Capítulo 17

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— Que saco! — Murmuro arremessando mais uma folha de papel amassada contra a porta do quarto.

O dia está perfeito, céu azul, o sol brilha com força no céu e o calor transmitido pelo mesmo aquece minha pele. Entretanto, parece que o contato com a natureza não está sendo suficiente para ativar o meu lado criativo.

Sentada na mesa da varanda, com dezenas de folhas e canetinhas coloridas espalhadas pela mesa, tento fazer alguns esboços do que deveria ser o meu vestido de noiva. Estou completamente atrasada e tenho plena consciência disso. Mas a verdade é que diante de tanta preocupação e coisas para serem resolvidas, acabei esquecendo do meu vestido.

Apesar de desejar me casar desde novinha, nunca fui o tipo de menina que planejava o casamento nos mínimos detalhes. E uma das coisas que não cheguei a imaginei ou planejei foi o bendito vestido.

— Tenha misericórdia, Senhor! Preciso urgente de inspiração!

Pego o iPad e pesquiso algumas referencias na tentativa de encontrar algo que me agrade. O que estava sendo difícil.

— Vejamos os tecidos... — falo comigo mesma enquanto navego nos sites de marcas da alta costura que admiro, dentre elas a Chanel — Renda, organza, cetim de seda, gazar de seda... NÃO! Nada disso!

Coloco-me de pé e bebo o restante da água que estava na garrafa em cima da mesa. Olho para a torre, agora iluminada pela luz natural do sol, e faço uma careta de revolta.

— Você não está ajudando em nada! — porém meu monólogo é interrompido pela campainha que toca de forma insistente no andar inferior.

Junto meu material rapidamente, pego a garrafa e volto para o quarto. Coloco tudo em cima da penteadeira e desço correndo.

— JÁ VAI! — grito começando a ficar irritada com tanta insistência. Não esperava ninguém.

Ou melhor, não me lembrava de estar esperando alguém.

— Dav? — franzo o cenho — O que faz aqui?

O mesmo abre um sorriso de deboche e me olha dos pés a cabeça.

— Parece que a coitada da Sofia vai ter que ficar plantada no aeroporto a espera da irmã.

— Oh, Deus! — tapo a boca com as mãos — Como pude esquecer da minha irmã?

— Estava me perguntando a mesma coisa. — David comenta achando graça do meu desespero.

— Não tem graça! — crispo o olhar em sua direção — Fique à vontade! Não irei demorar.

Subo a escada, correndo novamente.

Ontem à noite o Roy me ligou dizendo que não poderia ir ao aeroporto junto comigo para buscar a minha irmã devido uma reunião que surgiu de última hora na empresa. Porém o David me faria companhia.

Meia hora depois estamos na estranha, rumo ao aeroporto de Paris-Charles de Gaulle. Mando algumas mensagens para Sofia, mas ela não recebe nenhuma.

— Acho que ela ainda não chegou. — comento, mais para mim.

— Fique tranquila, AC, estamos dentro do horário. Passei em sua casa mais cedo. Caso algum imprevisto acontecesse na estrada teríamos tempo, mas parece que nem precisamos sair do apartamento para que algo acontecesse. — ri descaradamente.

Apenas reviro os olhos. Ele tem razão dessa vez. Apenas dessa vez.

— Falta quanto tempo? — pergunto impaciente, vinte minutos depois.

— Vinte e cinco minutos. — olha de soslaio para mim antes de voltar a prestar atenção no caminho.

— Por um acaso o Roy já te viu sem maquiagem? — pergunta alguns segundos depois.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora