Capítulo 42

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— Em... — minha voz sai como um sussurro.

— O que faz em casa? Ela não deveria estar na escola? — Roy olha da irmã para a avó.

— Sua irmã não se sentiu bem hoje, querido. — Charlotte responde com nervosismo.

— Quem está com Câncer? — Emily pergunta com a voz estridente.

Charly olha para mim com os olhos marejados, assim como os meus. Roy joga a cabeça para trás e solta um suspiro pesado. Os olhos da pequena encontram os meus, onde provavelmente descobre a resposta, já que dá as costas para nós e sai correndo.

— EM! — grito pela pequena e começo a subir a escada com pressa. O que não foi uma boa ideia.

— CLARA! — Roy corre em minha direção no momento em que perco o equilíbrio e quase não consigo segurar o guarda-corpo.

— Estou bem! — digo tentando me soltar dele.

— Não, vo...

— Eu disse que estou bem, Roy! — respondo com a voz embargada e um pouco rude. Solto meus braços dos seus e termino de subir a escada.

— Deixe as duas conversarem, querido. — escuto Charlotte falando com o neto antes de virar o corredor.

Chego ao quarto da pequena, onde a porta está fechada, mas de fora consigo ouvir o choro baixinho. Encosto a cabeça na madeira e fecho os olhos.

— Meu Deus, por favor me ajude nessa conversa. — juntando a pouca coragem que me resta, giro a maçaneta e entro no quarto.

Emily estava deitada de bruços na cama, com o rosto enterrado no travesseiro. Seu corpinho tremia por causa do choro compulsivo. Caminho devagar até a cama, onde sento assim que me aproximo.

— Meu amor, por favor não chore! — acaricio sua cabeleira loira. Ao sentir meu toque, Emily se levanta e me abraça com força, quase me jogando no chão.

— Você não pode me deixar também, Clarinha! Eu não posso perder mais uma mãe! — diz entre lágrimas de desespero.

Fecho os olhos e a envolvo com força. Pela primeira vez escuto de seus lábios tais palavras. Ao mesmo tempo que era gratificante, ser considerada uma mãe para a minha pequena, era desesperador, pois aumentava ainda mais o sentimento de culpa por fazê-la sofrer novamente.

O que eu diria?

— Por que Deus está agindo dessa forma? O que nossa família fez de errado? — nego com a cabeça antes de responde-la.

— Emily, — engulo o choro — Deus não tem culpa de nada, querida! E também não fizemos nada de errado.

— Mas Ele é poderoso! Ele comanda o universo, Clarinha! — afasta-se e me fita com os olhos vermelhos e brilhantes devido às lágrimas — Certamente Ele quem colocou essa doença em você! —fecha os olhinhos e questiona sôfrega — Deus, porque está sendo cruel com a gente novamente? — seus lábios tremem a medida que tenta controlar o choro.

— Em, por favor, preciso que você preste muita atenção no que irei falar, ok? — ela assente e me encara com dificuldade. A vontade que tenho é de toma-la em meu colo e protege-la de todo esse mal. Mas o que consigo, é enxugar minhas lágrimas e segurar seu rosto com carinho — O nosso Deus é bom, o tempo todo! Na dor, na alegria, na saúde, na doença, fazendo um milagre, ou não fazendo, Ele continua sendo Deus! Continua tendo todo o poder em Suas mãos. E não há absolutamente nada que foge do Seu controle! Nada!

— Mas não é justo! Você é filha dEle! Vive segundo a Sua palavra e se desvia do mal. — enxuga o nariz com a manga do casaco. Sorrio acariciando sua face.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora