Abro os olhos no momento em que a porta do quarto se fecha. Roy acabara de sair, provavelmente para conversar com Sofia. Viro de barriga para cima e fito o teto branco. Em meio aos pensamentos e preocupações, escuto a voz da minha irmã e o seu choro vindo do andar inferior. É inevitável pensar em qual seria a reação dos meus pais e do restante da minha família, mas principalmente de uma pessoinha.
Levanto devagar, visto um roupão e calço as pantufas. Caminho até a porta, quando estava prestes a abri-la um miado baixo chama minha atenção.
— Oi, bolinha! — Cookie se esfrega entre minhas pernas. Abaixo-me para pegá-lo e sinto uma pontada na cabeça — Ai! — resmungo — Acho que não vou poder ficar me abaixando para te pegar daqui para frente — acaricio seus pelos macios.
Abro a porta do quarto sem fazer barulho. O gato em meu colo solta um miado baixo.
— Shhh! — coloco o dedo na boca pedindo silêncio. Como se ele fosse me compreender.
Os ânimos lá embaixo já tinham diminuído, mas ainda podia ouvir a voz dos dois conversando. Cogito me aproximar da escada e ouvir a conversa. Porém opto pelo que já estava prestes a fazer.
Entro no quarto da pequena e sorrio ao sentir seu perfume. Fecho a porta atrás de mim e aproximo-me da estante onde estavam sua coleção de livros, Barbies e porta-retratos. Cookie começa a se mexer querendo descer, e eu o coloco em cima da poltrona de leitura.
— Como você irá reagir, querida? — meu coração se aperta só de imaginar — Eu sinto tanto em trazer mais dor e sofrimento. — sento em sua cama, tendo uma visão geral do quarto — Em compensação, espero que se alegre com a ideia de ter um sobrinho, ou um irmãozinho... — inevitável sorrir ao recordar das palavras de Jeanne quando achou que eu era sua mãe.
Toco meu ventre, completamente plano, e sinto as lágrimas brotando. Desta vez eram lágrimas de alegria.
— Eu sei que você ainda é bem pequenininho, — pela primeira vez, desde a descoberta da gravidez, falo com o meu bebê — mas como o seu papai disse, você já é muito amado e desejado! Uma descoberta maravilhosa em meio ao caos. — minhas mãos vão de uma extremidade da minha barriga a outra fazendo leves carícias — Foi Papai do céu que nos presenteou com a sua vida, e eu confio em Seu agir! Não temerei o futuro. — sorrio — Não fique com medo, tá bom? Estaremos aqui o tempo todo para te proteger. E já vou logo te avisando que o seu papai é bem protetor. — dou risada do meu próprio comentário — Nossa família é incrível, tenho certeza que todos irão te amar!
Respiro fundo, ainda com o sorriso nos lábios, e apoio a cabeça na cabeceira da cama de Emily.
Uns barulhos no corredor me faz levantar e caminhar até a porta. Encosto a orelha na madeira e escuto som de passos indo e voltando.
— Sofi... — sussurro e abro a porta com cautela.
Minha irmã estava parada em frente a porta do meu quarto. Sua mão toca a maçaneta, mas logo solta, desistindo da ideia de entrar. Prefiro acabar de uma vez com a angustia da coitada. E como confirmação, Cookie passa por mim, indo para o corredor.
— Sorella? — chamo. Na mesma hora ela se vira com os olhos arregalados.
Sem dizer nada, vem correndo em minha direção. Mas antes de me envolver em seus braços, segura minhas mãos.
— Eu sinto muito! — diz com a voz chorosa.
— Eu também! — sorrio sem mostrar os dentes. Então ela me abraça.
Ficamos assim por um bom tempo, até que a conduzo ao meu quarto. Estava precisando descansar mesmo.
— Sabe para onde o Roy foi? — pergunto deitando-me no espaço onde meu esposo costuma dormir.
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𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]
RomanceApós dizer "sim" à vontade de Deus e ser surpreendida por Sua bondade e misericórdia, mais uma vez, Ana Clara Bianchi passará por um novo processo de mudança. Novidades e desafios aguardam a jovem em Paris. No entanto, ela não imagina que esta nova...