Capítulo 5

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Chego à portaria do meu prédio após mais um dia exaustivo na empresa. Se eu achava que as últimas semanas estavam corridas e cansativas, é porque eu não tinha experimentado passar uma semana na Chanel sem a presenta de Louise, que viajara há sete dias. Tudo o que acontecia na área da alta costura precisava, primeiro, ser passado por mim para receber aprovação ou não. A minha atenção foi requerida para avaliações que iam desde a compra de um simples carretel de linha, à decisões de datas para eventos importantes.

Foi nessa semana que a minha ficha caiu, éramos apenas Louise e eu ocupando o cargo de estilistas principais da empresa, ela como diretora de eventos e eu, diretora criativa.

— Senhorita Bianchi, boa noite! Parece exausta.

Sorrio para o porteiro da noite.

— Boa noite, Alfonso! — Fiquei radiante quando consegui gravar o nome de todos os porteiros do prédio de Roy. Para mim isso significava um avanço enorme — E estou mesmo exausta.

— Espero que tenha uma excelente noite! — Alarga o sorriso revelando seus dentes amarelados em completo alinhamento.

— Eu também!

Aciono o elevador e o espero por longos minutos. Meu pé bate de forma irritadiça e repetitiva no chão do hall. Perco as contas de quantas vezes troco a bolsa de ombro.

Percebendo minha inquietação, Alfonso me alerta sobre um pequeno detalhe, que para mim poderia ter sido avisado assim que chegara.

— Senhorita Bianchi, esqueci de avisá-la que um novo morador chegou ao prédio, e neste momento está finalizando a mudança. — Olho para ele, que me oferece um sorriso amarelo — Por isso a demora.

— E por que não utilizou o elevador de serviço? — Quis saber.

Em meu estado normal, talvez não me irritaria tanto quanto agora, mas estava cansada, estressada, sem paciência e só queria chegar em casa.

— Tivemos um pequeno probleminha com o elevador de serviço esta tarde, mas já estamos resolvendo.

Solto um suspiro e troco a bolsa de lado mais uma vez. Estava prestes a dizer que subiria pela escada quando a porta do elevador se abre.

— Louvado seja Deus! — Murmuro e entro na caixa de aço.

Aceno, despedindo-me do porteiro enquanto as portas se fecham. Apoio a cabeça na lateral do elevador e fecho os olhos, esperando chegar ao meu destino. Em poucos segundos minha mente começa a viajar para lugares distantes, como a casa de praia dos meus pais em Búzios, pois era para lá que eu desejava ir neste exato momento.

As portas se abrem e eu volto à realidade. Saio do elevador procurando minhas chaves dentro da bolsa. Outra coisa que já teria feito antes mesmo de chegar ao meu andar, mas graças ao cansaço, não o fiz.

E por estar compenetrada em minha missão, não percebo a presença de duas figuras paradas em frente a minha porta. Quando meus olhos vão de encontro aos grandes orbes verdes, um som denunciando minha surpresa sai dos meus lábios.

— Pensamos que não chegaria mais! — Charlotte diz, achando graça da minha reação.

Sem pensar duas vezes, Emily corre ao meu encontro, envolvendo-me em seus pequenos braços.

— Clarinha! Estava sentindo tanto, tanto a sua falta! — O aperto em minha cintura confirmava a sinceridade das suas palavras.

Jogo a bolsa no chão e me abaixo, ficando em uma altura confortável para retribuir o abraço da minha pequena. Afago seu cabeço loiro e a trago para mais perto de mim.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora