Capítulo 4

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Chego ao meu andar, determinada em ir direto à sala de Louise, precisava contar sobre minha conversa com Charlotte na noite anterior. Entretanto, uma gritaria vinda da direção oposta à sala da minha parceira me faz parar.

Não consigo reconhecer de imediato a dona da voz histérica, mas pouco segundos depois identifico.

— Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito, sua velha imprestável?

Aproximo-me lentamente com a testa franzida de leve e os olhos um pouco arregalados.

— Eu não...

A voz da minha nova secretária soa baixo e constrangida, mas ela não consegue terminar a frase.

— Eu ainda não terminei de falar, então feche a matraca! — Uma revolta começa a tomar conta de mim e isso me faz andar mais depressa — Eu não me interesso se você está trabalhando para aquel...

— O que está acontecendo aqui? — Minha voz sai fria e um pouco autoritária.

Lina se vira com rapidez para mim, claramente assustada e um pouco constrangida por ter sido pega no flagra.

— Ah! O-oi, Ana Clara! — Abre um sorriso após gaguejar de leve e se aproxima de mim.

— Senhorita Bianchi! — Corrijo.

Ela para no lugar e me fita com os olhos em chamas. Ergo o uma sobrancelha e cruzo os braços.

— Eu fiz uma pergunta e aguardo a resposta.

Meus olhos cruzam rapidamente com os de Emma, mas ela desvia o olhar. Aquilo já estava me incomodando.

— A Emma estava me desrespeitando e...

— Isso não é verdade! — A senhora tenta se defender, porém Lina lança um olhar raivoso para ela, que abaixa a cabeça e fita o chão.

— Como estava dizendo, pedi que Emma viesse comigo, pois estava precisando de seus serviços rapidamente. Ele negou com rispidez e isso me enfureceu.

Volto minha atenção para minha secretária, que ainda fita o porcelanato frio.

— Isso é verdade, Emma?

A mulher de meia idade ergue o olhar e me encara com incerteza.

— Não exatamente, senhorita Bianchi.

— Então por gentileza, conte-me a sua versão.

Ela assente rápido, sem desviar o olhar do meu.

— Estava indo até sua sala, deixar os documentos que me pediu ontem, quando a senhorita Dixon me abordou mandando que eu a seguisse. Mas eu avise que não poderia ir, pois a senhorita chegaria a qualquer momento e precisaria de mim. Ela não gostou e reagiu com... — Olha nervosamente para Lina, que crispa os olhos.

— Com...? — Incentivo.

— Uma certa violência. — Sinto um dos meus olhos tremerem. Já tinha percebido esse jeito autoritário e superior da Lina, e isso não me agradou em nada. No entanto, ela acabara de transpassar o limite do que era "permitido".

— Violência? — Falo um pouco mais alto, chamando a atenção das duas para mim.

— Não houve violência! — Tenta se defender.

— Ela agarrou o braço da Emma com força, eu vi. — Uma pessoa, desconhecida por mim, disse do outro lado.

— Claro que....

Interrompo Lina.

— Já chega! — Pressiono as têmporas antes de continuar — Independentemente do que a Emma disse ou deixou de fazer, isso não te dá o direito de agir com violência ou desrespeito! — Aproximo-me dela — E isso não vale apenas para a minha secretária, mas para todos os funcionários desta empresa. Exijo respeito, pois aqui ninguém é superior a ninguém. Se outro episódio como este chegar aos meus ouvidos, tenha certeza que não terá que prestar contas a mim. Estamos entendidas, senhorita Dixon?

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora