de alguém incrível o suficiente Az e não sou eu. Eu sou problemática e não mereço ter um parceiro igual a você...

Serena suspirou e hesitante tocou o rosto de Azriel.

— Mesmo depois de tudo isso... Você ainda tem e sempre terá meu coração em suas mãos Azriel, mesmo se não o quiser mais — Ela deixou um pequeno beijo em sua bochecha e se levantou. Azriel não a impediu, suas sombras tentaram puxa-lá, mas ele as deteu. O mestre-espião observou Serena se afastar e quando ela desapareceu, ele soltou sua respiração.

Azriel passou a mão no rosto e olhou para a rosa que Serena deixou em suas mãos, uma lágrima escorreu pelo seu rosto e caiu em cima da flor que pareceu murchar.

— Se você realmente a quer ao seu lado, diga a ela antes que seja tarde demais — Azriel encarou Helion que tinha o olhar perdido enquanto encarava o nada — Não perca a oportunidade de ficar com quem você ama sendo que os dois erraram. Acredite, você não irá gostar do resultado que tem depois.

O Grão-senhor o encarou antes de se virar e sair dali o deixando sozinho.