NARRADOR
Azriel observou Morrigan abrir uma garrafa de vinho com os dentes e cuspir a rolha no chão. Elain se encolheu com o som alto da rolha batendo contra a parede de ladrilhos e Azriel suspirou.
— Não me olhe assim. — Resmungou Mor enquanto tomava um longo gole direto da garrafa. Elain olhou para Azriel e implorou para que seus olhos a olhassem também. Ela sempre se sentia um pouco sobrecarregada com as necessidades alcoólicas espontâneas de Mor.
— Assim como? — Perguntou Azriel sem mover um músculo.
— Como se conhecesse todos meus erros. — Respondeu. — E aqui está frio, eu preciso de álcool para me manter aquecida.
— Posso encontrar alguém para te ajudar nisso. — Cassian sorriu para Morrigan enquanto entrava na cozinha, pegando o último pedaço de bolo.
— Eu te odeio. — Sussurrou Mor enquanto observava em agonia como o bolo era consumido pelo general.
— Não é minha culpa se sou mais rápido.
— Estou bebendo e precisava de um lanche.
— Seu nome está nele? — Cassian olhou para o pedaço de bolo, que Elain preparou esta manhã, com a testa franzida — Se estivesse, eu ainda comeria.
Revirando os olhos, mas com um pequeno sorriso no rosto, ela se virou.
— Vou ficar bêbado no sofá. Não diga a Rhys!
— Acho que ele vai descobrir de qualquer maneira. — Murmurou Elain e Cassian bufou.
— Ele definitivamente vai. Mor não é a melhor em cobrir seus rastros. — Com um sorriso malicioso, ele olhou para a rolha, com o formato dos dentes dela. Elain se levantou para limpar a cozinha quando ele saiu e suspirou olhando para Azriel.
— Sinto muito. — Ela murmurou quando ele moveu os braços para cima da bancada da cozinha. — Eu só preciso fazer algo.
Ela sorriu timidamente para ele e ficou vermelha. Suas sombras lhe disseram que o coração dela bateu um pouco mais rápido. Ele não reagiu.
Por mais que ele gostasse de Elain, ela não era para ele. Ela poderia ter sido. Ela era doce, suave e definitivamente não tão barulhenta quanto Morrigan. Elain era uma excelente padeira e uma jardineira muito talentosa. Depois de ser jogada no Caldeirão, ela ganhou uma sabedoria que ele só poderia apreciar.
Ela não era dele.
Lucien é seu parceiro. Mesmo que ela não tenha aceitado – e Azriel não tinha certeza se ela o faria – seria muito errado.
Ele sabia que ela sentia algo por ele. Suas sombras disseram, elas sempre diziam. Mesmo que suas sombras tentassem se esconder atrás dele sempre que Elain estava por perto. Como se não fosse certo lê-la tanto. Mas estava errado. Ela tinha um companheiro nesta cidade que seria perfeito para ela, se ela quisesse.
Elain, ainda corando, foi até a pia para lavar alguns pratos. Azriel tomou um gole de café em silêncio e ficou ouvindo a discussão que Mor e Cass estavam tendo na sala de estar. Ele estava rindo e ela estava furiosa, provavelmente com a garrafa de vinho na mão.
Azriel afastou suas grandes asas enquanto Elain se afastava dos balcões, olhando para as flores no vaso atrás dele. Elain já havia tentado tocar suas asas antes. Ele nunca queria que isso acontecesse novamente. Exceto por seus irmãos quando ele foi ferido, ninguém nunca tocou suas asas.
Ele estava com medo de que algo acontecesse. Ele odiava o tremor que isso lhe dava, as sensações de intensidade fluindo em suas veias.
Ela só queria saber como eles se sentiam, Elain disse a ele meses atrás. Ele estava com medo de que ela chorasse porque parecia bravo com ela. Elain compensou fazendo um bolo no formato de uma asa para ele.
— Azriel? — Sua voz suave o fez acordar de seus pensamentos. Ele se virou com cuidado, para que suas asas não tocassem um único objeto. Suas sombras giravam em torno de suas pernas e ele tentava mantê-las dentro. Elas eram maiores, mais escuras hoje em dia.
— Sim? — Sua voz era tão suave quanto a dela.
Brincando com os dedos, Elain encontrou coragem para perguntar a ele.
— Você gostaria de vir comigo esta tarde?
Ele não respondeu. Ele esperou por mais. Ir aonde? Aparentemente Elain não entendeu seu silêncio por um momento, mas então percebeu.
— Para ir ao apartamento de Amren? Eu emprestei a ela um quebra-cabeça e ela o terminou. E trouxe algumas flores para Nestha. Para que ela possa ter um pouco de cor nestes dias frios — Ela olhou para as flores atrás dela — Estas são as últimas da temporada — Em sua cabeça, Azriel pensava nas coisas que precisava fazer. Mas então ele percebeu que agora havia mais paz no mundo do que antes, sua agenda tornou-se bastante escassa do que cheia de afazeres.
Mas ele não poderia ir, não queria alimentar aquilo que Elain sentia. Para Azriel seria só uma ida rápida até a casa de Amren mas ele sabia que para Elain o seu "sim" significaria muita coisa.
— Eu não posso — Ele disse rapidamente vendo os olhos da garota baixarem — Me desculpe, Elain. Tenho algumas coisas para resolver, elas são importantes, não posso adiá-las...
— Tudo bem, eu entendo — Ela o responde — Nos vemos depois então?
— Claro — Elain sorri e Azriel sai da cozinha.
O mestre-espião não gostava de mentir para Elain, mas quanto mais próximos eles ficavam, a probabilidade de Elain gostar cada vez mais de Azriel eram altas.
Ao sair da Casa do Vento, Azriel saltou batendo suas asas voando para qualquer lugar longe dali
🎨 @mftfernandez
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[✓]𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐂𝐚𝐨𝐬 𝐞 𝐒𝐨𝐦𝐛𝐫𝐚𝐬| ᵃᶻʳᶦᵉˡ
Fantasy𝐀𝐧𝐠𝐞𝐥 𝐨𝐟 𝐂𝐡𝐚𝐨𝐬| ❝Antes de você eu estava submersa, me afogando em um mar infinito, e você, você me salvou.❞ Anos se passaram desde a guerra contra Hyrben, mas e se o rei tivesse um herdeiro? E esse herdeiro estivesse planejando uma guerr...