Capítulo 7

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Sentia-me acolhida e muito bem recebida, assim como na minha antiga igreja em New York. Charlotte não parava de tagarelar com a esposa do pastor Johnny, Chloé, o quanto estava radiante por ter mais um neto ao lado dela, e que mal via a hora do seu querido Roy retornar.

Os dois, Johnny e Chloé, são americanos e não franceses, como eu imaginava. Segundo David, eles chegaram na França como missionários e foram consagrados a pastores pelos antigos líderes da congregação, antes do pastor presidente falecer.

Observava a movimentação na igreja, quando a voz grave do meu novo pastor me pega desprevenida.

— Como se sente, Ana? — Viro a tempo de ver o sorriso divertido em seus lábios.

— Muito feliz, pastor! — Digo com sinceridade.

— Que bom, isso é importante. — Enfia as mãos no bolso da calça e assente.

Ele era um senhor de cabelo grisalho, muito bem conservado por sinal, que aparentava ter entre sessenta e sessenta e cinco anos. Já sua esposa, aparentava ser ainda mais jovem, no entanto, as rugas na região dos olhos denunciavam sua idade um pouco avançada. Todavia, sua beleza é admirável e um tanto invejável.

— Como tem sido sua adaptação aqui na França? — Questiona com interesse. Automaticamente faço uma careta denunciando meu descontentamento. Ele ri — Não precisa responder. Já estive em seu lugar e sei como é difícil se adaptar aos franceses.

— Imagino que sim... — De relance olho para Charlotte e David, que segura Emily em seu colo — Mas Deus foi misericordioso e não me deixou desamparada — Sorrio.

O pastor segue meu olhar e concorda com a cabeça.

— É uma família especial e muito querida por nós. — Volta a atenção para mim — Inclusive o seu noivo, o Roy. Ele faz falta em nosso ministério de louvor e na juventude.

— Juventude? — Pergunto confusa. Roy nunca me falara que já tinha trabalhado com os jovens. Principalmente em seu pouco tempo de conversão.

— Ele começou a nos ajudar com a juventude quando os antigos líderes precisaram se mudar para outro país. Apesar de novo na fé, o trabalhar de Deus na vida do Roy foi bem rápido e profundo. Por pouco não o colocamos como líder da mocidade, mas segundo o próprio Deus, não havia chegado o tempo ainda. — Solta um suspiro — Logo na semana seguinte a vida do seu noivo virou do avesso, e creio que o resto você sabe.

Meneio a cabeça.

— Interessante. — Comento, mais para mim mesma.

— E você?

— O que tem eu? — Volto a encará-lo.

— Qual o seu ministério? De acordo com a carta enviada pelo seu antigo pastor, você fazia parte do ministério de coreografia da igreja.

Coço a cabeça com um certo nervosismo.

— Não diria que cheguei a participar do ministério de coreografia, mas os ajudei por um tempo. — Penso em como seria a melhor forma de dizer que não faço ideia de qual é o meu ministério — Eu quase me tornei uma bailarina profissional, mas por motivos pessoais não deu certo. — Dou de ombros — De qualquer forma, eu estava apenas ajudando o ministério de coreografia em um evento que ocorreu. Além do mais, eu nem cheguei a dançar com eles — Rio sem humor ao me recordar do motivo de não ter conseguido dançar, assim como a pequena Emily.

— Compreendo. — ele me fita por alguns instantes. — Vejo que não tem conhecimento de qual seja o seu ministério. — Pondera com cautela — Estou certo, Ana?

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora