Acordo com o estômago revirando em meu interior. Com rapidez, e um pouco de brutalidade, retiro o braço do meu esposo, que me envolvia, e levanto correndo da cama. Roy apenas resmunga algo inaudível e vira para o outro lado.
Ergo a tampa da privada e coloco tudo para fora. Um, duas, três vezes... Meus braços tremem ao tentar me apoiar no vaso sanitário. Sento-me no chão controlando a respiração desregulada. Fecho os olhos e apoio as costas e a cabeça na parede gelada. Alguns segundos se passam até que a respiração volte ao normal.
— Acho que os sintomas estão um pouquinho atrasados, querido. — toco meu ventre e sorrio de lado — Pelo menos quero acreditar que este seja um dos sintomas da gravidez, afinal de contas, faz parte do processo, não é verdade?!
Levanto-me, coloco a tampa do vaso no lugar e dou descarga. Vou até a bancada e me olho no espelho. Vejo as olheiras debaixo dos olhos e faço uma careta. Abro a torneira e lavo o rosto rapidamente. Da minha necessaire, retiro a escova de dente, pasta e enxaguante bucal. Faço minha higiene e volto para o quarto, sem um pingo de sono. Roy dorme tranquilamente, deve estar exausto por causa da viagem.
Resolvo pegar um copo de água de coco para me hidratar um pouco, já que coloquei a ultima refeição que fiz para fora. Visto o roupão antes de sair e desço a escada devagar. Surpreendo-me ao ver papai de costas para mim, olhando, através das portas de correr, a paisagem externa da casa.
Ponho uma mexa de cabelo atrás da orelha e me aproximo, ainda em silêncio.
— Pai? — toco seu ombro.
Seu Samuel se vira para mim, com uma expressão que nunca vira antes. Ele estava desolado. Em um movimento inesperado, ele me puxa para um abraço apertado, como costumava fazer comigo e com Sofia, toda vez que precisávamos de consolo.
Apoio a cabeça em seu peito e circulo sua cintura com os braços.
— Minha filhinha! — diz entre lágrimas — Me perdoe pela minha reação.
— Está tudo bem, papai! — digo alisando suas costas — Está tudo bem!
— Eu não estou sabendo lidar com isso agora, mas sei que Deus me ajudará. — me afasto com cuidado e ofereço um sorriso sincero.
— Sei como é. Ainda estou aprendendo a lidar com tudo isso. — aponto para o sofá com a cabeça — Vamos sentar.
Ele me segue e senta ao meu lado.
— Um filme passou mela minha cabeça, essa noite. — diz pensativo, fitando o quadro na parede da frente. Sorri nostálgico — Me lembrei do dia em que Viviane me contou sobre a sua gravidez. Foi um momento único e especial. Eu seria pai.
Coloco minhas pernas em cima do sofá, ficando de frente para ele, e apoio a lateral da cabeça no encosto acolchoado.
— Após algumas semanas, descobrimos que teríamos uma linda princesinha. — olha para mim com os olhos brilhando. Sorrio emocionada — Você chegou em nossas vidas em um momento caótico e totalmente improvável, Clara! Mas veio para nos trazer alegria e esperança.
— Nunca me contaram sobre isso. — digo com a testa franzida.
— Acho que nunca vimo necessidade de falar sobre esse assunto. Até hoje. — ele segura minhas mãos — Eu tinha sido demitido há pouco menos de dois meses. Sua mãe não trabalhava na época. A situação não estava nada boa. Eu enviava meu currículo para todas as empresas possíveis, mas não recebia nenhuma resposta positiva. Cheguei a me candidatar a outras vagas, fora da minha área de trabalho. Mas nada. As portas tinham sido fechadas, e não por mãos humanas. — suspira — Quando sua mãe me entregou o teste de gravidez, fiquei em choque, assustado e confesso que passei dias chorando escondido dela. Não queria preocupa-la mais do que já estava.
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𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]
Roman d'amourApós dizer "sim" à vontade de Deus e ser surpreendida por Sua bondade e misericórdia, mais uma vez, Ana Clara Bianchi passará por um novo processo de mudança. Novidades e desafios aguardam a jovem em Paris. No entanto, ela não imagina que esta nova...